quinta-feira, 26 de junho de 2014

Essa é a Copa mais Latina de todas?

OBS: Apesar de Costa Rica e México jogarem, segundo a FIFA, na CONCACAF (América do Norte e Central), vou considerar nees texto como Latinos porque são países da América Latina. OK?

O que tem sido muito comentados em blogs esportivos e até mesmo em blogs de política é a de que essa Copa do Mundo é a mais latina de todas não apenas por estar sediada em um país da América latina e pela presença maciça de torcedores de países latinos, mas também por seu rendimento em campo. Sobre essa afirmação, eu concordo parcialmente.

Vamos ver como ficou o cruzamento das oitavas de final:



Temos 7 latinos, 6 europeus, 2 africanos e 1 norteameticano.

Pela primeira vez em uma copa do mundo, o número de latinos ultrapassa o de europeus nas oitavas de final. Em 2010, eram seis para cada continente; enquanto em 2006, sediada em um país europeu, teve apenas 4 latinos (Argentina, México, Equador e Brasil). Ainda não dá para falar em "evolução do futebol latino", porque desde 1986 (primeira copa com oitavas de final) sempre tiveram 5 latinos nessa fase (Em 1994 e 2002 tiveram 3 latinos).

Ou seja: o número de participantes latinos vêm oscilando e esse pequeno acréscimo é devido ao perfil da torcida local. A torcida africana também era agitada, lembra das vuvuzelas? Pois é...

Porém essa copa pode se tornar mais latina. Observe a tabela de cima com mais detalhes:

Se dividirmos em quatro chaves, teremos em uma delas formada apenas por sulamericanos (Brasil, Chile, Colômbia e Uruguai), e quem ganhar nessa chave se torna automaticamente um semifinalista. E aí que entra uma informação curiosa: desde 1986 sempre teve um e apenas um semifinalista da América do Sul (exceto 2006, que nenhum sulamericano chegou nas semis).

Tirando os latinos dessa chave, temos mais três: México, Costa Rica e Argentina. Se uma dessas seleções chegarem as semifinais, teremos dois semifinalistas latinos. Ou seja: a Copa com o melhor rendimento dos Latinos desde que foi disputada com oitavas de final.

Ou talvez tenha uma melhor participação nas quartas: em 2010, foram classificados 4 seleções latinas para as quartas (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). Temos 2 certeza de quartas (no confronto direto na chave anteriormente citada), e dois favoritos a ganhar (Argentina e Costa Rica). Se México surpreender diante da Holanda e os favoritos ganharem, teremos 5 latinos nas quartas e a sua melhor representação em Copas.

Outro ponto importante a ser mostrado é a participação dos africanos. Desde 1986, sempre teve um e apenas uma seleção africana nas oitavas de final. Nessa copa temos dois (Nigéria e Argélia): algo inédito no futebol africano. Se um deles chegar as quartas, igualará o maior feito que uma seleção africana já conseguiu em uma Copa (Camarões 1990, Senegal 2002 e Gana 2010), mas é altamente improvável considerando seus adversários.

Eu não vou comentar muito sobre asiáticos porque a sua presença em oitavas foram quase sempre exceções do que regra: Arábia Saudita em 1994 enquanto Coréia do Sul e Japão conseguiram em 2002 (anfitriões) e em 2010. Apenas Coréia passou de fase em 2002.

Então, completando a resposta da pergunta do título: eu concordo parcialmente porque a Copa ainda está em andamento, mas estamos encaminhando para isso.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Como seria a Copa e a Seleção do Brasil das Tordesilhas?

Se o Brasil de hoje em dia tivesse as mesmas divisas do antigo Tratado das Tordesilhas, a Copa e a Seleção não seria muito diferente da de hoje, ignorando consequências sociais, econômicas e políticas.


Das 12 cidades-sedes da copa do mundo, 9 delas estão dentro da América Portuguesa, tendo Manaus, Cuiabá e Porto Alegre para o lado espanhol. Como a FIFA tinha aconselhado 8 cidades-sedes (Brasil insistiu com 12), teríamos o luxo de remover uma sede. Essa pode ser ou Curitiba (a sede mais próxima da linha) ou Brasília (como uma maneira mais fácil de dividir entre as repartições do sul e a do norte).

Agora, vamos a Seleção. Também não mudaria muito. Esse seria a provável escalação da seleção da América Portuguesa:


GOLEIROS:

Júlio César
Jefferson
Diego Cavalieri (Victor e Fábio não estariam elegíveis)

ZAGUEIROS:

Thiago Silva
David Luiz
Dante
Réver (Henrique e Miranda não elegíveis)

LATERAIS:

Daniel Alves
Marcelo
Maxwell
Marcos Rocha (Maicon, Jean e Rafinha não elegíveis)

MEIAS:

Luiz Gustavo
Ramires
Paulinho
Hernanes
Willian
Oscar
Elias (Fernandinho, Lucas Leiva e Fernando não elegíveis)

ATACANTES:

Neymar
Hulk
Fred
Bernard




Então, como explicar a pequena mudança? Vou fazer isso separando a naturalidade de cada jogador, vendo em qual estado cada um nasceu. E olha só o que eu percebi:


SÃO PAULO - 9 (Jefferson, Victor, David Luiz, Luiz Gustavo, Paulinho, Willian, Oscar, Neymar e Jô)

RIO DE JANEIRO - 4 (Júlio César, Thiago Silva, Marcelo e Ramires)

MINAS GERAIS - 2 (Fred e Bernard)

BAHIA - 2 (Dante e Daniel Alves)

PARANÁ - 2 (Henrique e Fernandinho)

OUTROS - Rio grande do Sul (Maicon), Paraíba (Hulk), Pernambuco (Hernanes) e Espírito Santo (Maxwell).


