quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Lucy é sobre inteligência



Antes de escrever sobre Lucy, eu preciso dizer uma coisa urgente (Ah, e SPOILERS em todo o texto):

Parem de ficar resmungando que a teoria do “usamos apenas 10% do nosso cérebro” é falsa! Não vejo uma pessoa sequer reclamando que uma picada de aranha radioativa na verdade daria câncer em vez de superpoderes ou de Godzilla não ser possível porque a gravidade da Terra não permitiria que uma criatura com aquele tamanho realmente exista.

Você sabe que o mito é falso, eu sei também e, quer saber? Todo mundo também sabe que é mentira isso. Até mesmo os próprios produtores do filme sabem que é mentira (vou falar mais tarde sobre isso). Para os curiosos de plantão, esse mito ficou popular quando picaretas ilusionistas como Uri Geller usavam essa desculpa para justificar as ilusões que eles faziam.

Ficções científicas são histórias onde se pegam uma premissa falsa e/ou que poderia ser real e criar todo o enredo em torno dessa premissa. É isso que torna ficção científica uma FICÇÃO.

Tirando esse elefante da sala, já posso dizer que Lucy é um filme muito mais inteligente do que você imagina ser; não pelas informações pseudocientíficas contidas nela, mas em sua temática. Lucy, na verdade, é sobre inteligência. Como um filme de ficção científica, Lucy também é uma subversão as histórias de superheróis.

Para início de conversa, o próprio título tem um motivo para estar lá: nome dado pela comunidade científica a um fóssil de um primata que, supostamente, seria o ancestral direto dos seres humanos de hoje. Apenas com essa informação já se pode deduzir que, só por não usar, por exemplo, “Eva” para essa situação mostra o quanto esse filme tem a tendência a glorificar os estudos científicos das escritas bíblicas, o que reforça o fato de a protagonista ter esse nome e ganhar superpoderes seria mais uma coincidência do que predestinação.

Outro fator importante está intimamente associado com a identidade Nerd. Muitas das pessoas que autointitulam nerds tem uma sensação de serem marginalizados pela sociedade por serem diferentes inteligentes. Professores e cientistas são pessimamente remunerados e tem muita pouca visibilidade enquanto atletas de futebol, basquete e outros esportes ganham fortunas e são idolatrados. Padres e bispos ganham milhões graças a ignorância da população em geral. Exemplos temos aos montes.

Ironicamente, são nas próprias histórias de super-heróis que esses estereótipos estão mais evidentes. A grande maioria dos super-heróis tem como sua principal virtude os dotes físicos e, quando são inteligentes, seus planos precisam de um mínimo de destreza física para serem executados; e em grande maioria das vezes os seus vilões têm como principal atributo a inteligência: os famosos “cientistas malucos”.

E Lucy é uma personagem superpoderosa exatamente porque é inteligente. A sua inteligência é a fonte de seus superpoderes e, por isso, que o cérebro é muito citado no filme. Essa mensagem se torna ainda mais evidente quando percebemos que seus vilões sempre acabam optando pelas alternativas mais previsíveis e idiotas para deter ela. Ninguém pensou em usar familiar como refém e/ou matar como retaliação e muito menos em explodir o local sem aviso prévio. Ou seja, o filme faz uma dicotomia Inteligência/Bem e Ignorância/Mal e, só por isso, já é digno de elogios.

A dicotomia foi demonstrado de uma forma explícita no filme quando ela decidiu armazenar todo seu conhecimento em um supercomputador e, quando foi questionada sobre a opção (leia-se: se os humanos não seriam gananciosos, insensíveis ou indignos do conhecimento a ser recebido), ela responde que é a ignorância que torna as pessoas assim.

Um outro estereótipo que cai por terra no filme é de que seres muito inteligentes seriam insensíveis, a ponto de serem facilmente vilanizáveis. Já escrevi antes que o termo Nerd foi popularizado em alguns seriados na década de 70 e serviam como bullying para pessoas que tinham algum grau de autismo, cujos sintomas do transtorno também envolviam dificuldade de socialização. No filme, a primeiríssima coisa que ela faz (além de fugir do cativeiro, óbvio) foi ligar para a mãe dela dizendo o quanto ela a ama, explicando de uma maneira extremamente bizarra para o público que as pessoas mais inteligentes são exatamente aquelas que são mais sentimentais.

Owwwwwwwwwwnnnnnnn...

Ah, e lembra quando o policial, impressionado com os feitos dela, disse que ele não se via como útil para Lucy e ela respondeu beijando-o e dizendo “Um lembrete”. Pois é. O “lembrete” dela é de que ele é apenas um interesse romântico dela. A questão é que, na imensa maioria das histórias de super-heróis, as namoradas/amantes do super-herói só está na história para servir de troféu interesse romântico para o herói. Percebe-se que quase nunca a namorada serve para ajudar o herói em sua aventura. Muito pelo contrário: na maioria das vezes o vilão sequestra a mocinha, servindo como um ato de intimidação para o super-herói em questão. Aqui, no seu maior ato de subversão das histórias de super-herói, o filme “apenas” inverte os gêneros para mostrar isso ao público.

Vocês poderiam até dizer que esse “lembrete” seria que ela poderia deduzir que no futuro iria precisar de uma cobertura policial, mas eu digo que não é plausível porque ela poderia muito bem ser multitarefada (dois computadores, lembra?) e, principalmente, ela não aprendeu a viajar no tempo para saber o futuro. Ainda. Como eu sei que ela ainda não sabia viajar no tempo a essa altura? Simples: antes de criar o supercomputador onde ela colocaria todo o seu conhecimento, ela explicou para os cientistas de lá que o tempo é a única medida absoluta e a matéria estava apenas “encenando” nesse palco.

Para a linguagem cinematográfica, o filme disse que o recurso do tempo será utilizado, já que como ela aprendeu a fazer literalmente qualquer coisa naquele momento, a próxima etapa lógica seria fazer qualquer coisa em outros momentos. Para a filosofia, ela praticamente citou Immanuel Kant. O problema de usar a filosofia de “tempo-espaço como um palco de teatro” é a de que já foi desmentido pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein, onde na verdade o tempo seria uma medida relativa (a luz seria a única medida absoluta) e é dependente da matéria; ou seja, sem matéria, não existiria tempo e não o contrário.

E você achando que o “10% do cérebro” fosse o único mito falso do filme... Tsc tsc...

E então, ela viaja no tempo em uma sequência a la Terrence Malick para, em segida, alcançar os 100% do potencial do cérebro. E o que acontece? Ela se torna onisciente, onipresente (a ponto de não precisar de um corpo) e onipotente (podendo manipular qualquer coisa). Ela se torna Deus.

E a grande moral dessa história é de que, com o poder da mente tudo é possível; o filme apenas apresentou essa moral da forma mais literal possível. E é por isso que o filme precisou se embasar no mito falso dos “10% do cérebro”.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Crítica: GRID Autosport



GRID Autosport (ou GRID 3) seria como um pedido de desculpas oficial da Codemasters pelo fracasso da versão anterior. Porém, como vimos em franquias como PES, FIFA, Call of Duty e Battlefield, é praticamente impossível criar um jogo AAA (blockbuster) em menos de um ano sem que o seu resultado seja quase idêntica ao antecessor. A questão é que o “pedido de desculpas” acabou sendo pior do que o erro a ser consertado.

O principal problema com o GRID 2 é de que o seu modo carreira não era cativante. O jogo utilizava um conceito de “fãs” e “likes” para medir artificialmente o seu sucesso no modo, onde cada vitória ou pódio você ganhava mais fãs. Esse conceito não funciona dentro da pista, pois a cada corrida parece ser quase idêntica a anterior, enquanto não funciona extra-pista porque, além do jogo te premiar com os mesmos números de fãs com os mesmos resultados, ampliando a sensação de deja-vu, não se tem uma noção clara do que é ser famoso localmente ou famoso mundialmente, já que os rivais sempre se repetem.

E então, como é que foi solucionado o problema do GRID 2? Simplesmente retirando o modo carreira. Pois é...

Ok, não foi retirado, mas não tem mais uma história no jogo. Você tem cinco classes de corrida (Turismo, Resistência, Monomotor, Tunados, e as de Rua) que tem apenas duas diferenças entre si: o tipo do carro e a regra para a classificação no grid de largada. Você joga esses modos até ganhar pontos de experiência o suficiente em cada classe para se classificar para o torneio GRID e ganhar. E repetir esse processo mais duas vezes.

Das classes citadas, a pior disparada é a de Tunados. Mais especificamente os duelos de Derrapagem (que, ÓBVIO, tinha que estar no jogo porque é algo que aborrecente que se acha descolado gosta hoje em dia). A cada mata-mata você corre uma rodada largando na frente e outra atrás, mas não há diferença alguma na pontuação da derrapagem em relação a sua posição na pista, abrindo precedente para não terminar a pista o mais rápido possível e de não fazer sentido correr duas vezes nas oitavas, quartas, semi e finais. Isso mesmo: o jogo te obriga a correr a MESMA PISTA POR OITO VEZES!

A classe de Rua talvez seja a menos chata, já que a posição de largada é o inverso da classificação geral do campeonato no momento, obrigando o jogador a fazer algumas ultrapassagens arriscadas em pistas estreitas se quiser terminar bem ou até mesmo ganhar o campeonato. A de Turismo é parecido com o de rua: classificar para definir o grid de largada da primeira rodada, enquanto a segunda rodada tem as posições inversas da primeira.

A de monomotor é, mecanicamente falando, um Ctrl+C Ctrl+V do jogo de Fórmula 1, curiosamente feita pela própria Codemasters; enquanto a de Resistência é um teste de paciência, já que resume a ficar por dez minutos correndo pela pista (recomendável colocar uma dificuldade que te permita ficar no meio do pelotão, o que torna menos chato lidar com os carros a sua frente e atrás de você).

