quarta-feira, 19 de março de 2014

Opiniões sobre a oitava geração de videogames

1250 visualizações! Uau!

Então, achei que este seria um bom momento para dar as minhas opiniões sobre a oitava geração de videogames que acabam de ser lançados (XboxOne, PS4 e WiiU), ok?

Spoiler: não vale a pena comprar qualquer um desses no momento. O motivo é óbvio: só um idiota abriria mão de milhares de opções de jogos para pegar um console de uma dúzia de opções só para ter jogos “bonitinhos” (hardcore e idiota parecem ser sinônimos).

Vou começar pela opção mais idiota: XBOX ONE



O próprio nome já é motivo de chacota: várias pessoas do exterior já o chamam de Xboner (“boner” é uma gíria inglesa para “ereção”). Mas, falando sério, muita gente já a apelidou de Xbone (não é menos estúpido que Xbox One, mas é mais curto).

O pior do nome Xbone (vou chamar assim a partir de agora) é de que ele não tem consideração por seu passado ou pela condição artística dos videogames. Digo, já existia um Xbox One (se você considerar a lógica de Play Station One). Ele não tem considerações pelo passado, nem pelo 360, já que não será retrocompatível, ou seja, tudo que você tem no 360 irá pro lixo. E não estou falando só de você: uma parte da história da mídia vai ser extinta. Um atentado a arte. Imagina como foi descobrir que quase metade dos filmes feitos na história da humanidade foi destruída para sempre? Um desastre, não é?

Engraçado foi a justificativa para não ter a retrocompatibilidade: a de que quase ninguém jogava os jogos do Xbox original no 360. Óbvio que quase ninguém jogava: quase tudo era porcaria. Digo, tirando o Halo (que, em minha opinião, é uma porcaria), que outro exclusivo valeria a pena? Eu não estou dizendo para ignorar o Xbox original: toda obra de arte (mesmo que péssima arte) é importante para a humanidade.

Todos (os “grandes três” dos videogames) estão sabendo que o conceito de “máquina que só roda jogos” é algo ultrapassado. Só que tá difícil apontar (para eles) o que seria um futuro para consoles. O Xbone quer ser concorrente de uma SmarTV.

Preciso te dizer porque essa estratégia é imbecil? Digo, para ter uma Smartv (Xbone) seria preciso conectar a uma Smartv (tela) para funcionar, o que tornaria o Xbone obsoleto.

Na apresentação oficial, os apresentadores estavam preocupados em falar de TV, seriado, filmes, praticamente esquecendo que estão vendendo um console de videogames, e mesmo assim, os trailers de videogames eram quase todos em live-action. Todos nós sabemos como isso deu muito certo na época do Sega CD (ironia). Ou seja, os próprios vendedores estão com vergonha de vender o seu produto.

Todo mundo sabe que o que interessa no console são seus exclusivos, então eu vou falar (já que eles não falam). Tiro, corrida, tiro, esporte, tiro, guerra, tiro, testosterona, guerra... já falei em tiro? Tirando (haha) os jogos de esporte e corrida, os demais têm “atirar em algo” como mecânica principal. O Xbone está desesperado para conseguir um público-alvo que já tem. E tenta ser o mais “bolinha” possível.

Xbone não é apenas machista. É misógino. Em uma apresentação de um de seus jogos, eles convidaram a única mulher da equipe de desenvolvimento do jogo para demonstrar e, no meio da apresentação (ela estava perdendo), falaram uma “piada de estupro” para ela. MAS QUE PORRA É ESSA? E depois fica falando mal de Farmville e Candy Crush, de majoritário feminino. Francamente...

Infelizmente o Xbone vai conseguir, pelo menos, se sustentar: com o Halo de sempre e tendo as melhores versões de futuros Call of Duty e FIFA já são o suficiente para convencer alguns milhões de jogadores. Porém, não vai ter sucesso absoluto, já que seu público-alvo é bem reduzido e os custos de seus jogos são cada vez mais caros, a tendência é de que seja um suicídio a longo prazo.

Aqui no Brasil, é o console da oitava geração que mais vende disparadamente (pelo menos eu percebo isso). Isso se deve a dois fatores: SmarTVs não são realidade no Brasil ainda e o preço abusivo do PS4. Ou seja, estão vendendo mais pelo demérito do concorrente do que mérito próprio.

Falando em PLAYSTATION 4:



Nome menos idiota dos três para fazer sentido a progressão.

Como em Xbone, este também não terá retrocompatibilidade. Dessa vez, a “desculpa” é de que é muito “difícil” fazer isso. Isso é completamente idiota. É difícil, mas não é impossível. A “biblioteca” Playstation é um dos bens mais valiosos (senão o mais) da história do videogame. O risco vale totalmente a pena tomar.