Como deu para perceber, a seleção brasileira estaria concentrada com os jogadores do Sudeste, com 16 representantes. Aí você iria dizer que estaria "proporcional a população brasileira", já que é a região mais populosa. Isso não é verdade porque, se fosse, Minas Gerais cederia bem mais jogadores por ser o segundo estado mais populoso e não o Rio. São Paulo tem 20% da população brasileira (IBGE 2013) e cede 39% dos jogadores e o Sudeste tem 42% da população brasileira (IBGE 2013) enquanto cede 69% dos jogadores.

Esses números ilustram o óbvio: a de que o Brasil se desenvolveu muito mais nos litorais do que no interior e isso também se reflete no futebol, onde jogam os maiores clubes do país. Só achei que fosse uma curiosidade colocar essa hipotética escalação para vocês, leitores!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Fã de esporte também é Nerd

Eu já disse anteriormente que a sensação de bullying por seguir tendências que não sejam muito populares faz parte da identidade Nerd. Porém, muitos nerds são arrogantes e exibidos, se achando mais inteligentes do que as outras pessoas só por causa disso. Sério.

A grande maioria dos nerds agem como se “eu sou mais inteligente do que você porque eu assisto Star Trek enquanto você assiste o Corínthians” fosse um argumento válido, se esquecendo que os dois últimos filmes do Star Trek eram alienantes e que você pode avaliar o futebol taticamente.

Sobre essa última informação, eu tenho uma coisa a te dizer: Fãs de esporte também são nerds. Quase tudo que existe na “cultura nerd” também tem algo de similar com os fãs de esporte.

Nerds fazem cosplay de seus personagens de animes favoritos, enquanto os fãs de esporte fazem cosplay de seus jogadores de futebol favoritos. Nerds jogam RPGs ao estilo “Dungeons & Dragons” com vários números no perfil do personagem enquanto fãs de esporte fazem contas cheias de números em seus simuladores.

Nerds fazem crossovers imaginando confronto entre dois personagens fictícios, fãs de esporte fazem bolão imaginando confronto entre duas equipes. Nerds gostam de calcular força e velocidade dos personagens, fãs de esporte calculam a distância percorrida e a velocidade do chute de um jogador.

Nerds tem podcasts, fãs de esporte tem programas esportivos de rádio. Nerds tem webcomics zoando a “dissonância ludonarrativa” dos games, fãs de esporte tem charges que zoam os times perdedores. Nerds tem action figures de personagem, fãs de esporte tem mascotes de times. Nerds adoram franquias como “Star Trek” e “Star Wars”, os fãs de esporte tem “FIFA” e “PES”. Nerds tem adoração por Superman ou Goku, fãs de esporte tem por Pelé ou Senna.

Então por que os Nerds insistem em dizer que os fãs de esporte são seus “inimigos” quando temos tanta coisa em comum? Antes que alguém venha com o papo de macho alfa e beta, eu tenho que dizer que tem muito nerd que é extrovertido e/ou tem porte atlético enquanto tem muito fã de esporte (eu não estou me referindo a atleta) que são introvertidos e/ou franzinos.

Para terminar: os ingleses costumam chamar os fãs de esporte de “Sport Nerds”. Então, vamos todos fazer nerdiçes juntos?

domingo, 15 de junho de 2014

Opinião sobre a E3 - Dia 3 e 4

Como prometido, vou terminar o post. Considerando que eu já dei a opinião nas cinco maiores empresas de games e estamos em plena Copa do Mundo (só tem jogão), vou ser breve:

Konami, especialista em fazer merda, conseguiu se superar esse ano com um marketing pavoroso (lançando todos os games do Silent Hill em um mês) e lançando games incompletos (PES 2014 e Ground Zeroes) ou misóginos (Blades of Time). Não seria de espantar que a Konami batesse as botas esse ano.

Está bem: eu estou ciente que eles anunciaram Metal Gear Solid 5: The Phantom Pain, mas eu não estou interessado nisso. O problema é que se você tiver que falar qualquer coisa de um game e a primeira coisa que vier na sua mente é "gráfico", provavelmente a jogabilidade não é boa.

Capcom foi bem político, com um exclusivo para cada console: Monster Hunter 4 para a Nintendo, Dead Rising 3 para a Microsoft e Deep Down para a Sony. E, é claro, Resident Evil 7 (como se não tivesse o suficiente).

A Square Enix, grande empresa de JRPGs, não fez comentários sobre Kingdom Hearts 3 ou Final Fantasy XV, mas anunciou Kingdom Hearts 2,5 , que seria um game para PS3 que teria todos os games portáteis que, canonicamente, estaria entre o 2 e o 3. Eu entendo porque eles não colocaram para Xbox 360: o público-alvo de lá é muito "japanofóbico", que adora reclamar dos "cabelos esquisitos e afeminados" dos protagonistas (óbvio que eles amam protagonistas com o corte militar, eles tem um fetiche de guerra).

A Steam não apenas lançou o SteamBox, mas também lançou o SteamBoy, que seria uma versão portátil. Uma coisa que eu não entendo é porque as empresas de games insistem em lançar máquinas portáteis que rodam apenas games em um mundo onde se tem smartphones e tablets. Nintendo, que está nesse mercado há décadas, teve que colocar 3D, lançar os melhores games da década e fazer um corte maciço nos preços para sobreviver nesse mercado.