Se a grande novidade do GRID foi a introdução de flashbacks para corrigir um eventual erro humano feito durante a corrida, GRID Autosport tentou inovar de novo colocando um comando de rádio no D-Pad, onde cada botão o radialista da equipe dava informações sobre o estado do carro, do objetivo dos patrocinadores e da posição do seu companheiro de equipe. O problema é que essas informações já estão na tela, o que torna essa “inovação” inútil. A não ser que você seja narcisista a ponto de mandá-lo falar que você está na primeira posição toda hora.

Falando no radialista, é incrível o vasto repertório de gafes cometidas por ele. É normal ouvir dele que o seu companheiro “bateu e perdeu uma posição” onde, na verdade, ele ganhou uma posição; além de também ser comum ele relatar que um mesmo piloto rodou três vezes na mesma corrida e, mesmo assim sua posição estar inalterada.

Outra inovação falha no jogo é a possibilidade de alterar na mentalidade de corrida do seu companheiro de equipe, mandando ele ser agressivo nas ultrapassagens ou ser cauteloso e manter a posição. O problema é que, na mentalidade defensiva o seu companheiro de equipe vai mais lento de uma forma geral, nem sequer tenta bloquear caminho, enquanto na agressiva ele corre bem mais rápido, tendo motivo nenhum para não colocar na mentalidade mais agressiva possível (a não ser, é claro, que você tenha medo que ele te passe).

Repetindo os erros da versão anterior, os rivais que você enfrenta e as equipes do jogo são sempre os mesmos durante todas as corridas, o que torna o jogo ainda mais repetitivo, como se não fosse satisfatório correr com apenas cinco métodos diferentes que tem várias semelhanças entre si. Pelo menos tem nomes femininos no grid de largada. Pelo menos isso.

Até mesmo para um simulador de corrida GRID Autosport não funciona direito: as melhorias do carro já são colocadas automaticamente, as opções de modificação do carro são limitadíssimas, a pintura do carro está intimamente ligada com a equipe que você escolheu e não existe uma opção de escolher se aceita ou não um patrocínio em específico; se escolheu um tem que vir com os seis dentro do pacote.

Jogar GRID Autosport é como tomar uma dose pesada de sedativo, capaz de drenar qualquer tipo de ansiedade, stress e de felicidade, capaz até mesmo de deixar o jogador em coma profundo caso fique exposto por várias horas.

domingo, 10 de agosto de 2014

FIFA 15 não terá times brasileiros. E daí?



A notícia de que a edição de 2015 do jogo eletrônico de futebol FIFA não terá times brasileiros e muito menos jogadores desses clubes deixou a comunidade gamer brasileira em uma situação de pânico apenas igualável com a declaração do preço do Playstation 4. E esse pânico se espalhou para também para a comunidade esportiva brasileira, sendo repercutida em jornais de esportes e lida por pessoas que não jogam videogame.

A demora em dar a minha opinião sobre o assunto está tanto no meu aumento da dedicação nos estudos e nos estágios quanto na minha apatia sobre a franquia. Eu já escrevi em um post dizendo que o uso de franquias anuais que lançam o mesmo jogo quase sem alterações (algumas vezes apenas mudando o número do título e a capa) é o que está denegrindo com a indústria de games, abrindo mão de ser uma arte e abraçando de vez o conceito de “produto”.

Resumindo para quem não entendeu: por que diabos você vai querer fazer um jogo novo, começando do zero, se a prática de lançar o mesmo jogo do ano passado com alterações quase desprezíveis te dá, não só mais lucro, como também mais receita?

Mas esse é um assunto que eu tenho que falar porque é de enorme relevância para a comunidade de games do Brasil. FIFA e PES (sua concorrente direta) são, disparadamente, os dois games mais vendidos do país, a ponto de seus desempenhos nas vendas tornarem uma metonímia de todo o mercado de games do Brasil. Quando algum vendedor de games fala que “as vendas estão boas”, eles estão falando especificamente de FIFA e PES, e vice-versa.

Ok então...

A desculpa oficial da EA (desenvolvedora do FIFA) é a de que ela não teria “segurança jurídica” sobre os direitos de imagem dos jogadores devido a “mudanças recentes” no futebol brasileiro. Essa declaração é estranha porque o futebol brasileiro extracampo é conhecido exatamente por ser extremamente conservador. Eu gostaria de saber exatamente qual foi essa mudança. E não, eu não acho que foi o Bom Senso FC porque nem todos os jogadores profissionais fazem parte do movimento ou sequer concorda com o movimento.

Por um outro lado, a Konami (desenvolvedora do PES, concorrente direta), afirma que a versão de 2015 de seu jogo terá times e jogadores da Série A brasileira e talvez da Série B também. Rumores dentro da empresa afirmam em um possível contrato de exclusividade dos clubes brasileiros com o PES, o que deixaria mais claro sobre a “mudança” do futebol brasileiro referida pela concorrente.

Com ou sem o contrato de exclusividade, uma coisa é certa: em 2015, clubes brasileiros estarão disponíveis para jogar exclusivamente no PES em games de console. Apesar de eu não gostar de exclusividade (porque toda exclusividade é, na verdade, uma excludência de outro), preciso deixar claro uma coisa para quem não conhece videogames: toda a indústria dos videogames gira em torno do conceito de exclusividade.

Pessoas compram Nintendo não por causa de seus controles ou de seus gráficos ou até pelo seu formato; pessoas compram Nintendo porque é a única maneira possível de se jogar Mario, Zelda, Metroid, Kirby, Pokémon e outros jogos da Nintendo. Pessoas compram Xbox para jogar Halo, Gears of War e o que tiver disponível na XBLA (Xbox live arcade). Pessoas compram Playstation para jogar God of War, Uncharted e o que tiver disponível na PSN (Playstation network). Acho que já deu para entender.

Eu até estou achando engraçado como que apenas agora as pessoas estão em estado de pânico percebendo que exclusividade é uma coisa que existe naturalmente no mundo dos videogames e que existiu desde sempre, servindo de sustentação da própria indústria.

Estou ciente de que o futuro dos videogames pode caminhar para uma plataforma multimídia que seja possível assistir TV, filmes, seriados e videogames de todos os tipos em uma só máquina e que pode ser utilizada em qualquer lugar a qualquer momento, mas o problema é de que ainda não vivemos nesse futuro e precisamos lidar com o que temos hoje, que é consumir aquele jogo que tem aquele elemento que você deseja e que os outros não tem.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Top 10 Filmes da Marvel



Com os Guardiões da Galáxia agora nos cinemas, temos tecnicamente 10 filmes feitos pelo estúdio da Marvel. Acho que está na hora de fazer a minha lista pessoal dos dez melhores filmes da Marvel. Sintam-se livres para concordar ou discordar:



10- Homem de Ferro 3

O Filme não funciona. Mesmo. São tantas falhas no roteiro que eu nem sei direito por onde começar.

Extremis não faz sentido: supostamente seria um vírus que dá ao portador fator de cura e o poder de cuspir fogo se conseguir suportar o vírus, caso contrário transforma o portador em uma bomba humana. Aí alguns deles se regeneram de uma explosão completa e outros não. E não se tem uma clareza do que realmente matam esses portadores. Ora um golpezinho resolve, mas outros conseguem sobreviver a feitos quase impossíveis.

O roteiro gosta de se desmentir a toda hora: Tony Stark diz que sua armadura foi reprogramada para ser compatível apenas com o DNA dele, mas vimos a Pepper Potts usar a armadura dele para fugir da emboscada quinze minutos antes da fala dele. Isso sem contar que uma das estratégias de derrotar o vilão era de colar a armadura nele e iniciar uma sequência de autodestruição.

E eu preciso dizer que o vilão sequestrou a Pepper (um clichê tão comum em videogames sendo reproduzido nos cinemas) e ameaçou a colocar uma substância nela que tem 50% de chance de torná-la indestrutível. E ela se torna. E o final se resume a ela “dar” esse superpoder para o Tony Stark só porque ele é o protagonista da história. AI MEU DEUS!

O “plot-twist” envolvendo o Mandarim era muito interessante, mas não foi o suficiente para tapar esses buracos no roteiro.



9- Homem de Ferro 2

Dentre os dez da lista, é o que tem a pior premissa. E também é o mais esquecível dentre eles. Vamos ser sinceros: esse filme foi feito só porque o primeiro foi um mega-sucesso e a Marvel sentiu necessidade de fazer mais um antes de os Vingadores.

Em teoria, é um filme que testaria se Tony Stark seria capaz de lutar em equipe. Na prática: um gigante trailer para os Vingadores.



8- O Incrível Hulk

O motivo de estar em uma posição tão baixa não está em um demérito desse filme, mas simplesmente porque eu prefiro a versão de Ang Lee.

Convenhamos, esse filme está para o de Ang Lee da mesma maneira que o Superman de Zack Snyder está para o de Bryan Synger: filmes autorais que exploram uma versão mais romantizada do personagem e explora outros potenciais para a história que foram imediatamente substituídos por versões de “pura pancadaria” porque os seus fãs adolescentes adoram ver a porrada rolar solta.



7- Thor: O Mundo Sombrio

Depois de estabelecido a existência de um universo com vários heróis e vilões, se torna inevitável a presença de alguns buracos no roteiro. Digo: você não acha que Tony Stark ficaria minimamente interessado sobre a enorme e misteriosa nave alienígena que pousou em Londres? Você realmente acharia que Thanos ficaria sentado em seu trono e se contentaria em ver um “elfozinho de merda” fazer o trabalho de destruir o Universo no lugar dele? E Bruce Banner não ficaria zangado de ser teletransportado de um lado para o outro?

Tirando todos esses problemas, o filme consegue ser muito engraçado, mas isso se deve mais a presença da Kat Dennings do que de algum mérito do roteirista ou do diretor.



6- Thor

Uma história tão simples e bobinha que é capaz de crianças de qualquer idade entender: o filho do rei achou que era predestinado e fez besteira; o pai pune retirando os poderes e o filho vai ter que “fazer por merecer” para conseguir os poderes de volta.

Estranho saber que vivemos em um mundo onde filmes sobre mitologia nórdica podem ser contadas para crianças enquanto filmes de carros que viram robôs são considerados como “adultos”.