Os jogos de PS1 introduziram milhares de pessoas a jogarem videogmes e fizeram com que isso não torne um hobby exclusivo para ultra-nerds e geeks (essas pessoas fazem parte do que é chamado de “Geração Playstation”). Os jogos de PS2 são conhecidos mundialmente por ter a maior variedade e qualidade de jogos. Quase todos os experientes no assunto afirmam que o PS2 foi o melhor console da história.

Bem, agora que já foi lançado (a merda foi feita), é melhor que lancem algum tipo de emulador no console que dê para rodar (seja download ou streaming) as versões anteriores de Playstation. Essa é a diferença entre ser “o melhor console da oitava geração” e “o melhor console da história”. Eu pensaria em pagar 4 mil por isso (ok, talvez um pouco menos que 4 mil eu começaria a pensar).

Falando no preço: A CULPA É TODA DA SONY. A Sony sabe que a classe média brasileira gosta de botar a culpa no governo em tudo (eu poderia repetir a piada da quina da mesa aqui). É só chutar um valor alto e culpar os impostos que está tudo bem. Com carro funciona a mesma coisa. O preço dos automóveis nunca cairão drasticamente porque as montadoras sabem que o carro vai ser comprado pelo alto valor. Quer saber o porque?

STATUS! Esse é o “Valor Brasil”. Os brasileiros têm mania de aproveitar as coisas mais pelo fato de as outras pessoas não conseguirem pagar do que realmente a coisa de que está aproveitando. Duvido que a elite brasileira viajaria para Paris se suas empregadas domésticas também forem para lá. Eles não estão lá para “ver a torre Eiffel” (ok, alguns até estão); estão lá para dizer as outras pessoas: eu fui, você não!

E é isso o que aconteceu no episódio do “gamer” que tirou a foto comprando o PS4 de R$4 mil: ele queria mostrar status. Chamá-lo de “idiota” por ter gasto o dinheiro é EXATAMENTE o que ele quer que você faça: ele quer sentir a sua “inveja” do status dele. Idiota? Sim. Mas esse tipo de pessoa merece ser ignorado por completo.

Todos (os “grandes três” dos videogames) estão sabendo que o conceito de “máquina que só roda jogos” é algo ultrapassado. Só que tá difícil apontar (para eles) o que seria um futuro para consoles. O PS4 quer ser concorrente do Facebook.

O irônico é que os exclusivos do PS3 eram conhecidos por serem sobre individualidade. Ok, você poderia argumentar que praticamente todo jogo é, em algum grau, sobre individualidade. Porém os do PS3 são um pouco mais evidentes, considerando que os exclusivos mais vendidos eram sobre um guerreiro espartano que derrotava deuses gregos sozinho e de um Danilo Gentili que se acha Indiana Jones que se mete no meio do mato para matar “não-brancos”.

Na apresentação oficial, os apresentadores falaram em criar uma nova “rede social” onde todos os jogadores estariam conectados e poderiam compartilhar com um só botão. Problema? TODOS os apresentadores eram homens brancos de 25-35 anos. Que “rede social” diversa, hein. Ok, posso dizer uma coisa para quem criou o botão de compartilhar?

VAI TOMAR NO ¢#!

Eu estou ciente que as pessoas estão cada vez mais conectadas e até mais dependentes das redes sociais. Porém, tem hora que é preciso parar (ex: avião, cinema, estudar, dormir). Outro fator que é importante também é que tem gente que gosta de jogar com amigos e gente que gosta de jogar sozinho, assim como tem gente que gosta de ler livros para ter um tempo sozinho ou quem gosta de ver filmes sozinho. Tem momentos que é preciso ficar um tempo sozinho.

Imagine que esteja jogando um de terror: seria uma completa quebra de imersão chegar uma notificação de um amigo numa hora dessas. Falando de quem estuda muito (medicina), eu preciso de tempo para estudar e eu precisava deixar o Facebook ligado, já que na minha faculdade, ninguém sabia o dia, hora e local da próxima aula(nem os próprios professores), que era notificado lá (algumas vezes em cima da hora). Era um porre estudar; imagina fazer qualquer outra coisa. O ponto que eu quero chegar é que, algumas vezes, rede social demais acaba incomodando.

Exclusivos? A grande maioria são sequências de franquias iniciadas na geração anterior e os outros têm jogabilidade muito semelhante a algum jogo de PS3. Fala-se em um apoio a jogos indies (aqueles que não dependem de grandes publicadoras para serem lançados) para tentar fazer um sucesso parecido com o Steam. Até onde ouvi falar, esse (indie) é o principal motivo da liderança mundial do PS4 na oitava geração, mas nada justifica os 4 mil.