Além de Arkham Knight (mencionado no outro post), a Warner anunciou Mortal Kombat X Witcher 3. Posso dizer que gostei nada dos dois. O último Mortal Kombat foi um grande sucesso porque foi, basicamente, uma "volta as origens". Fazer algo mais "extremo" e "realista" faria com que Mortal Kombat perdesse a sua alma. E nunca fui fã de Witcher por não gostar de RPGs amarronzados.

A Sega, que tem uma quantidade imensa de IPs, prefere fixar no Sonic. Dessa vez, o game anunciado foi Sonic Boom. O engraçado é perceber que, julgando pela evolução do personagem, Sonic está a dois games de virar um Otto Rocket de moicano azul.



Como a Sega não cansa de ordenhar Sonic ao máximo nos games, eles também anunciaram um filme do personagem (porque, se Rachet e Clank podem, o Sonic também pode). O grande problema que os produtores do filme vão encontrar é a que o roteiro de Sonic é péssimo até para os padrões de videogame e tem os coadjuvantes mais irritantes da história dos videogames (Tails seria praticamente a única exceção). O "filme" em questão seria feito pela Sony. Portanto, vão vender com um "Dos mesmos produtores de A Era do Gelo e Rio".

Antes de terminar o post, eu PRECISO falar sobre a estúpida desculpa que a Ubisoft deu sobre a falta de personagens femininos em Assassin's Creed Unity: dá muito trabalho. Já falei que eles recriaram Paris do século XVIII com extremos detalhes, mas eu esqueci de falar uma outra coisa: apesar de a franquia ser sobre revoluções, a revolução francesa também foi conhecido por ter vários movimentos femininos também.



Um dos movimentos mais importantes da Revolução Francesa foi a Marcha das Mulheres sobre Versalhes, onde mulheres do mercado se revoltavam com o aumento do preço do pão. Considerando que a franquia é sobre assassinos, eles omitiram a mais importante da época: Charlotte Corday. Pelo visto, eles não estudaram História direito: dava muito trabalho.



Considerando que eu falo um bocado sobre super-heróis no meu blog, vou terminar falando que o primeiro super-herói a ser criado (que inspirou Batman e, consequentemente, Ezio, o protagonista mais icônico da franquia) foi o Pimpinela Escarlate. E quem escreveu foi a baronesa Emma Orczy.



ISSO MESMO: UMA MULHER INVENTOU O CONCEITO DE SUPER-HERÓI.

Tome vergonha na cara, Ubisoft.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Opinião sobre a E3 2014 - Dia 1 e 2

Falta 1 dia para começar a Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Todo o mundo está falando sobre isso... exceto os EUA, onde está acontecendo essa semana a Eletronic Entertainment Expo, a E3, a maior conferência anual de videogames e o evento de grande porte mais misógino do planeta. O outdoor deixa bem claro a mensagem: “Território de homens brancos zangados: mulheres e negros não são permitidos”

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E o interior confirma: é o único lugar DO PLANETA em que o banheiro masculino fica com uma fila imensa enquanto o feminino fica vazio.

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Olha: eu não estou com paciência e nem com clima de falar sobre esse evento em plena Copa do Mundo aqui no Brasil, mas alguém precisa postar algumas notícias sobre o maior evento de games em um blog “female-friendly” aqui no Brasil (além da Flávia Gasi, of course) com um termo que “leigos” de videogames entendam. Então, vamos lá:

OBS: eu não vou falar de TODOS os lançamentos, já que quase todos são meras cópias de seus antecessores com apenas os gráficos mais “bonitinhos”. Vou citar apenas aqueles que me deram vontade de comentar ou aqueles que eu acho interessante (SPOILER: quase nenhum).



Dia 1 – 09/06

A primeira “grande” (termo usado para quem desenvolve games e consoles: são três no total) a se apresentar foi a Microsoft. Mesmo em um evento de games e sua máquina (Xbox) ser associada mundialmente com videogame, eles ainda insistem em falar de OUTRA COISA, como se tivessem vergonha de admitir que fazem videogame. Então, se tivesse que escolher um game para começar, qual seria?

Óbvio que tinha que começar com Call of Duty. Sem sombra de dúvida a franquia mais relevante de games para console hoje em dia (além do Mario) anuncia o nome do seu próximo game: Advanced Warfare. O nome, em si, parece uma piada da própria franquia.

E, para anunciar isso, contrataram Kevin Spacey (leia-se “aquele cara do House of Cards”) para ser o garoto-propaganda do próximo game. Ok, confesso que ir de um criminoso de guerra para um ator que interpreta um político ganancioso é uma evolução considerável. Afinal de contas, não tinha como piorar.

O game em si vocês já sabem como a franquia funciona: a mesma coisa ano após ano com mapas reciclados de games antigos e gráficos mais “bonitinhos”. E, como foi a Microsoft que anunciou o game (Call of Duty é da Activision), a versão da Xbox One vem mais “completo”.

Forza Horizon 2: porque se você for um homem e não gostar de guerra, tem automóvel para você correr! Affz...

Halo 5. Óbvio que a Microsoft lançaria mais um game da galinha dos ovos de ouro da empresa. Se não fosse por Halo Xbox nunca faria sucesso, Microsoft não estaria no ramo dos games e o Japão ainda seria a maior potência de games.