Não apenas simples, mas também um filme eficiente, bonito, com boas doses de drama (sem exagero) e com boas atuações.

Eu estranhei uma coisa: Thor e Loki parecem trocar de personalidade durante o filme. Thor era mais pró-guerra enquanto Loki era mais cauteloso, enquanto no final Loki queria a guerra e Thor estava tentando evitar. Alguém mais notou isso?



5- Capitão América

Uma história bem “a moda antiga” para um personagem que é bem “a moda antiga”. É o filme perfeito para quem é fã do personagem dos quadrinhos. Só que tem um pequeno problema: eu não sou um fã do personagem. Talvez o motivo seja que o personagem tem AMÉRICA no nome. É um filme tecnicamente competente para ninguém colocar defeito.



4- Capitão América e o Soldado Invernal

Dos filmes da lista, é o que tem a melhor premissa. Convenhamos: Se o Capitão América é, basicamente, um Jason Bourne altruísta, porque não fazer um filme ao estilo “Identidade Bourne” e colocar o Capitão América no meio desse filme para ver como que ele reage diante das conspirações e das tramas de espionagem?

O filme consegue ser espetacularmente bem até descobrirmos que o problema da S.H.I.E.L.D. era que ela estava sendo ocupada internamente pela HYDRA, o que facilitaria tudo e eximia de culpa os norteamericanos. De novo, eu estava esperando o quê de um filme do Capitão AMÉRICA?



3- Os Vingadores

O filme é um dos maiores marcos da história do cinema. Não necessariamente em sua qualidade, mas em seu planejamento ambicioso de criar em seu “Universo Cinemático” uma continuidade com  protagonistas de quatro filmes completamente diferentes em estética e em temática.

Falar que o filme foi “sobre-availado” agora em uma época em que todo mundo que curtiu Guardiões da Galáxia estão falando isso soa inapropriado (porém correto). Mas não deixe de enganar: Vingadores também foi baita de um filme.

Importante notar que todas as virtudes e fraquezas desse filme reproduzem as virtudes e fraquezas de seu diretor: Joss Whedon. É um filme que tem uma boa interação entre os personagens, uma boa cinematografia, muito engraçado, empolgante e excitante, porém também é um filme que deixa a desejar em várias cenas de ação, como por exemplo a perseguição de automóvel e a luta entre Thor e Loki (como dói de ver aquilo) e em ausência de cenas dramáticas.



2- Guardiões da Galáxia

Eu não sei se está próximo do topo da minha lista porque eu acabei de assistir e eu ainda me lembro de várias cenas engraçadas do filme, mas eu posso dizer que é, sim, um filme muito bom. Antes que eu me esqueça: esse não é um filme de ação onde tem cenas engraçadas mas um filme de comédia que se passa em um ambiente de filme de ação.

Não é perfeito: os dramas dos personagens se repetem muito, Ronan é um vilão unidimensional e Gamora está mais para um recurso narrativo do que para personagem. Tudo detalhes que não vão atrapalhar a diversão.

Algum fã de Futurama lendo isso? Te digo uma coisa: esse filme é o mais próximo que você vai assistir na sua vida de um filme live-action de Futurama.

E finalmente...



1- Homem de Ferro

O motivo de tudo ter dado certo para a Marvel até agora. Todo bom plano é preciso ter uma boa base. E que base foi essa. O que faz esse filme se tornar tão icônico é a de que ele serve como uma catarse. Uma história de origem que não apenas é algo impactante para o personagem mas também para o público que assiste.

O grande segredo de Tony Stark ser um personagem carismático não está em seu humor sarcástico ou em ser um bilionário playboy mas pelo fato de ser criado para ser odiado e depois ser colocado em uma situação em que simpatizemos com ele.

Um bilionário cujas riquezas provém de uma indústria de armamento e que foi sequestrado por terroristas e aprendeu que a sua própria riqueza estava nas vendas dessas armas para o exterior financiando guerras é uma catarse que, não só mudaria a vida de Stark para sempre mas serve de ensinamento para o público que as guerras existem porque são lucrativas para a indústria armamentista.

E, além disso tudo, o principal vilão do filme ser do ramo bélico e tentar impedir Stark de fechar o setor de armas da indústria mostra o quanto é delicado a situação das guerras no mundo não apenas ficcionais como na vida real.

E o coração artificial de Tony serve como uma cicatriz eterna desse incidente. E removê-la no final do terceiro filme também remove tudo aquilo que o personagem representa. A partir de agora, o “Homem de Ferro” será um Wolverine que cospe fogo. Pena.



Então, é isso! Agora é só esperar para o próximo filme: A Era de Skynet Ultron.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Crítica: Watch_Dogs

Disponível para: PC, PS3, PS4, XBONE e X360 (Testada).



Dizer que Watch_Dogs não correspondeu as suas expectativas é constatar o óbvio já que, apesar de ser humanamente impossível fazer um jogo que seja jus ao seu pesadíssimo marketing, mostra que, caso faça sucesso comercial até o fim do ano do lançamento, este se dará mais pela falta de inovação do que pela presença dela. O mero uso do “hack como uma arma” aqui está mais para uma solução de um desafio de fazer um Assassin's Creed situado nos dias de hoje sem fazer com que se pareça com Hitman do que algo realmente inovador. E, sim: o “detector de perfis” aqui é, basicamente, o “olhos de águia” do Assassin's Creed.

O grande mimimi dos “gamers” se resume ao jogo não fornecer os gráficos que os comerciais prometeram, ignorando a existência de marketing, algo que existe em todos os setores desse mundo capitalista. Considerando que a primeiríssima cena do jogo era um flashbach pessimamente enfocado e com extrema poluição visual, isso pode ser encarado como um “dê atenção para o meu conteúdo do que para minha aparência”, ou, para algum jogador impaciente, “sou uma porcaria, mesmo”.

Estranho saber que, apesar de o game abordar temas como hackers, informática e tecnologia, o game não tem noção de como hackeamento e energia elétrica realmente funcionam, mas não vou levar isso muito a sério, já que estamos falando de uma história ficcional. Os “hacks” que o game te permite fazer soam mais como algum superpoder do seriado Heroes (citar esse seriado quase nunca é bom sinal) e o smartphone soa mais como uma “varinha mágica” dos poderes de seu protagonista.

Falando do protagonista, Aiden Pearce não é um personagem muito carismático. Ubisoft deve achar que colocar um boné e uma voz de Batman do Christian Bale torna qualquer personagem carismático esquecendo que grande parte da falta de carisma do personagem se resume na sua grande semelhança com vários protagonistas de outros games: homem branco de 30-40 anos heterossexual com barba feita e cabelo curto com transtornos de agressividade e falta de grandes demonstrações de empatia ou de qualquer outra emoção.

Aiden era um mercenário/hacker que, ao abortar uma missão que tinha grande chance de fracassar, recebe uma retaliação em forma de assassinato de sua sobrinha em um acidente de carro provocada por um outro mercenário. Essa “história de origem” soa estúpido porque, além de “vingar um parente morto” ser um dos clichês mais utilizados da história dos videogames, a história apresenta o nosso “Super Tio” como uma “figura muito distante da família” e de que a própria mãe da garota, que viveu todo dia com ela, já conseguiu superar esse trauma após um ano, o que prova a minha tese de que muitos dos protagonistas de games de hoje precisariam ir a um psiquiatra se tratar, e não apenas a Lara Croft.

A história é muito confusa porque, na verdade, são três histórias diferentes sendo contadas simultaneamente: Aiden contrata um mercenário para capturar o assassino de sua sobrinha e torturá-lo para conseguir informações sobre o mandante do crime (esse é o nosso justiceiro, pessoal!), enquanto um ex-colega de trabalho sequestra a sua irmã (videogames parecem sempre precisar “sequestrar uma mulher”) para obrigar Aiden a roubar informações localizadas em um quartel-general de uma gangue de traficantes local, enquanto ajuda BadBoy17 (atual colega de trabalho) a achar um bunker perdido que, supostamente, seria impenetrável a invasão de hackers. Ver a reação de Aiden ao descobrir quem é BadBoy17 de verdade demonstra claramente que a ausência de personagens femininos em Assassins Creed Unity não foi um machismo acidental por parte da Ubisoft.

(A afirmação acima não é considerado um spoiler, já que acontece bem no início do jogo)

Se você acha difícil acompanhar essa história, imagina se você decidir pausar um pouco dessa história para aproveitar os mini-games que esse sandbox tem a oferecer. O pior é que as atividades que esse jogo tem a oferecer são infinitamente mais interessantes e divertidas do que a própria história do jogo.

Considerando que Aiden se movimenta demais para um hacker (visto que ele tem fôlego ilimitado e fator de cura; elementos que, infelizmente, são mandatórias em jogos de hoje), é natural que você tenha que dar alguma prioridade para os veículos. E esse jogo tem, na jogabilidade dos veículos, a sua principal virtude. É sério: Watch_Dogs é um melhor reboot de Need for Speed: Most Wanted que o próprio reboot de Most Wanted, apesar de sua jogabilidade se assemelhar mais com o Carbon, outro jogo da franquia Need for Speed.

Cada veículo se comporta de maneira diferente e pode ser facilmente verificado o seu estilo baseando no seu formato e em sua pintura. As opções de músicas no jogo ao serem tocadas no rádio dos veículos são vastas, de todos os gostos e de boa qualidade, dando para aproveitar a viagem. Os modos de mini-jogo com os veículos variam de Contrato de Mercenário (ir de ponto A a ponto B) até a Escolta de Criminosos (matar ou nocautear um criminoso escoltado), que funcionam de maneira minimamente satisfatória, porém repetitivo e tedioso se você for fã de franquias de corrida.

Os quebra-cabeças de “hacks” são muito bem montados até o momento onde o mapa do quebra-cabeça se torna tridimensional e/ou complexo demais, a ponto de transformar as peças pequenas demais para uma visão clara.