Para concluir: o WII U



Não estou me referindo a uma onomatopeia de uma ambulância (eu poderia), mas dessa vez estou falando do console da Nintendo, o sucessor do Wii.

Todos (os “grandes três” dos videogames) estão sabendo que o conceito de “máquina que só roda jogos” é algo ultrapassado. Só que tá difícil apontar (para eles) o que seria um futuro para consoles.
O WiiU quer ser concorrente dos tablets/smartphones.

É a única das três que realmente conseguiu identificar, de fato, o principal concorrente dos consoles hoje em dia, principalmente porque tentou lançar um portátil; o 3DS (que só fez sucesso relançando os melhores jogos da década e com um corte maciço nos preços).Afinal de contas, para que ficar parado em um lugar para jogar se eu posso jogar em qualquer lugar?

Então, qual é a idéia da Nintendo em tentar competir com os tablets? Lançando um tablet como controle. É... pelo menos podemos dar o crédito por tentar fazer algo diferente. O motivo de não ser uma boa idéia é que o sistema ocular humano não funciona como a de um camaleão: não dá para focar em duas telas ao mesmo tempo. E, mesmo se tivesse algo importante na tela secundária, apertar o botão de inventário (que sempre existiu) é bem mais prático e gasta menos bateria.

O tablet só funcionaria em um tipo específico de jogo: o multiplayer offline (leia-se jogar com os amigos em casa). Nesse caso, é uma ótima idéia: a TV mostra o jogo e a tela do tablet mostra as informações particulares úteis para cada jogador. O problema é que isso quase não existe mais. As pessoas hoje preferem ficar jogando online.

O tablet também seria uma boa idéia em residências onde as pessoas de casa lutam para saber se vão jogar o assistir TV. Afinal de contas, é só passar para o jogo para a tela e continuar jogando enquanto a outra pessoa assiste TV. As duas pessoas ganhariam a situação.

WiiU é o único que é retrocompatível: não apenas com os jogos do Wii, mas com os controles também. A variedade de jogabilidade do WiiU é algo realmente que atraiu minha curiosidade no console: a opção de jogar ou com o tablet ou com o controle do Wii ou com o controle tradicional. Com uma variedade de jogabilidade, pode ser possível uma diversidade de jogos também.

O problema é que essa diversidade de jogos não vai existir. Os desenvolvedores estão “brigados” e se recusam a lançar algum jogo para algo da Nintendo. Todos vão achar que isso é uma “picuinha” dos “hardcore games” que não gostam do público-alvo do Wii (leia-se a família inteira) ou que a Nintendo é “infantil” demais, mas é preciso um contexto histórico para entender.

Na época da Super Nintendo, se você quisesse lançar um jogo para aquele console, era preciso seguir várias normas muito restritas da Nintendo era isso. Por um lado, é muito difícil você encontrar um jogo realmente ruim lançado para a Super Nintendo, por outro era uma enorme concentração de poder e uma baita restrição de liberdade criativa. Nintendo não gostava apenas de liderar o mercado: ela queria controlar a seu gosto. Não é a toa que a Nintendo demorou muito para adaptar aos CDs e queria tudo nos cartuchos (já que ela produzia os cartuchos).

Agora, em um mundo onde quase nada é exclusivo e o seu principal concorrente deixou de ser uma empresa de videogame que desenvolvia jogos defeituosos de um ouriço azul para duas empresas que não dependem exclusivamente de videogame, a dinâmica de poder mudou drasticamente e tudo que você precisa é de jogos que os desenvolvedores fazem para fornecer aos produtores de console. E os desenvolvedores que já trabalharam para Nintendo já sabem como é a situação lá dentro e não querem voltar lá.

Exclusivos? Um punhado. Você sabe como é a Nintendo; tendo que desenvolver (e dessa vez, depender) seus próprios jogos. Franquias não faltam: Mario, Zelda, Metroid, Pokémon, Kirby, etc... Com o adicional de seus jogos agora ter opção de jogar com personagens femininos. É isso mesmo: você sabe que a indústria de videogames está perdida quando a empresa de consoles menos machista é aquela que introduziu e popularizou o estereótipo da “princesa em perigo” na mídia (e não o abandona por motivos “nostálgicos”).

Bem, é isso aí pessoal! Se quiserem jogar algo, é melhor ficar por aí mesmo ou tentar algo no PC. Eu vou aproveitar o tempo e estudar mais um pouco. Mais um muito, para ser sincero.

Um comentário:

  1. Cris

    E eu aqui contente com meu 8bits.

    Quanto a isso de Status e "Valor Brasil", o brasileiro tem essa visão patética mesma de pagar para ter "exclusividade". Nada mais degradante.
    Como não sentir orgulho de ser um idiota? rs

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