Agora, vamos falar da Ubisoft. Ok, óbvio que tiveram outros games anunciados para o Xbox One, mas nenhum que justifique a compra de um console novo. Sunset Overdrive talvez seja o que seja mais perto de convencer já que, além de ter mais cores do que todos os outros títulos anunciados somados, parece uma mistura de Dead Rising com Jet Set Radio e... aquele ali não é o Neymar? Já estou pensando em Copa do Mundo.



Agora, falando de Ubisoft. Assassins Creed Unity (ou 5) vai focar a sua história na Revolução Francesa. Apesar de eu achar que essa é a melhor época possível para criar uma história dessa franquia, eu já perdi as esperanças. Essa franquia segue o mesmo rumo de franquias de filmes como Jogos Mortais e Piratas do Caribe, que tem sequência enquanto tiver audiência. O problema com essa estratégia é que o game não tem um fim: apenas um meio bem alongado.



OBS: nesse game você pode escolher um protagonista dentre as quatro opções fornecidas. Todos os quatro são homens brancos. Fica a dica. “Ah, mas fazer um personagem feminino dá trabalho!” Como se recriar Paris do século XVIII inteira com detalhes impressionantes não dessem. Pelo menos justifica o nome Unity.

Foi anunciado o vilão do novo game Far Cry 4. E ele se parece...



...com alguém tentando fazer cosplay de um vilão de shonen dos anos 90. Pra quem não sabe, se alguém no mundo dos games se veste de lilás, só pode significar duas coisas: ou está dizendo que “ele é vilão por ser gay” ou é uma homenagem a Saints Row (que é o contrário de homofóbico).

Rise of Tomb Raider: esse funciona como uma sequência do game lançado ano passado. O anúncio foi polêmico, já que a sinopse envolve a Lara Croft (protagonista) consultando um psicólogo para superar os traumas que ela sofreu no game anterior.

A polêmica reside no fato de ela procurar um psicólogo para lidar com o trauma por ser mulher e, se fosse homem, não precisaria disso. Em minha humilde opinião, ninguém deve ser considerado fraco por procurar psicólogo. O problema está no fato que a grande maioria dos protagonistas masculinos de videogame terem transtornos de agressividade tratáveis com psicoterapia optarem por não ir ao psicólogo. Eu estou falando especialmente com você, Kratos.

Em Rainbow Six: Siege, existe um modo de jogo “pique bandeira” onde a mulher é a “bandeira” do jogo. Eu não estou brincando. UM PIQUE-BANDEIRA ONDE A MULHER É A BANDEIRA. Não tem como o corpo da mulher ser mais objetificado do que criar um pique bandeira onde o seu corpo é a bandeira. E eu achando que Fat Princess era o ápice...

Mas não tema porque, segundo a própria Ubisoft, ela não está sendo misógina porque ela colocou uma mulher para apresentar o novo game do Just Dance. Cara Ubisoft: reforçar estereótipo de gênero ainda é sexismo se você ainda não sabia.

Agora, a EA. Eu não tenho muito o que falar, já que estão anunciando os mesmos games (FIFA 15, Madden 15, Mass Effect 4, The Sims 4, Dragon Age Inquisition...) ano após ano, com duas exceções. Uma boa e outra má: qual você escolhe?

Vamos começar com a má. Battlefield: Hardline mostra que a principal concorrente de Call of Duty desiste de competir de frente e resolve ser, basicamente, um jogo de “polícia e ladrão”. E como venderam essa ideia? Postando um vídeo onde um homem branco dá uma surra em um negro. SÉRIO! Ninguém percebeu esse dado tão polêmico e... racista?



A boa é “Mirror's Edge 2”. Eu até gostei de uma protagonista feminina em que não seja dependente de um homem, mas eu realmente acho que o primeiro game não funciona simplesmente porque em um parkour você precisa saber aonde está pisando. Vamos ver se o segundo conserta isso.

A segunda “grande” a apresentar foi a Sony. Diferente do ano passado, cuja estratégia foi humilhar a concorrente direta Microsoft, percebeu que a adversária é um alvo fácil demais de ser humilhada (mas mesmo assim humilhou um pouco com alguns games gratuitos) e focou no que ela tem a oferecer.

Se Microsoft tem o Call of Duty mais “completo”, Sony terá o Batman: Arkham Knight mais “completo”. O game parece uma mistura de Christopher Nolan e Michael Bay. Pra quem não entendeu: parece ruim. Ok, a jogabilidade não deve ser ruim mas a sua estética é pavorosa.

Começando com The Order: 1886, que parecia ser de zumbi até ser anunciado que é sobre monstros devoradores de carne humana. Seguindo com Destiny, que parece ser um Halo menos fascista, Infamous: First Light (que é uma prequência da franquia) e o remake de Grim Fandango. Repetindo: remake de GRIM FANDANGO!

E, é claro, são os indies que fazem a Sony ter uma apresentação superior à da Microsoft. Os títulos variam desde Entwined (que eu não sei descrever: assista o vídeo)...



… até o (que mais apreciei) No Man's Sky.



Mas nem tudo são flores: a única mulher protagonista dos games da Sony está no First Light, a remasterização de The Last of Us não faz sentido, já que o game não é bom pra isso tudo, Uncharted 4 vai existir e eu não entendi como pretendem fazer um bom filme baseado em Rachet e Clank (não me leve a mal: a franquia é engraçada e divertida, mas não tem um bom roteiro).