Se tem um mini-game que é extremamente falho está na intervenção de um crime (que aqui é apenas o assassinato). Existem vários motivos para essa falha, mas a principal se reside em o jogo só te premiar quando você intervir no assassinato em um momento exato (e mesmo assim, a possível vítima foge de medo do justiceiro que acabou de salvar sua vida sem agradecimento algum). Entrar tarde demais não evitaria o assassinato e entrar antes o jogo fala que a missão foi um fracasso, apesar de o jogo demonstrar claramente que o possível assassino e vítima saem da cena juntinho, quase de mãos dadas. E nem foi preciso citar os dilemas de “pré-crime” de Minority Report para demonstrar uma aplicação falha no jogo.

Obviamente Watch_Dogs tem vários outros mini-games, mas estes estão aí mais para forçar o jogador a comprar em definitivo o jogo e evitar com que o jogador venda o seu jogo ou alugue para jogar por um tempinho. Sério, quem vai comprar Watch_Dogs para jogar xadrez ou pôker?

Outra coisa que Watch_Dogs consegue mandar muito bem é em algo que os sandbox em geral não conseguem lidar bem: os level-designs. Sim, as fases dos automóveis costumam ter uma pequena poluição visual com os botões de detonação ocupando boa parte da tela e a divisão dos atos serem completamente desbalanceadas com um ato tendo cinco fases e outra tendo quinze (mais por falhas de enredo do que de roteiro); mas a grande maioria das fases são bem montadas porque cada objeto que foi colocado dentro da fase tem um motivo específico para estar lá e aproveitar o que o ambiente te oferece é o caminho para jogar Watch_Dogs.

Apesar de ter um tutorial minimamente decente e que permite uma fácil absorção da informação, é muito deprimente saber que a primeiríssima coisa que o jogo te exige é saber atirar, antes mesmo de saber se movimentar ou até usar a câmera para olhar o ambiente. A progressão de habilidades do personagem tem vários elementos desnecessários, como hackear mais dinheiro (dinheiro nunca falta no jogo), proteção contra pneu furado (pneus quase nunca furam no jogo) e hack de helicóptero (quase nunca estão em campo de visão para fazer).

A dicotomia “boa jogabilidade e péssima história” persiste até o final, com vários “plot-twists” extremamente previsíveis (a ponto de fazer o M. Night Shayamalan ter inveja) e com fases com desafios muito interessantes que testam ao máximo as habilidades aprendidas no jogo pelo jogador, ignorando a falsa ideia em que vários jogos têm (inclusive esse mesmo em uma parte) em achar que um Chefão é um mero “capanga que tomou muito Whey Protein”.

Apesar de a história ter um desfecho satisfatório (apesar de ter vários “plot holes”), o jogo usou um conceito que não foi explorado ao máximo. Algumas ideias que faltaram se resumem em, por exemplo, hackear os carros para poder analisar seus atributos, colocar explosivos nos carros, derrubar placas de publicidade nos policiais, hackear para comandar remotamente carros e helicópteros, se apoiar em precipícios, usar bombas de fumaça, hackear alto-falantes,  defesa de luta corpo a corpo, carregar os cadáveres e utilizá-los como distração ou como cadáver-bomba, dentre vários outros.

Se tem algo pior que a história é o seu título. Para um jogo de hackers, faria sentido se tivesse mais números, como por exemplo W@7C:#_D0GZ ou G3RAÇ40 BR45IL. Considerando que os “cães de guarda” do título (os hacktivistas DedSec) só aparecem no final do jogo e desaparecem na primeira recusa do protagonista, Watch_Dogs não é um nome apropriado para o jogo. Que tal “Homem Branco Ranzinza Matando Geral”? Ah, não dá. Praticamente todo jogo blockbuster é assim.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Reformulando o Teste de Bechdel



Para quem não sabe, o Teste de Bechdel foi primeiramente introduzido em uma tirinha da cartunista Alison Bechdel onde a personagem da história só assistiria a um filme nos cinemas se esse passasse por três requisitos:

1- Ter, pelo menos, duas mulheres
2- Que conversem entre si
3- Sobre um assunto que não seja um homem

Esse teste caiu no gosto da Internet, já que Nerds adoram transformar coisas abstratas em números e equações, e várias feministas também são Nerds (basta ver minhas leitoras). E, desde então, pessoas vêm utilizando esse teste para medir o grau de feminismo de um filme. Inclusive, a Suécia anunciou oficialmente de que iria criar uma "nota de feminismo" em cada filme lançado lá baseado no teste.

Só que tem um pequeno problema: o teste de Bechdel não serve para medir o grau de feminismo de um filme. Na verdade, sequer chega perto de funcionar. Temos vários filmes pornôs, "sexploitation" ou filmes com valores machistas que passam no teste de Bechdel (ex: Crespúsculo, Transformers, Sex and the City, provável filme do 50 tons de cinza e qualquer filme baseado nos livros de Nicholas Sparks) enquanto outros em que temos personagens femininas fortes e independentes no filme e não passam no teste (ex: Sarah Connor de Exterminador do Futuro, Hermione de Harry Potter [estou me referindo ao último filme], a cientista de Avatar [do James Cameron, não o anime], a nerd de Tá Chovendo Hamburger e qualquer filme da história feito sobre Joana D'arc).

O exemplo mais evidente talvez seja a de "Corra, Lola, Corra", cuja personagem era tão bem representada que serviu de inspiração para a criação do "Escreva, Lola, Escreva" o blog feminista mais famoso do Brasil, definitivamente NÃO passar no teste de Bechdel.

Vários dos filmes em que figuram na lista de melhores filmes de todos os tempos por vários cinéfilos não passam nesse teste: Cidadão Kane, 2001, os Caça-fantasmas, De volta pro futuro, Ben Hur, Star Wars, Senhor dos Anéis e entre vários outros. Alguns desses, como O Poderoso Chefão e O Lobo de Wall Street são bons exatamente por não passarem no teste: são machistas porque mostram um ambiente machista.

Esse teste ficou tão famoso ao ponto de alguns filmes criarem una cena específica sem contexto narrativo apenas com o objetivo de passar no teste. Homem de Ferro 3 talvez seja o mais clássico exemplo disso.

Esse teste nunca serviu para medir o feminismo de um filme individual, mas para avaliar o machismo dentro da indústria do cinema. O importante não é saber se filme X ou Y passa, mas a grande quantidade de filmes não passarem no teste demonstra uma incapacidade de Hollywood de considerar mulher como um ser humano íntegro.

Então, como avaliar o grau de feminismo de um filme?

Eu vou apresentar aqui uma variável do teste de Bechdel em que vários críticos de cinemas estão começando a utilizar. O método foi chamado de Teste de Mako Mori, em alusão a protagonista de "Círculo de Fogo", mais um filme em que tem uma personagem feminina forte e independente e que não passa no teste. Esse teste funcionaria da seguinte maneira:

1- O filme precisa ter, pelo menos, uma mulher
2- Que tenha um arco narrativo próprio
3- E que esse arco não dependa de um homem

Olhando para esses critérios, dá para notar que esse teste geralmente tem um outro nome: CRIAR UMA PERSONAGEM DECENTE. Também não serve para graduar o feminismo de um filme, mas sim para avaliar se uma personagem foi  bem desenvolvida, independente do gênero, etnia ou sexualidade.

Considerando que Feminismo é um movimento filosófico, social e político, posso concluir que não existe uma maneira eficiente de avaliar matematicamente o grau de feminismo de um filme porque idéias são a prova de balas não são uma ciência exata.



P.S.: Meu blog teve pouca atividade nessas últimas duas semanas porque eu estava ocupado fazendo o meu próximo post, que eu tinha prometido fazer há MUITO tempo. Uma dica: cães de guarda! :P

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Não use a palavra "Gamer"!

Por que "Nerd Erudito"?

Basicamente porque é um nome fácil de se achar no Google, ninguém estava usando e que incorpora muito bem com a ideia do blog: "sobrepensar" assuntos da cultura nerd (idiotas chamam isso de "procurar pelo em ovo"). Ao contrário do que pensam, eu não sou um "guru" que contém todo o conhecimento da humanidade. Eu sou humilde em relação a isso e gosto de conhecer mais sobre determinados assuntos.

Os dois maiores problemas que eu tenho que enfrentar com a nomenclatura do blog é com a impressão de que eu seria esnobe e arrogante (que eu não sou) e a de que eu tenho que provar o nome de "Erudito" do blog toda hora tendo que procurar (e pensar) sobre coisas bem inteligentes para escrever. Aquelas em que já não foram escritas por outros blogueiros bem mais famosos que eu, é claro.

Então porque eu, que falo muito de videogames, não usei o termo "Gamer" no blog? Se os amantes de cinema gostam de se chamar de "cinéfilos", porque os amantes de games não poderiam se chamar de "gamers"? O motivo é de que eu odeio a palavra gamer e vocês também deveriam odiar.

Na época onde os primeiros fãs de videogames surgiram, "gamer" tinha o mesmo estereótipo do "Nerd" na cultura popular: eram os introvertidos feios desajeitados com óculos "fundo-de-garrafa" sem estatura física para esportes e que tinha grande afinidade com assuntos que outras pessoas tinham aversão, como por exemplo tecnologia.

Hoje em dia, o estereótipo de "gamer" é aquele homem machista, racista e homofóbico da faixa dos trinta anos de idade que tem sérios transtornos de agressividade, que troca insultos gratuitos na internet com qualquer um que não seja homem branco heterossexual ou que discorde politicamente dele. A única semelhança entre os dois estereótipos está na dificuldade de socialização.

A julgar pelos dois estereótipos, dá para notar uma evidente involução. Hoje em dia se você falar na rua para um estranho, independente do gênero ou etnia, que você é um gamer, eles vão achar que você é uma pessoa que vive com raiva e que gosta de trocar xingamento com outras pessoas. Esse estereótipo negativo está tão sério que a Nintendo, a maior desenvolvedora de games do planeta, faz comercial de seus produtos dizendo que elas não são "gamers" por jogarem os jogos dela.

Ah, você diria, antigamente estranhos também olharam atravessado para os gamers, não é? 

