domingo, 1 de junho de 2014

Música nos games

“Porque hoje em dia as músicas nos games não são tão boas quanto antigamente?”

Que perguntinha irritante! Não vou responder porque a premissa da pergunta é falsa. Nunca na história dos videogames a música era tão boa quanto hoje. Ou você realmente acha, sem ironias, que isso...
...é melhor que isso?


Eu entendo o motivo dessa impressão. “Gamers” costumam usar palavras erradas para o que eles querem dizer, assim como em gráficos invés de estética, imersão invés de engajamento e vício invés de compulsão. A palavra aqui não é “boa”, mas “memorável”.

É fato que as músicas nos games antigos são mais memoráveis, mas não é porque sejam melhores mas porque são mais simples e mais fáceis de memorizar.

Antigamente, não tínhamos a mesma tecnologia e capacidade de armazenamento de hoje em dia (dãã). Portanto, para fazer um jogo que dure mais era preciso que aumente a sua dificuldade e fazer mais simples a sua música. Quase todas as músicas retrô de games se resumem a usar o mesmo tom várias vezes em ritmos variados.

Isso mesmo: é um truque mental. Com músicas mais simples, fica mais fácil de memorizar e, consequentemente, lembrar por muito tempo. E adicione ao fato de só ser possível anatomicamente para um ser humano produzir um tom por vez. Tente com esses três:

TAN TARAN TARAN TA... TA

TAAAAN TARAAN TAN TATATATATANTAN TARNTANTAN TAN TA... TA

TARARARARANAN TARARARARANAN TARANTAN TARARARARANAN TAN TAN TAN TAN...

Com acesso a mais tecnologia, recursos e orquestras sinfônicas, as músicas se tornaram mais complexas e de difícil memorização, mas com um melhor conteúdo. Quero ver você tentar fazer o mesmo exercício com isso:

MINDBLOWN! Ou melhor: VOCALCORDBLOWN!

Quer saber uma boa franquia no qual você pode analisar muito bem a evolução das músicas nos videogames? Sonic! Eu não estou de zoação: as músicas do Sonic realmente mudaram para melhor (nunca eram ruins), apesar de o resto ter piorado.

Para começar, a primeira fase:


Errr... legalzinha, mas mostra-se completamente dissonante os toques eletrônicos com a corridinha no bosque que a fase demonstra. Vamos ver agora, sem muitas limitações tecnológicas, como que ficaria:

Escape from the city! :D

Muito melhor. Sem as limitações, os criadores puderam colocar uma música que combinasse mais com o estilo descolado do Sonic. Pop rock faz muito mais sentido para a franquia do que eletrônico. Mas, mesmo assim, era possível fazer boas músicas com recurso limitado, como por exemplo, o chefão final de Sonic 3. (começa no 2:35)


Música com caráter assustador no início para acelerar o ritmo no final para dar um caráter frenético. Assim que se faz uma música de chefão!

Um outro bom exemplo está em Sonic Heroes exatamente porque a música NARRA como que se faz uma boa luta de chefão. Muitos críticos de games acham erroneamente que um bom chefão é aquele capanga que comeu muito Whey Protein e Creatina. MENTIRA! Um bom chefão é aquele que te faz testar a sua habilidade no game e os poderes do protagonista. Ou seja: é uma prova final de uma matéria escolar. Ouve só:


Coloquei só a música porque a batalha é uma evidente poluição visual. Que pena que eles não aprenderam a própria lição que supostamente estariam ensinando.

Mas o meu favorito da franquia está em Unleashed:


Trompetes iniciais para anunciar a aproximação do desfecho, sons cintilantes que funcionam como uma “retrospectiva” da grande aventura que teve, cada vez mais rápido e agudo para demonstrar uma apoteose. MAS ainda é uma fase um muita poluição visual.

OBS: Vale reforçar que, apesar de excelentes músicas, a luta em si tinha uma péssima jogabilidade, digna de ser banida via convenção de Genebra. Eu nunca falei em momento algum que os jogos mais recentes de Sonic sejam melhores do que os do Mega Drive porque realmente não são.

Acho que eu já deixei esse mito bem detonado. Um outro tópico que eu queria mencionar é a que, hoje em dia, a música clássica está sendo utilizada em excesso nos games. Eu não vejo que esse problema seja tão grande assim porque eu pessoalmente gosto de música clássica e também porque várias orquestras sinfônicas só estão funcionando por causa dos cachês dos games. O motivo é que me incomoda.

A questão é a de que música é uma representação artística com um formato sonoro. Como toda arte, elas passam uma mensagem ao ouvinte. Quando uma música clássica toca durante um filme/seriado/game, a mensagem que o diretor está dando é a de que aquilo é importante. E é por isso que incomoda: a indústria dos videogames tem um enorme complexo de vira-latas e é insegura de si mesmo e vive tentando convencer pessoas que não estão habituadas com videogames (especialmente cinéfilos) de que games são relevantes.

Um bom exemplo de música clássica está em Halo. Lá está demonstrando a importância do momento porque o destino do Universo está em suas mãos (apesar do universo de Halo não ser interessante, mas tudo bem).