Quem dera se, invés da Sony administrar a vitória ela resolver liquidar de vez tornando o PS4 retocompatível com o PS3, 2 e 1... OH WAIT! Playstation Now! Um serviço de streaming de games! É quase isso, mas acho que dá pro gasto.



Dia 2 – 10/06

E esse é o Dia da Nintendo, terceira e última “grande” a se apresentar. Quase todo mundo estava apostando em um fracasso da empresa ou em um anúncio de outro console para substituir o Wii U (e admitir o fracasso). E não foi isso que aconteceu. Considerando que Sony e Microsoft estagnaram no “homem branco hétero de 30 anos de barba feita pouco cabelo e com transtorno de agressividade”, a mera existência da Nintendo parece algo revolucionário.

Começando com Bayonetta 2 (será exclusivo porque a Sega não conseguiu manter a produção). Como eu tinha dito em um post anterior, ela é uma personagem que precisa ser melhor e mais aproveitada.

Splatoon é um shooter em que você usa armas de paintball e esguicho d'agua. É irônico perceber que, dentre tantos shooters que temos por aí, aquele que é o mais inovador é aquele feito pela Nintendo.

Mii jogáveis em Smash Bros, um editor de níveis Mario Maker e um novo game do Star Fox? Prevejo que isso será um sucesso de público...

Captain Toad, Kirby and the Rainbow Curse, Yoshi Wooly's World e Pokémon Sapphire/Ruby: Nintendo sendo Nintendo.

OBS: “Ser Nintendo” significa lançar vários games com o mesmo protagonista com pequenas variações de jogabilidades e mudanças significativas na estética e no level design.

Mas o que eu REALMENTE quero falar sobre a Nintendo é sobre o novo game da franquia Zelda. Eu não estou me referindo a sua jogabilidade ou a sua estética, mas sobre o protagonista. Ou melhor: a protagonista.

Link, apesar de ser masculino, sempre foi um personagem com aparência andrôgina, ou seja, nada nele diz que ele é um personagem masculino ou tem seus principais atributos atrelados a masculinidade. Mas veja só essas imagens:

Link, personagem principal de "The Legend of Zelda" em novo jogo da franquia para o Wii U (Foto: Divulgação/Nintendo)



Mais alto e magro, sobrancelhas mais delicadas, rabo de cavalo, cintura mais fina, orelhas mais altas e pontiagudas (os fãs da franquia veem isso como um código de gênero biológico), usa um arco invés de uma espada e segura de uma maneira mais parecida com a Katniss do que com Legolas. Ou seja...

LINK É (provavelmente) UMA MULHER NESSE JOGO!

Se o segundo personagem (ou terceiro) mais importante da história dos videogames pode ser transformado em uma mulher, o que impediria os outros games de TER mulheres? Hein? Não é tão difícil assim!

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Olha: eu sei que o motivo de grande maioria das desenvolvedoras de games boicotarem a Nintendo é porque quando ela tinha o monopólio do mercado de games ela usava e abusava de seu poder; mas fazer um boicote a essa altura do campeonato vai dar a impressão de que os desenvolvedores têm MEDO de qualquer avanço social e preferem a estagnação.

OBS: A Sony disse que ia fazer uma grande surpresa para o público da América Latina no final desse dia. E a grande surpresa foi... NADA! Meia dúzia de games com descontos e mais nada!

E termino por aqui. O post está grande demais. No final de semana eu posto a segunda parte, com os anúncios do terceiro e quarto dia. Até lá, boa copa!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Como seria a seleção da Iugoslávia?

Faltam sete dias para começar a Copa do Mundo.

O jogo de estreia do Brasil vai ser contra a Croácia, enquanto a rival local Argentina vai estrear contra a Bósnia, exatamente o outro país da antiga Iugoslávia que classificou para a Copa do Mundo.

Espere aí... IUGOSLÁVIA???

Como seria a seleção da Iugoslávia se ela não tivesse fragmentado? Vou colocar aqui a possível escalação dessa seleção:



GOLEIROS:

Samir Handanovic (Eslovênia / Internazionale)
Asmir Begovic (Bósnia / Stoke City)
Stipe Pletikosa (Croácia / FC Rostov)


ZAGUEIROS:

Neven Subotic (Sérvia / Borussia Dortmund)
Dejan Lovren (Croácia / Southampton)
Marko Basa (Montenegro / Lille)
Stefan Savic (Montenegro / Fiorentina)
Vedran Corluka (Croácia/ Lokomotiv Moscou)


LATERAIS:

Branislov Ivanovic (Sérvia / Chelsea)
Darijo Srna (Croácia / Shaktar Donetsk)
Aleksandar Kolarov (Sérvia / Manchester City)


MEIAS:

Nemanja Matic (Sérvia / Chelsea)
Miralem Pjanic (Bósnia / Roma)
Luka Modric (Croácia / Real Madrid)
Ivan Rakitic (Croácia / Sevilla)
Dujan Tadic (Sérvia / Twente)
Josip Ilicic (Eslovênia / Fiorentina)
Senad Lulic (Bósnia / Lazio)
Zvjezdan Misimovic (Bósnia / Guizhou Renhe)


ATACANTES:

Mario Mandzukic (Croácia / Bayer Munique)
Edin Dzeko (Bósnia / Manchester City)
Stevan Jovetic (Montenegro / Manchester City)
Vedad Ibisevic (Bósnia / Stuttgart)


TITULARES (4-4-2):

Handanovic; Subotic, Savic, Ivanovic e Kolarov; Matic, Pjanic, Modric e Rakitic; Dzeko e Jovetic.