Mais ou menos, porque antigamente a negação das pessoas em relação com gamers era de desprezo; hoje é de medo. Eu nem estou me referindo a besteira de "games causam violência", que nem merece ser discutido. A questão é que essas pessoas que já tem um discurso de ódio começaram a ver os games como um ambiente habitável e começaram a ficar por lá. Não é a toa que os fóruns de games são os que costumam ter o maior nível de machismo, racismo e homofobia da internet.

Essa estupidez de os "gamers" acolherem skinheads e neonazistas tem como origem o complexo de vítima. "Gamers" sempre vêem que QUALQUER acusação ou proposta de debate é uma tentativa de banir os games que eles sempre amam simplesmente porque já viveram uma situação de tentativa de banimento (por suposta violência). Aí virou prato cheio para os ultra-conservadores para usar essa desculpa como escudo.

Uma mensagem para vocês: ninguém está propondo banimento de game algum quando fala que algo é machista ou racista. O que esta pessoa está fazendo(ou querendo fazer) é apontar uma falha de tal jogo para que se possa MELHORAR o jogo ou até fazer com que a experiência filosófica de debater o jogo fique mais imersiva,ou seja, levando videogames a sério.

Vocês sempre terão as suas princesas indefesas precisando de resgate de um herói viril, sempre terão as suas gostosas tetudas para bater punheta enquanto jogam e ninguém, pelo que eu saiba, está propondo que só tenha mulher "feia" nos jogos. O que essas pessoas estão pedindo é uma maior variedade e diversidade. E isso é exatamente o contrário de estagnar com a indústria de games.

Então, queridos "gamers": expulsem esses skinheads e neonazistas de seus fórums por completo e falem pra sociedade que vocês não são pessoas com sérios transtornos de agressividade e que vocês, sim, aceitam muito bem a entrada de novas pessoas e de belos debates. Enquanto isso, eu vou evitar a palavra "gamer" e eu quero que vocês façam o mesmo.

Como é mesmo o termo que o pessoal usa pra quem joga?

Ok então: Eu sou um Jogador!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Essa é a Copa mais Latina de todas?

OBS: Apesar de Costa Rica e México jogarem, segundo a FIFA, na CONCACAF (América do Norte e Central), vou considerar nees texto como Latinos porque são países da América Latina. OK?

O que tem sido muito comentados em blogs esportivos e até mesmo em blogs de política é a de que essa Copa do Mundo é a mais latina de todas não apenas por estar sediada em um país da América latina e pela presença maciça de torcedores de países latinos, mas também por seu rendimento em campo. Sobre essa afirmação, eu concordo parcialmente.

Vamos ver como ficou o cruzamento das oitavas de final:



Temos 7 latinos, 6 europeus, 2 africanos e 1 norteameticano.

Pela primeira vez em uma copa do mundo, o número de latinos ultrapassa o de europeus nas oitavas de final. Em 2010, eram seis para cada continente; enquanto em 2006, sediada em um país europeu, teve apenas 4 latinos (Argentina, México, Equador e Brasil). Ainda não dá para falar em "evolução do futebol latino", porque desde 1986 (primeira copa com oitavas de final) sempre tiveram 5 latinos nessa fase (Em 1994 e 2002 tiveram 3 latinos).

Ou seja: o número de participantes latinos vêm oscilando e esse pequeno acréscimo é devido ao perfil da torcida local. A torcida africana também era agitada, lembra das vuvuzelas? Pois é...

Porém essa copa pode se tornar mais latina. Observe a tabela de cima com mais detalhes:

Se dividirmos em quatro chaves, teremos em uma delas formada apenas por sulamericanos (Brasil, Chile, Colômbia e Uruguai), e quem ganhar nessa chave se torna automaticamente um semifinalista. E aí que entra uma informação curiosa: desde 1986 sempre teve um e apenas um semifinalista da América do Sul (exceto 2006, que nenhum sulamericano chegou nas semis).

Tirando os latinos dessa chave, temos mais três: México, Costa Rica e Argentina. Se uma dessas seleções chegarem as semifinais, teremos dois semifinalistas latinos. Ou seja: a Copa com o melhor rendimento dos Latinos desde que foi disputada com oitavas de final.

Ou talvez tenha uma melhor participação nas quartas: em 2010, foram classificados 4 seleções latinas para as quartas (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). Temos 2 certeza de quartas (no confronto direto na chave anteriormente citada), e dois favoritos a ganhar (Argentina e Costa Rica). Se México surpreender diante da Holanda e os favoritos ganharem, teremos 5 latinos nas quartas e a sua melhor representação em Copas.

Outro ponto importante a ser mostrado é a participação dos africanos. Desde 1986, sempre teve um e apenas uma seleção africana nas oitavas de final. Nessa copa temos dois (Nigéria e Argélia): algo inédito no futebol africano. Se um deles chegar as quartas, igualará o maior feito que uma seleção africana já conseguiu em uma Copa (Camarões 1990, Senegal 2002 e Gana 2010), mas é altamente improvável considerando seus adversários.

Eu não vou comentar muito sobre asiáticos porque a sua presença em oitavas foram quase sempre exceções do que regra: Arábia Saudita em 1994 enquanto Coréia do Sul e Japão conseguiram em 2002 (anfitriões) e em 2010. Apenas Coréia passou de fase em 2002.

Então, completando a resposta da pergunta do título: eu concordo parcialmente porque a Copa ainda está em andamento, mas estamos encaminhando para isso.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Como seria a Copa e a Seleção do Brasil das Tordesilhas?

Se o Brasil de hoje em dia tivesse as mesmas divisas do antigo Tratado das Tordesilhas, a Copa e a Seleção não seria muito diferente da de hoje, ignorando consequências sociais, econômicas e políticas.


Das 12 cidades-sedes da copa do mundo, 9 delas estão dentro da América Portuguesa, tendo Manaus, Cuiabá e Porto Alegre para o lado espanhol. Como a FIFA tinha aconselhado 8 cidades-sedes (Brasil insistiu com 12), teríamos o luxo de remover uma sede. Essa pode ser ou Curitiba (a sede mais próxima da linha) ou Brasília (como uma maneira mais fácil de dividir entre as repartições do sul e a do norte).

Agora, vamos a Seleção. Também não mudaria muito. Esse seria a provável escalação da seleção da América Portuguesa:


GOLEIROS:

Júlio César
Jefferson
Diego Cavalieri (Victor e Fábio não estariam elegíveis)

ZAGUEIROS:

Thiago Silva
David Luiz
Dante
Réver (Henrique e Miranda não elegíveis)

LATERAIS:

Daniel Alves
Marcelo
Maxwell
Marcos Rocha (Maicon, Jean e Rafinha não elegíveis)

MEIAS:

Luiz Gustavo
Ramires
Paulinho
Hernanes
Willian
Oscar
Elias (Fernandinho, Lucas Leiva e Fernando não elegíveis)

ATACANTES:

Neymar
Hulk
Fred
Bernard




Então, como explicar a pequena mudança? Vou fazer isso separando a naturalidade de cada jogador, vendo em qual estado cada um nasceu. E olha só o que eu percebi:


SÃO PAULO - 9 (Jefferson, Victor, David Luiz, Luiz Gustavo, Paulinho, Willian, Oscar, Neymar e Jô)

RIO DE JANEIRO - 4 (Júlio César, Thiago Silva, Marcelo e Ramires)

MINAS GERAIS - 2 (Fred e Bernard)

BAHIA - 2 (Dante e Daniel Alves)

PARANÁ - 2 (Henrique e Fernandinho)

OUTROS - Rio grande do Sul (Maicon), Paraíba (Hulk), Pernambuco (Hernanes) e Espírito Santo (Maxwell).


Como deu para perceber, a seleção brasileira estaria concentrada com os jogadores do Sudeste, com 16 representantes. Aí você iria dizer que estaria "proporcional a população brasileira", já que é a região mais populosa. Isso não é verdade porque, se fosse, Minas Gerais cederia bem mais jogadores por ser o segundo estado mais populoso e não o Rio. São Paulo tem 20% da população brasileira (IBGE 2013) e cede 39% dos jogadores e o Sudeste tem 42% da população brasileira (IBGE 2013) enquanto cede 69% dos jogadores.

Esses números ilustram o óbvio: a de que o Brasil se desenvolveu muito mais nos litorais do que no interior e isso também se reflete no futebol, onde jogam os maiores clubes do país. Só achei que fosse uma curiosidade colocar essa hipotética escalação para vocês, leitores!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Fã de esporte também é Nerd

Eu já disse anteriormente que a sensação de bullying por seguir tendências que não sejam muito populares faz parte da identidade Nerd. Porém, muitos nerds são arrogantes e exibidos, se achando mais inteligentes do que as outras pessoas só por causa disso. Sério.

A grande maioria dos nerds agem como se “eu sou mais inteligente do que você porque eu assisto Star Trek enquanto você assiste o Corínthians” fosse um argumento válido, se esquecendo que os dois últimos filmes do Star Trek eram alienantes e que você pode avaliar o futebol taticamente.

Sobre essa última informação, eu tenho uma coisa a te dizer: Fãs de esporte também são nerds. Quase tudo que existe na “cultura nerd” também tem algo de similar com os fãs de esporte.

Nerds fazem cosplay de seus personagens de animes favoritos, enquanto os fãs de esporte fazem cosplay de seus jogadores de futebol favoritos. Nerds jogam RPGs ao estilo “Dungeons & Dragons” com vários números no perfil do personagem enquanto fãs de esporte fazem contas cheias de números em seus simuladores.

Nerds fazem crossovers imaginando confronto entre dois personagens fictícios, fãs de esporte fazem bolão imaginando confronto entre duas equipes. Nerds gostam de calcular força e velocidade dos personagens, fãs de esporte calculam a distância percorrida e a velocidade do chute de um jogador.

Nerds tem podcasts, fãs de esporte tem programas esportivos de rádio. Nerds tem webcomics zoando a “dissonância ludonarrativa” dos games, fãs de esporte tem charges que zoam os times perdedores. Nerds tem action figures de personagem, fãs de esporte tem mascotes de times. Nerds adoram franquias como “Star Trek” e “Star Wars”, os fãs de esporte tem “FIFA” e “PES”. Nerds tem adoração por Superman ou Goku, fãs de esporte tem por Pelé ou Senna.