OBS 1: Eu não sou um hipócrita em afirmar que existe alguma coisa de bom (mesmo que mínima) em uma franquia que estimula a ideologia neonazista. Você pode fazer bons filmes de mentalidade ultraconservadoras (Tropa de Elite e Cavaleiro das Trevas) como também pode fazer filmes ruins com mentalidade “esquerdista” (God Bless America).

OBS 2: Sim, eu vou ficar repetindo feito disco arranhado que Halo tem ideologia neonazista até alguém relevante na indústria de games ler isso. Eu, até hoje, não entendo como que apontar uma acidental mensagem subliminar de um desenho animado pode provocar tanta ira da Internet enquanto uma mensagem muito mais evidente partindo de uma das franquias mais influentes de videogames passa despercebido.

Voltando ao post...

Música clássica também pode ser usada para reforçar um ambiente pós-apocalíptico ou deprimente, como nesse caso aqui:

:'(

Quer saber em que momento realmente não está apropriado usar música clássica? No meio de uma batalha alucinante e explosiva diante de adversários  que são capazes de empalar ou fazer toque retal no planeta! Aí você está no calor da luta e, de repente, começa a tocar isso (a partir de 0:43):

WTF?

Não me leve a mal: A nona sinfonia de Dvorak é FODA! Antonin Dvorak é foda! Mas a dissonância entre os acontecimentos do jogo e a música são evidentes!

Eu já ia me esquecendo: Sonic já cometeu esse engano. A franquia teve seus altos e baixos. Certamente o seu ponto mais baixo foi no seu "reboot" que "rebootou" nada do ano de 2006 lançado em janeiro de 2007. Apenas aí já deixei evidente o motivo da pavorosa qualidade. Dito isso, ouve só a música introdutória:

Cai exatamente no estereótipo de "música clássica só para soar importante". Porque colocar uma música clássica para indroduzir um personagem que tem habilidade de "correr muito rápido"? Pior: é um misto com Hip-hop e Pop Rock. Se decidam!

Já deu pra entender que nem tudo se resume a música clássica: então, qual o melhor momento para determinado tipo de música? Depende da situação...

A franquia Mario sempre foi conhecida por priorizar diversão e sentimentos alegres, portanto faz mais sentido colocar uma música mais alegre, como, por exemplo, essa aqui (não coloquei a fase porque não é de uma fase específica):

^_^

Enquanto Devil May Cry, que tem um ritmo mais frenético, faria mais sentido colocar uma música mais rápida, já que a prioridade do game é ter reflexos. Eu prefiro o tom de “trash metal” do reboot do que o “death metal” dos originais porque o frenesi do baixo reforça ainda mais a necessidade de reflexo do que o batidão agudo da guitarra.

Música SSSensacional!

Você não precisa necessariamente colocar uma boa música: basta que ela se encaixe bem no game. Silent Hill tem várias músicas inaudíveis pela pavorosa qualidade se ouvido separademente, mas colocado dentro do game reforça a sensação de medo que o game transmite.


Sobre os chefões finais, eu tenho uma pequena quedinha por Death Metal porque é um gênero que, geralmente, é sobre batalhas épicas. Um exemplo óbvio é Guitar Hero, um simulador de guitarrista onde você toca uma música e, a cada fase, as músicas começam a ter um ritmo mais acelerado.

Quero ver você fazer 100% nisso!

Lollipop Chainsaw pode ser outro exemplo de bom uso de Death Metal em luta de chefão final já que aquilo reforça o tamanho estrago e poder de fogo do vilão que você está prestes a enfrentar (a partir de 1:50):

Estou ciente que também é Dragonforce.

Ok: você pode até mesclar Death Metal com música clássica para obter um resultado ÉPICO!

Desculpa esfarrapada para colocar o clipe do Sephiroth, eu sei.

Acho que já deu pra entender o que eu quis dizer e também deu para te entreter com esses 20 videoclipes. No próximo post, algo especial para vocês! *--*

E vou me despedir com isso! ^_^


5 comentários:

  1. https://www.youtube.com/watch?v=fKURvGuWOso

    Não é oficial, tá, MAS EU DESAFIO ALGUÉM OUVIR/ASSISTIR ISSO SEM CHORAR.

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    1. Ah, mas é fofinha (apesar de ter uma letra deprimente) :3

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  2. Ah mas a trilha orquestra do Rule of Rose não tem nada a ver mas é bem linda vai? :3

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  3. o jogo que mais gosto de jogar ouvindo a musica do jogo é GOLDEN AXE pra mega drive, a trilha sonora é totalmente épica, eu conheço uma banda nazista de black metal chamada aryan terrorism que fez um riff copiado da melodia de ANCIENT RUINS do GOLDEN AXE 2, a musica se chama TOTAL WAR, caso voce queira procurar no youtube, embora eu saiba que voce é esquerdista. eu não sou direita nem esquerda, sou apolítico e misantropico.

    meu jogo preferido são os 4 primeiros sonic pra mega drive, e eu gosto de jogar sonic ouvindo thrash metal e war metal mesmo, que são estilos de música extremamente rapidos, cheios de ação, energia etc perfeito pra jogar sonic, sendo melhor ouvir metal extremo jogando sonic do que ouvir a propria trilha sonora do jogo. jogos rapidos são divertidos, tambem gosto de cruis 'n usa que jogo no project 64, embora meu project64 tenha dado merda aqui, voce ter que deletar e baixar denovo.

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