VEREDITO FINAL:

Croácia, Bósnia e Sérvia formam a base da seleção da Iugoslávia, como sempre foi (sete, seis e cinco membros, respectivamente). Com Pandev cortado por motivos técnicos, a Macedônia não tem representantes na seleção. Também como antigamente, a seleção da Ioguslávia tem uma mentalidade ofensiva com vários jogadores de qualidade no ataque e no meio de campo.

Decidi colocar Dzeko e Jovetic no ataque apenas por questão de entrosamento (ambos jogam no mesmo clube), já que Mandzukic também teria vaga em qualquer outra seleção no planeta. Com Matic, Pjanic e Modric, é possível fazer uma trinca de volantes que, além de ajudar na fraca defesa, priorizam o toque de bola e podem auxiliar o Rakitic na armação de jogadas.

O grande ponto fraco dessa seleção é que, além de sua zaga não ser do mesmo nível do que de outros times, quase nenhum dos jogadores citados tem como qualidade a jogada pelas laterais, sendo um ponto fraco facilmente explorado pelos adversários.

Essa seleção estaria com um nível pouco acima de Bélgica, Suiça e Colômbia; no mesmo nível de Itália, Inglaterra e França, mas ainda estaria um degrau abaixo das favoritíssimas Espanha, Alemanha e Brasil.

Pelo menos não teremos que enfrentar essa pedreira.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Superhero Junkdrawer

Esse é o 50º post do blog!

:D

E com 5.000 visualizações totais!

:D     :D     :D     :D     :D

Hoje eu vou fazer algo diferente. Eu vou juntar todos os assuntos que eu gostaria de abordar sobre super-heróis que não são grandes o suficiente para ter um post próprio, ok? Então, vamos começar:

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Se seguisse ao pé da letra, a Kriptonita deveria ser um minério composto de kriptônio. Porém, temos dois problemas: o primeiro é a que o kriptônio é um gás nobre, o que impossibilita fazer ligações químicas e, consequentemente, ter uma forma sólida. O outro problema é que o kriptônio não é radioativo e a pedra ficcional seria radioativa o suficiente para quebrar Superman (apesar de a pedra não ter efeito em humanos).

Eu estou ciente que, em nenhum momento, a DC usou a palavra kriptônio para descrever o conteúdo da kriptonita. A única semelhança entre os dois está no sufixo grego “kripto”, que significa “obscuro”. Mas seria um bom exercício mental tentar associar as duas coisas.

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Não aguento mais os nerds falarem que “Superman é um personagem forte demais para ser interessante”. Isso não é verdade. As histórias literárias mais interessantes feitas pela humanidade envolviam deuses gregos e eles eram imortais. O que torna Superman interessante é que ele, apesar de ter poderes o suficiente para resolver qualquer tipo de problema, ele é incapaz de resolver todas as mazelas do planeta. Superman é um personagem desinteressante quando colocado em combate porque ele não foi feito para batalhar: ele foi feito para salvar pessoas e inspirar elas a fazer o bem.

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Já percebeu que todos os personagens femininos da DC já foram “hipersensualizadas” e são “bissexuais até que se provem o contrário”? Até mesmo Amanda Waller, que é uma mulher que foge muito do padrão de beleza, acabou de ser “hipersensualizada” no novo reboot da DC: os Novos 52.

Mas eu tenho uma boa notícia: a única personagem que nenhum desenhista ousou sensualizar até hoje é Lois Lane. E o motivo é a de que ela é o ícone máximo do feminismo dos quadrinhos de super-heróis. Digo, ela TRABALHAVA como repórter na DÉCADA DE 20, muito antes dos primeiros movimentos feministas, onde mulheres ainda lutavam para ter direito ao VOTO! Além disso, ela não ia para o perigo porque ela queria “se jogar nos braços do Superman”: ela fazia porque era o EMPREGO dela!

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Sem desconsiderar o comentário anterior, eu acho que Superman funcionaria muito melhor como solteiro. Seria muito egoísta da parte dele, por exemplo, evitar um acidente de trem porque estava ocupado demais namorando ou porque estava em uma discussão de relacionamento.

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O motivo pelo qual Lex Luthor é um vilão interessante é que ele SABE que Superman não vai ferir, torturar ou matá-lo, além de também estar ciente que Superman iria, no máximo, colocá-lo na cadeia. E, como sabemos que multimilionários nunca ficam na cadeia (principalmente os dos HQs), ele se sente impune. Matar Zod, como feito no último filme, iria intimidá-lo e fazer com que ele nunca seja um vilão do Superman. A não ser que ele coloque uma armadura ao estilo Tony Stark e troque socos, o que seria completamente desinteressante.

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Eu estou cansado e nauseado de Batman. Eu estou ciente de que ele é responsável pelo melhor filme de super-herói, melhor game de super-herói (o pódio inteiro, na verdade), melhor desenho animado de super-herói e melhor HQ de super-herói. Mas, mesmo assim, não daria para trocar o disco?

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Então, Flash vai ganhar um seriado de TV? Não sei como reagir a isso. Digo, ele tem um dos vilões mais interessantes e icônicos da história dos super-heróis, mas o Flash em si não é tão interessante assim. Mas, considerando que Bruce Wayne também é desinteressante e seus vilões também são icônicos, é só esperar para ver.