Então por que os Nerds insistem em dizer que os fãs de esporte são seus “inimigos” quando temos tanta coisa em comum? Antes que alguém venha com o papo de macho alfa e beta, eu tenho que dizer que tem muito nerd que é extrovertido e/ou tem porte atlético enquanto tem muito fã de esporte (eu não estou me referindo a atleta) que são introvertidos e/ou franzinos.

Para terminar: os ingleses costumam chamar os fãs de esporte de “Sport Nerds”. Então, vamos todos fazer nerdiçes juntos?

domingo, 15 de junho de 2014

Opinião sobre a E3 - Dia 3 e 4

Como prometido, vou terminar o post. Considerando que eu já dei a opinião nas cinco maiores empresas de games e estamos em plena Copa do Mundo (só tem jogão), vou ser breve:

Konami, especialista em fazer merda, conseguiu se superar esse ano com um marketing pavoroso (lançando todos os games do Silent Hill em um mês) e lançando games incompletos (PES 2014 e Ground Zeroes) ou misóginos (Blades of Time). Não seria de espantar que a Konami batesse as botas esse ano.

Está bem: eu estou ciente que eles anunciaram Metal Gear Solid 5: The Phantom Pain, mas eu não estou interessado nisso. O problema é que se você tiver que falar qualquer coisa de um game e a primeira coisa que vier na sua mente é "gráfico", provavelmente a jogabilidade não é boa.

Capcom foi bem político, com um exclusivo para cada console: Monster Hunter 4 para a Nintendo, Dead Rising 3 para a Microsoft e Deep Down para a Sony. E, é claro, Resident Evil 7 (como se não tivesse o suficiente).

A Square Enix, grande empresa de JRPGs, não fez comentários sobre Kingdom Hearts 3 ou Final Fantasy XV, mas anunciou Kingdom Hearts 2,5 , que seria um game para PS3 que teria todos os games portáteis que, canonicamente, estaria entre o 2 e o 3. Eu entendo porque eles não colocaram para Xbox 360: o público-alvo de lá é muito "japanofóbico", que adora reclamar dos "cabelos esquisitos e afeminados" dos protagonistas (óbvio que eles amam protagonistas com o corte militar, eles tem um fetiche de guerra).

A Steam não apenas lançou o SteamBox, mas também lançou o SteamBoy, que seria uma versão portátil. Uma coisa que eu não entendo é porque as empresas de games insistem em lançar máquinas portáteis que rodam apenas games em um mundo onde se tem smartphones e tablets. Nintendo, que está nesse mercado há décadas, teve que colocar 3D, lançar os melhores games da década e fazer um corte maciço nos preços para sobreviver nesse mercado.

Além de Arkham Knight (mencionado no outro post), a Warner anunciou Mortal Kombat X Witcher 3. Posso dizer que gostei nada dos dois. O último Mortal Kombat foi um grande sucesso porque foi, basicamente, uma "volta as origens". Fazer algo mais "extremo" e "realista" faria com que Mortal Kombat perdesse a sua alma. E nunca fui fã de Witcher por não gostar de RPGs amarronzados.

A Sega, que tem uma quantidade imensa de IPs, prefere fixar no Sonic. Dessa vez, o game anunciado foi Sonic Boom. O engraçado é perceber que, julgando pela evolução do personagem, Sonic está a dois games de virar um Otto Rocket de moicano azul.



Como a Sega não cansa de ordenhar Sonic ao máximo nos games, eles também anunciaram um filme do personagem (porque, se Rachet e Clank podem, o Sonic também pode). O grande problema que os produtores do filme vão encontrar é a que o roteiro de Sonic é péssimo até para os padrões de videogame e tem os coadjuvantes mais irritantes da história dos videogames (Tails seria praticamente a única exceção). O "filme" em questão seria feito pela Sony. Portanto, vão vender com um "Dos mesmos produtores de A Era do Gelo e Rio".

Antes de terminar o post, eu PRECISO falar sobre a estúpida desculpa que a Ubisoft deu sobre a falta de personagens femininos em Assassin's Creed Unity: dá muito trabalho. Já falei que eles recriaram Paris do século XVIII com extremos detalhes, mas eu esqueci de falar uma outra coisa: apesar de a franquia ser sobre revoluções, a revolução francesa também foi conhecido por ter vários movimentos femininos também.



Um dos movimentos mais importantes da Revolução Francesa foi a Marcha das Mulheres sobre Versalhes, onde mulheres do mercado se revoltavam com o aumento do preço do pão. Considerando que a franquia é sobre assassinos, eles omitiram a mais importante da época: Charlotte Corday. Pelo visto, eles não estudaram História direito: dava muito trabalho.



Considerando que eu falo um bocado sobre super-heróis no meu blog, vou terminar falando que o primeiro super-herói a ser criado (que inspirou Batman e, consequentemente, Ezio, o protagonista mais icônico da franquia) foi o Pimpinela Escarlate. E quem escreveu foi a baronesa Emma Orczy.



ISSO MESMO: UMA MULHER INVENTOU O CONCEITO DE SUPER-HERÓI.

Tome vergonha na cara, Ubisoft.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Opinião sobre a E3 2014 - Dia 1 e 2

Falta 1 dia para começar a Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Todo o mundo está falando sobre isso... exceto os EUA, onde está acontecendo essa semana a Eletronic Entertainment Expo, a E3, a maior conferência anual de videogames e o evento de grande porte mais misógino do planeta. O outdoor deixa bem claro a mensagem: “Território de homens brancos zangados: mulheres e negros não são permitidos”

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E o interior confirma: é o único lugar DO PLANETA em que o banheiro masculino fica com uma fila imensa enquanto o feminino fica vazio.

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Olha: eu não estou com paciência e nem com clima de falar sobre esse evento em plena Copa do Mundo aqui no Brasil, mas alguém precisa postar algumas notícias sobre o maior evento de games em um blog “female-friendly” aqui no Brasil (além da Flávia Gasi, of course) com um termo que “leigos” de videogames entendam. Então, vamos lá:

OBS: eu não vou falar de TODOS os lançamentos, já que quase todos são meras cópias de seus antecessores com apenas os gráficos mais “bonitinhos”. Vou citar apenas aqueles que me deram vontade de comentar ou aqueles que eu acho interessante (SPOILER: quase nenhum).



Dia 1 – 09/06

A primeira “grande” (termo usado para quem desenvolve games e consoles: são três no total) a se apresentar foi a Microsoft. Mesmo em um evento de games e sua máquina (Xbox) ser associada mundialmente com videogame, eles ainda insistem em falar de OUTRA COISA, como se tivessem vergonha de admitir que fazem videogame. Então, se tivesse que escolher um game para começar, qual seria?

Óbvio que tinha que começar com Call of Duty. Sem sombra de dúvida a franquia mais relevante de games para console hoje em dia (além do Mario) anuncia o nome do seu próximo game: Advanced Warfare. O nome, em si, parece uma piada da própria franquia.

E, para anunciar isso, contrataram Kevin Spacey (leia-se “aquele cara do House of Cards”) para ser o garoto-propaganda do próximo game. Ok, confesso que ir de um criminoso de guerra para um ator que interpreta um político ganancioso é uma evolução considerável. Afinal de contas, não tinha como piorar.

O game em si vocês já sabem como a franquia funciona: a mesma coisa ano após ano com mapas reciclados de games antigos e gráficos mais “bonitinhos”. E, como foi a Microsoft que anunciou o game (Call of Duty é da Activision), a versão da Xbox One vem mais “completo”.

Forza Horizon 2: porque se você for um homem e não gostar de guerra, tem automóvel para você correr! Affz...

Halo 5. Óbvio que a Microsoft lançaria mais um game da galinha dos ovos de ouro da empresa. Se não fosse por Halo Xbox nunca faria sucesso, Microsoft não estaria no ramo dos games e o Japão ainda seria a maior potência de games.

Agora, vamos falar da Ubisoft. Ok, óbvio que tiveram outros games anunciados para o Xbox One, mas nenhum que justifique a compra de um console novo. Sunset Overdrive talvez seja o que seja mais perto de convencer já que, além de ter mais cores do que todos os outros títulos anunciados somados, parece uma mistura de Dead Rising com Jet Set Radio e... aquele ali não é o Neymar? Já estou pensando em Copa do Mundo.



Agora, falando de Ubisoft. Assassins Creed Unity (ou 5) vai focar a sua história na Revolução Francesa. Apesar de eu achar que essa é a melhor época possível para criar uma história dessa franquia, eu já perdi as esperanças. Essa franquia segue o mesmo rumo de franquias de filmes como Jogos Mortais e Piratas do Caribe, que tem sequência enquanto tiver audiência. O problema com essa estratégia é que o game não tem um fim: apenas um meio bem alongado.



OBS: nesse game você pode escolher um protagonista dentre as quatro opções fornecidas. Todos os quatro são homens brancos. Fica a dica. “Ah, mas fazer um personagem feminino dá trabalho!” Como se recriar Paris do século XVIII inteira com detalhes impressionantes não dessem. Pelo menos justifica o nome Unity.

Foi anunciado o vilão do novo game Far Cry 4. E ele se parece...



...com alguém tentando fazer cosplay de um vilão de shonen dos anos 90. Pra quem não sabe, se alguém no mundo dos games se veste de lilás, só pode significar duas coisas: ou está dizendo que “ele é vilão por ser gay” ou é uma homenagem a Saints Row (que é o contrário de homofóbico).

Rise of Tomb Raider: esse funciona como uma sequência do game lançado ano passado. O anúncio foi polêmico, já que a sinopse envolve a Lara Croft (protagonista) consultando um psicólogo para superar os traumas que ela sofreu no game anterior.

A polêmica reside no fato de ela procurar um psicólogo para lidar com o trauma por ser mulher e, se fosse homem, não precisaria disso. Em minha humilde opinião, ninguém deve ser considerado fraco por procurar psicólogo. O problema está no fato que a grande maioria dos protagonistas masculinos de videogame terem transtornos de agressividade tratáveis com psicoterapia optarem por não ir ao psicólogo. Eu estou falando especialmente com você, Kratos.