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Eu gostaria que a Mulher Maravilha no filme tivesse uma minissaia estilo-Amazona ou um short bem curto só para dar a mensagem de que “mulher que tem roupa curta não está pedindo”.

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Eu gostava muito da anime dos Jovens Titãs. E a integrante que eu mais gostava era a Estelar. O motivo: ela era, acima de tudo, uma humanitária. Ela não lutava para derrotar seus inimigos; ela lutava para ajudar os seus amigos (e seus poderes eram de caráter destrutivo). Ela hesitava e até abominava o uso de força bruta nas lutas e sempre investia muito mais no inocente que estava no meio do “fogo cruzado”. Eu sei que muitos falarão que ela cai no estereótipo de “mulher histérica” já que seus poderes são influenciados pelas suas emoções, mas acho que isso adiciona a personagem e não o contrário.

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Cadê o Super Choque? Eu gostava dele também. Ele era interessante porque ele não era “negro com alma de branco” e nem “estereótipo de negro”, sendo um super-herói completamente diferente dos outros. Seu ajudante, Gear, era basicamente um Tails humano.

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Melhor identidade secreta de todos os tempos? A do Capitão Marvel (SHAZAM). Digo, ele era um garoto que virava um super-herói quando gritava SHAZAM! Quem iria suspeitar disso?

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Apesar da HQ Watchmen ser foda, eu prefiro a versão do filme. O final faz muito mais sentido.

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Querido Facebook: eu não aguento mais ver notícia sobre o filme do Homem-Formiga. Ninguém pediu pra ter esse filme. Ele é chato pra caramba e desinteressante. O único momento em que Hank Pym (ou Pimpiririmpimpim, segundo Deadpool) teve uma história interessante foi quando ele bateu na mulher. Sim: super-heróis cometem violência doméstica. Nem mesmo o fato de “criar Ultron” fez dele interessante porque Tony Stark ou qualquer outro super-herói “genial” poderia ter feito isso. Hey, Marvel? Que tal fazer um filme da Miss Marvel ou da Mulher Hulk no lugar?

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Eu acho que Hulk funcionaria muito melhor no gênero de terror do que de super-herói. Digo, ele é uma aberração da natureza com um caráter descontrolado. Isso deveria ser algo temido. Principalmente considerando que Stan Lee se inspirou nos filmes de terror da década de 50 para criar o personagem.

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Quando anunciaram um ator negro para fazer o Tocha Humano filme do Quarteto Fantástico, uma metade (racista) da Internet reclamava da “falta de fidelidade” e a outra metade falava que ele poderia ser adotivo. O que aconteceu? O filme anunciou um outro ator negro para interpretar o pai dele e calar de vez com a crítica, dizendo indiretamente que a adotada era a Mulher Invisível, a irmã branca.

Quer saber uma outra maneira de zoar ainda mais os fãs? Fazer com que o Tocha Humana e o Coisa tivessem uma relação homoafetiva. Digo: nas histórias os dois agiam como se fossem irmãos, tendo momentos de companheirismo e de zoação. E então, ter uma relação amorosa com discussão de relacionamento seria MUITO diferente disso?

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Tangencialmente relacionado com o comentário anterior, muita gente defende o racismo, sexismo e a homofobia de um filme alegando “fidelidade” com a matéria-prima. Essa desculpa não cola mais. Eu vou usar um exemplo:

A “rainha do gelo” é um dos estereótipos mais sexistas feitos para uma personagem feminina. O termo era baseado no conto de fada “A Rainha do Gelo” de Hans Christian Andersen. A Disney fez um filme (vagamente) baseado nesse conto ano passado. O filme se chamava FROZEN! Sem mais, meritíssimo.

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Eu estou ciente que o Homem-Aranha solta teia devido a um dispositivo instalado no pulso, mas eu prefiro muito mais a versão orgânica dos filmes de Sam Raimi. Digo, Peter Parker era muito inteligente, mas não é para ser um gênio. Já existem vários no universo Marvel, como Tony Stark, Bruce Banner, T'Challa, Stephen Strange, Hank Pym e Reed Richards.

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Que bom que o mais recente filme do Homem-aranha não esteja fazendo tanto sucesso. Adicionando isso ao fato de Andrew Garfield tem contrato para apenas mais um filme e recusou renovar, posso dar uma sugestão que vai tornar a franquia bem mais interessante? Coloque Miles Morales!

Para quem não sabe, Miles Morales é o Homem-aranha do universo Ultimate. E ele é FODA! Negro, bissexual e cotista (pesadelo dos reaças), ele ganha os poderes aranha de forma idêntica ao Peter Parker. Foi testemunho da morte de Peter Parker e, com o peso na consciência de não ter ajudado o antigo Homem-Aranha, ele vive o legado ser o novo Homem-Aranha. Isso mesmo: quase a mesma coisa que Peter sofreu com o tio Ben.

É óbvio ululante que o Peter Parker representa o estereótipo de Nerd dos anos 60. Mas, considerando que esse estereótipo não é tão popular hoje em dia (fora de Big Bang Theory), Miles Morales é um bom exemplo para um super-herói “oprimido” do século XXI.

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Apesar de os Vingadores, os X-men e o Homem-aranha serem propriedade da Marvel, eu não acho que eles fariam sentido se pertencessem no mesmo Universo. Os Vingadores são universalmente adorados pelo povo local enquanto os X-men são universalmente odiados pelo povo local. Homem-Aranha tem uma relação mista, sendo adorado pelas pessoas com quem teve contato mas odiado pela mídia (Clarim diário) e pelas multinacionais (Oscorp).