Em Rainbow Six: Siege, existe um modo de jogo “pique bandeira” onde a mulher é a “bandeira” do jogo. Eu não estou brincando. UM PIQUE-BANDEIRA ONDE A MULHER É A BANDEIRA. Não tem como o corpo da mulher ser mais objetificado do que criar um pique bandeira onde o seu corpo é a bandeira. E eu achando que Fat Princess era o ápice...

Mas não tema porque, segundo a própria Ubisoft, ela não está sendo misógina porque ela colocou uma mulher para apresentar o novo game do Just Dance. Cara Ubisoft: reforçar estereótipo de gênero ainda é sexismo se você ainda não sabia.

Agora, a EA. Eu não tenho muito o que falar, já que estão anunciando os mesmos games (FIFA 15, Madden 15, Mass Effect 4, The Sims 4, Dragon Age Inquisition...) ano após ano, com duas exceções. Uma boa e outra má: qual você escolhe?

Vamos começar com a má. Battlefield: Hardline mostra que a principal concorrente de Call of Duty desiste de competir de frente e resolve ser, basicamente, um jogo de “polícia e ladrão”. E como venderam essa ideia? Postando um vídeo onde um homem branco dá uma surra em um negro. SÉRIO! Ninguém percebeu esse dado tão polêmico e... racista?



A boa é “Mirror's Edge 2”. Eu até gostei de uma protagonista feminina em que não seja dependente de um homem, mas eu realmente acho que o primeiro game não funciona simplesmente porque em um parkour você precisa saber aonde está pisando. Vamos ver se o segundo conserta isso.

A segunda “grande” a apresentar foi a Sony. Diferente do ano passado, cuja estratégia foi humilhar a concorrente direta Microsoft, percebeu que a adversária é um alvo fácil demais de ser humilhada (mas mesmo assim humilhou um pouco com alguns games gratuitos) e focou no que ela tem a oferecer.

Se Microsoft tem o Call of Duty mais “completo”, Sony terá o Batman: Arkham Knight mais “completo”. O game parece uma mistura de Christopher Nolan e Michael Bay. Pra quem não entendeu: parece ruim. Ok, a jogabilidade não deve ser ruim mas a sua estética é pavorosa.

Começando com The Order: 1886, que parecia ser de zumbi até ser anunciado que é sobre monstros devoradores de carne humana. Seguindo com Destiny, que parece ser um Halo menos fascista, Infamous: First Light (que é uma prequência da franquia) e o remake de Grim Fandango. Repetindo: remake de GRIM FANDANGO!

E, é claro, são os indies que fazem a Sony ter uma apresentação superior à da Microsoft. Os títulos variam desde Entwined (que eu não sei descrever: assista o vídeo)...



… até o (que mais apreciei) No Man's Sky.



Mas nem tudo são flores: a única mulher protagonista dos games da Sony está no First Light, a remasterização de The Last of Us não faz sentido, já que o game não é bom pra isso tudo, Uncharted 4 vai existir e eu não entendi como pretendem fazer um bom filme baseado em Rachet e Clank (não me leve a mal: a franquia é engraçada e divertida, mas não tem um bom roteiro).

Quem dera se, invés da Sony administrar a vitória ela resolver liquidar de vez tornando o PS4 retocompatível com o PS3, 2 e 1... OH WAIT! Playstation Now! Um serviço de streaming de games! É quase isso, mas acho que dá pro gasto.



Dia 2 – 10/06

E esse é o Dia da Nintendo, terceira e última “grande” a se apresentar. Quase todo mundo estava apostando em um fracasso da empresa ou em um anúncio de outro console para substituir o Wii U (e admitir o fracasso). E não foi isso que aconteceu. Considerando que Sony e Microsoft estagnaram no “homem branco hétero de 30 anos de barba feita pouco cabelo e com transtorno de agressividade”, a mera existência da Nintendo parece algo revolucionário.

Começando com Bayonetta 2 (será exclusivo porque a Sega não conseguiu manter a produção). Como eu tinha dito em um post anterior, ela é uma personagem que precisa ser melhor e mais aproveitada.

Splatoon é um shooter em que você usa armas de paintball e esguicho d'agua. É irônico perceber que, dentre tantos shooters que temos por aí, aquele que é o mais inovador é aquele feito pela Nintendo.

Mii jogáveis em Smash Bros, um editor de níveis Mario Maker e um novo game do Star Fox? Prevejo que isso será um sucesso de público...

Captain Toad, Kirby and the Rainbow Curse, Yoshi Wooly's World e Pokémon Sapphire/Ruby: Nintendo sendo Nintendo.

OBS: “Ser Nintendo” significa lançar vários games com o mesmo protagonista com pequenas variações de jogabilidades e mudanças significativas na estética e no level design.

Mas o que eu REALMENTE quero falar sobre a Nintendo é sobre o novo game da franquia Zelda. Eu não estou me referindo a sua jogabilidade ou a sua estética, mas sobre o protagonista. Ou melhor: a protagonista.

Link, apesar de ser masculino, sempre foi um personagem com aparência andrôgina, ou seja, nada nele diz que ele é um personagem masculino ou tem seus principais atributos atrelados a masculinidade. Mas veja só essas imagens:

Link, personagem principal de "The Legend of Zelda" em novo jogo da franquia para o Wii U (Foto: Divulgação/Nintendo)



Mais alto e magro, sobrancelhas mais delicadas, rabo de cavalo, cintura mais fina, orelhas mais altas e pontiagudas (os fãs da franquia veem isso como um código de gênero biológico), usa um arco invés de uma espada e segura de uma maneira mais parecida com a Katniss do que com Legolas. Ou seja...

LINK É (provavelmente) UMA MULHER NESSE JOGO!

Se o segundo personagem (ou terceiro) mais importante da história dos videogames pode ser transformado em uma mulher, o que impediria os outros games de TER mulheres? Hein? Não é tão difícil assim!

Link permanente da imagem incorporada

Olha: eu sei que o motivo de grande maioria das desenvolvedoras de games boicotarem a Nintendo é porque quando ela tinha o monopólio do mercado de games ela usava e abusava de seu poder; mas fazer um boicote a essa altura do campeonato vai dar a impressão de que os desenvolvedores têm MEDO de qualquer avanço social e preferem a estagnação.

OBS: A Sony disse que ia fazer uma grande surpresa para o público da América Latina no final desse dia. E a grande surpresa foi... NADA! Meia dúzia de games com descontos e mais nada!

E termino por aqui. O post está grande demais. No final de semana eu posto a segunda parte, com os anúncios do terceiro e quarto dia. Até lá, boa copa!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Como seria a seleção da Iugoslávia?

Faltam sete dias para começar a Copa do Mundo.

O jogo de estreia do Brasil vai ser contra a Croácia, enquanto a rival local Argentina vai estrear contra a Bósnia, exatamente o outro país da antiga Iugoslávia que classificou para a Copa do Mundo.

Espere aí... IUGOSLÁVIA???

Como seria a seleção da Iugoslávia se ela não tivesse fragmentado? Vou colocar aqui a possível escalação dessa seleção:



GOLEIROS:

Samir Handanovic (Eslovênia / Internazionale)
Asmir Begovic (Bósnia / Stoke City)
Stipe Pletikosa (Croácia / FC Rostov)


ZAGUEIROS:

Neven Subotic (Sérvia / Borussia Dortmund)
Dejan Lovren (Croácia / Southampton)
Marko Basa (Montenegro / Lille)
Stefan Savic (Montenegro / Fiorentina)
Vedran Corluka (Croácia/ Lokomotiv Moscou)


LATERAIS:

Branislov Ivanovic (Sérvia / Chelsea)
Darijo Srna (Croácia / Shaktar Donetsk)
Aleksandar Kolarov (Sérvia / Manchester City)


MEIAS:

Nemanja Matic (Sérvia / Chelsea)
Miralem Pjanic (Bósnia / Roma)
Luka Modric (Croácia / Real Madrid)
Ivan Rakitic (Croácia / Sevilla)
Dujan Tadic (Sérvia / Twente)
Josip Ilicic (Eslovênia / Fiorentina)
Senad Lulic (Bósnia / Lazio)
Zvjezdan Misimovic (Bósnia / Guizhou Renhe)


ATACANTES:

Mario Mandzukic (Croácia / Bayer Munique)
Edin Dzeko (Bósnia / Manchester City)
Stevan Jovetic (Montenegro / Manchester City)
Vedad Ibisevic (Bósnia / Stuttgart)


TITULARES (4-4-2):

Handanovic; Subotic, Savic, Ivanovic e Kolarov; Matic, Pjanic, Modric e Rakitic; Dzeko e Jovetic.



VEREDITO FINAL:

Croácia, Bósnia e Sérvia formam a base da seleção da Iugoslávia, como sempre foi (sete, seis e cinco membros, respectivamente). Com Pandev cortado por motivos técnicos, a Macedônia não tem representantes na seleção. Também como antigamente, a seleção da Ioguslávia tem uma mentalidade ofensiva com vários jogadores de qualidade no ataque e no meio de campo.

Decidi colocar Dzeko e Jovetic no ataque apenas por questão de entrosamento (ambos jogam no mesmo clube), já que Mandzukic também teria vaga em qualquer outra seleção no planeta. Com Matic, Pjanic e Modric, é possível fazer uma trinca de volantes que, além de ajudar na fraca defesa, priorizam o toque de bola e podem auxiliar o Rakitic na armação de jogadas.

O grande ponto fraco dessa seleção é que, além de sua zaga não ser do mesmo nível do que de outros times, quase nenhum dos jogadores citados tem como qualidade a jogada pelas laterais, sendo um ponto fraco facilmente explorado pelos adversários.

Essa seleção estaria com um nível pouco acima de Bélgica, Suiça e Colômbia; no mesmo nível de Itália, Inglaterra e França, mas ainda estaria um degrau abaixo das favoritíssimas Espanha, Alemanha e Brasil.

Pelo menos não teremos que enfrentar essa pedreira.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Superhero Junkdrawer

Esse é o 50º post do blog!

:D

E com 5.000 visualizações totais!

:D     :D     :D     :D     :D

Hoje eu vou fazer algo diferente. Eu vou juntar todos os assuntos que eu gostaria de abordar sobre super-heróis que não são grandes o suficiente para ter um post próprio, ok? Então, vamos começar:

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Se seguisse ao pé da letra, a Kriptonita deveria ser um minério composto de kriptônio. Porém, temos dois problemas: o primeiro é a que o kriptônio é um gás nobre, o que impossibilita fazer ligações químicas e, consequentemente, ter uma forma sólida. O outro problema é que o kriptônio não é radioativo e a pedra ficcional seria radioativa o suficiente para quebrar Superman (apesar de a pedra não ter efeito em humanos).

Eu estou ciente que, em nenhum momento, a DC usou a palavra kriptônio para descrever o conteúdo da kriptonita. A única semelhança entre os dois está no sufixo grego “kripto”, que significa “obscuro”. Mas seria um bom exercício mental tentar associar as duas coisas.

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Não aguento mais os nerds falarem que “Superman é um personagem forte demais para ser interessante”. Isso não é verdade. As histórias literárias mais interessantes feitas pela humanidade envolviam deuses gregos e eles eram imortais. O que torna Superman interessante é que ele, apesar de ter poderes o suficiente para resolver qualquer tipo de problema, ele é incapaz de resolver todas as mazelas do planeta. Superman é um personagem desinteressante quando colocado em combate porque ele não foi feito para batalhar: ele foi feito para salvar pessoas e inspirar elas a fazer o bem.

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Já percebeu que todos os personagens femininos da DC já foram “hipersensualizadas” e são “bissexuais até que se provem o contrário”? Até mesmo Amanda Waller, que é uma mulher que foge muito do padrão de beleza, acabou de ser “hipersensualizada” no novo reboot da DC: os Novos 52.

Mas eu tenho uma boa notícia: a única personagem que nenhum desenhista ousou sensualizar até hoje é Lois Lane. E o motivo é a de que ela é o ícone máximo do feminismo dos quadrinhos de super-heróis. Digo, ela TRABALHAVA como repórter na DÉCADA DE 20, muito antes dos primeiros movimentos feministas, onde mulheres ainda lutavam para ter direito ao VOTO! Além disso, ela não ia para o perigo porque ela queria “se jogar nos braços do Superman”: ela fazia porque era o EMPREGO dela!

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Sem desconsiderar o comentário anterior, eu acho que Superman funcionaria muito melhor como solteiro. Seria muito egoísta da parte dele, por exemplo, evitar um acidente de trem porque estava ocupado demais namorando ou porque estava em uma discussão de relacionamento.

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O motivo pelo qual Lex Luthor é um vilão interessante é que ele SABE que Superman não vai ferir, torturar ou matá-lo, além de também estar ciente que Superman iria, no máximo, colocá-lo na cadeia. E, como sabemos que multimilionários nunca ficam na cadeia (principalmente os dos HQs), ele se sente impune. Matar Zod, como feito no último filme, iria intimidá-lo e fazer com que ele nunca seja um vilão do Superman. A não ser que ele coloque uma armadura ao estilo Tony Stark e troque socos, o que seria completamente desinteressante.

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Eu estou cansado e nauseado de Batman. Eu estou ciente de que ele é responsável pelo melhor filme de super-herói, melhor game de super-herói (o pódio inteiro, na verdade), melhor desenho animado de super-herói e melhor HQ de super-herói. Mas, mesmo assim, não daria para trocar o disco?

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Então, Flash vai ganhar um seriado de TV? Não sei como reagir a isso. Digo, ele tem um dos vilões mais interessantes e icônicos da história dos super-heróis, mas o Flash em si não é tão interessante assim. Mas, considerando que Bruce Wayne também é desinteressante e seus vilões também são icônicos, é só esperar para ver.

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Eu gostaria que a Mulher Maravilha no filme tivesse uma minissaia estilo-Amazona ou um short bem curto só para dar a mensagem de que “mulher que tem roupa curta não está pedindo”.

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Eu gostava muito da anime dos Jovens Titãs. E a integrante que eu mais gostava era a Estelar. O motivo: ela era, acima de tudo, uma humanitária. Ela não lutava para derrotar seus inimigos; ela lutava para ajudar os seus amigos (e seus poderes eram de caráter destrutivo). Ela hesitava e até abominava o uso de força bruta nas lutas e sempre investia muito mais no inocente que estava no meio do “fogo cruzado”. Eu sei que muitos falarão que ela cai no estereótipo de “mulher histérica” já que seus poderes são influenciados pelas suas emoções, mas acho que isso adiciona a personagem e não o contrário.

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Cadê o Super Choque? Eu gostava dele também. Ele era interessante porque ele não era “negro com alma de branco” e nem “estereótipo de negro”, sendo um super-herói completamente diferente dos outros. Seu ajudante, Gear, era basicamente um Tails humano.

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Melhor identidade secreta de todos os tempos? A do Capitão Marvel (SHAZAM). Digo, ele era um garoto que virava um super-herói quando gritava SHAZAM! Quem iria suspeitar disso?

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Apesar da HQ Watchmen ser foda, eu prefiro a versão do filme. O final faz muito mais sentido.

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Querido Facebook: eu não aguento mais ver notícia sobre o filme do Homem-Formiga. Ninguém pediu pra ter esse filme. Ele é chato pra caramba e desinteressante. O único momento em que Hank Pym (ou Pimpiririmpimpim, segundo Deadpool) teve uma história interessante foi quando ele bateu na mulher. Sim: super-heróis cometem violência doméstica. Nem mesmo o fato de “criar Ultron” fez dele interessante porque Tony Stark ou qualquer outro super-herói “genial” poderia ter feito isso. Hey, Marvel? Que tal fazer um filme da Miss Marvel ou da Mulher Hulk no lugar?

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Eu acho que Hulk funcionaria muito melhor no gênero de terror do que de super-herói. Digo, ele é uma aberração da natureza com um caráter descontrolado. Isso deveria ser algo temido. Principalmente considerando que Stan Lee se inspirou nos filmes de terror da década de 50 para criar o personagem.

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Quando anunciaram um ator negro para fazer o Tocha Humano filme do Quarteto Fantástico, uma metade (racista) da Internet reclamava da “falta de fidelidade” e a outra metade falava que ele poderia ser adotivo. O que aconteceu? O filme anunciou um outro ator negro para interpretar o pai dele e calar de vez com a crítica, dizendo indiretamente que a adotada era a Mulher Invisível, a irmã branca.

Quer saber uma outra maneira de zoar ainda mais os fãs? Fazer com que o Tocha Humana e o Coisa tivessem uma relação homoafetiva. Digo: nas histórias os dois agiam como se fossem irmãos, tendo momentos de companheirismo e de zoação. E então, ter uma relação amorosa com discussão de relacionamento seria MUITO diferente disso?

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Tangencialmente relacionado com o comentário anterior, muita gente defende o racismo, sexismo e a homofobia de um filme alegando “fidelidade” com a matéria-prima. Essa desculpa não cola mais. Eu vou usar um exemplo:

A “rainha do gelo” é um dos estereótipos mais sexistas feitos para uma personagem feminina. O termo era baseado no conto de fada “A Rainha do Gelo” de Hans Christian Andersen. A Disney fez um filme (vagamente) baseado nesse conto ano passado. O filme se chamava FROZEN! Sem mais, meritíssimo.

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Eu estou ciente que o Homem-Aranha solta teia devido a um dispositivo instalado no pulso, mas eu prefiro muito mais a versão orgânica dos filmes de Sam Raimi. Digo, Peter Parker era muito inteligente, mas não é para ser um gênio. Já existem vários no universo Marvel, como Tony Stark, Bruce Banner, T'Challa, Stephen Strange, Hank Pym e Reed Richards.

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Que bom que o mais recente filme do Homem-aranha não esteja fazendo tanto sucesso. Adicionando isso ao fato de Andrew Garfield tem contrato para apenas mais um filme e recusou renovar, posso dar uma sugestão que vai tornar a franquia bem mais interessante? Coloque Miles Morales!

Para quem não sabe, Miles Morales é o Homem-aranha do universo Ultimate. E ele é FODA! Negro, bissexual e cotista (pesadelo dos reaças), ele ganha os poderes aranha de forma idêntica ao Peter Parker. Foi testemunho da morte de Peter Parker e, com o peso na consciência de não ter ajudado o antigo Homem-Aranha, ele vive o legado ser o novo Homem-Aranha. Isso mesmo: quase a mesma coisa que Peter sofreu com o tio Ben.

É óbvio ululante que o Peter Parker representa o estereótipo de Nerd dos anos 60. Mas, considerando que esse estereótipo não é tão popular hoje em dia (fora de Big Bang Theory), Miles Morales é um bom exemplo para um super-herói “oprimido” do século XXI.

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Apesar de os Vingadores, os X-men e o Homem-aranha serem propriedade da Marvel, eu não acho que eles fariam sentido se pertencessem no mesmo Universo. Os Vingadores são universalmente adorados pelo povo local enquanto os X-men são universalmente odiados pelo povo local. Homem-Aranha tem uma relação mista, sendo adorado pelas pessoas com quem teve contato mas odiado pela mídia (Clarim diário) e pelas multinacionais (Oscorp).

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E, para encerrar:

SPOILERS DE X-MEN DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO

Eu mencionei em algum post no passado a presença de Mansplanning. A questão é que o Mansplanning não está no discurso e nem explícito no filme. O Mansplanning está no fato de que todas as pessoas que estavam tentando parar a Mística eram homens e que ela era a única mulher mutante de destaque no passado (Kitty Pride, Tempestade e Blink, as outras mulheres do filme, apenas existiam no futuro), dando uma mensagem subliminar de que “mulher forte e independente precisa ser detida porque só faz besteira”, que é bem assustadora.