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E, para encerrar:

SPOILERS DE X-MEN DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO

Eu mencionei em algum post no passado a presença de Mansplanning. A questão é que o Mansplanning não está no discurso e nem explícito no filme. O Mansplanning está no fato de que todas as pessoas que estavam tentando parar a Mística eram homens e que ela era a única mulher mutante de destaque no passado (Kitty Pride, Tempestade e Blink, as outras mulheres do filme, apenas existiam no futuro), dando uma mensagem subliminar de que “mulher forte e independente precisa ser detida porque só faz besteira”, que é bem assustadora.

domingo, 1 de junho de 2014

Música nos games

“Porque hoje em dia as músicas nos games não são tão boas quanto antigamente?”

Que perguntinha irritante! Não vou responder porque a premissa da pergunta é falsa. Nunca na história dos videogames a música era tão boa quanto hoje. Ou você realmente acha, sem ironias, que isso...
...é melhor que isso?


Eu entendo o motivo dessa impressão. “Gamers” costumam usar palavras erradas para o que eles querem dizer, assim como em gráficos invés de estética, imersão invés de engajamento e vício invés de compulsão. A palavra aqui não é “boa”, mas “memorável”.

É fato que as músicas nos games antigos são mais memoráveis, mas não é porque sejam melhores mas porque são mais simples e mais fáceis de memorizar.

Antigamente, não tínhamos a mesma tecnologia e capacidade de armazenamento de hoje em dia (dãã). Portanto, para fazer um jogo que dure mais era preciso que aumente a sua dificuldade e fazer mais simples a sua música. Quase todas as músicas retrô de games se resumem a usar o mesmo tom várias vezes em ritmos variados.

Isso mesmo: é um truque mental. Com músicas mais simples, fica mais fácil de memorizar e, consequentemente, lembrar por muito tempo. E adicione ao fato de só ser possível anatomicamente para um ser humano produzir um tom por vez. Tente com esses três:

TAN TARAN TARAN TA... TA

TAAAAN TARAAN TAN TATATATATANTAN TARNTANTAN TAN TA... TA

TARARARARANAN TARARARARANAN TARANTAN TARARARARANAN TAN TAN TAN TAN...

Com acesso a mais tecnologia, recursos e orquestras sinfônicas, as músicas se tornaram mais complexas e de difícil memorização, mas com um melhor conteúdo. Quero ver você tentar fazer o mesmo exercício com isso:

MINDBLOWN! Ou melhor: VOCALCORDBLOWN!

Quer saber uma boa franquia no qual você pode analisar muito bem a evolução das músicas nos videogames? Sonic! Eu não estou de zoação: as músicas do Sonic realmente mudaram para melhor (nunca eram ruins), apesar de o resto ter piorado.

Para começar, a primeira fase:


Errr... legalzinha, mas mostra-se completamente dissonante os toques eletrônicos com a corridinha no bosque que a fase demonstra. Vamos ver agora, sem muitas limitações tecnológicas, como que ficaria:

Escape from the city! :D

Muito melhor. Sem as limitações, os criadores puderam colocar uma música que combinasse mais com o estilo descolado do Sonic. Pop rock faz muito mais sentido para a franquia do que eletrônico. Mas, mesmo assim, era possível fazer boas músicas com recurso limitado, como por exemplo, o chefão final de Sonic 3. (começa no 2:35)


Música com caráter assustador no início para acelerar o ritmo no final para dar um caráter frenético. Assim que se faz uma música de chefão!

Um outro bom exemplo está em Sonic Heroes exatamente porque a música NARRA como que se faz uma boa luta de chefão. Muitos críticos de games acham erroneamente que um bom chefão é aquele capanga que comeu muito Whey Protein e Creatina. MENTIRA! Um bom chefão é aquele que te faz testar a sua habilidade no game e os poderes do protagonista. Ou seja: é uma prova final de uma matéria escolar. Ouve só:


Coloquei só a música porque a batalha é uma evidente poluição visual. Que pena que eles não aprenderam a própria lição que supostamente estariam ensinando.

Mas o meu favorito da franquia está em Unleashed:


Trompetes iniciais para anunciar a aproximação do desfecho, sons cintilantes que funcionam como uma “retrospectiva” da grande aventura que teve, cada vez mais rápido e agudo para demonstrar uma apoteose. MAS ainda é uma fase um muita poluição visual.

OBS: Vale reforçar que, apesar de excelentes músicas, a luta em si tinha uma péssima jogabilidade, digna de ser banida via convenção de Genebra. Eu nunca falei em momento algum que os jogos mais recentes de Sonic sejam melhores do que os do Mega Drive porque realmente não são.

Acho que eu já deixei esse mito bem detonado. Um outro tópico que eu queria mencionar é a que, hoje em dia, a música clássica está sendo utilizada em excesso nos games. Eu não vejo que esse problema seja tão grande assim porque eu pessoalmente gosto de música clássica e também porque várias orquestras sinfônicas só estão funcionando por causa dos cachês dos games. O motivo é que me incomoda.

A questão é a de que música é uma representação artística com um formato sonoro. Como toda arte, elas passam uma mensagem ao ouvinte. Quando uma música clássica toca durante um filme/seriado/game, a mensagem que o diretor está dando é a de que aquilo é importante. E é por isso que incomoda: a indústria dos videogames tem um enorme complexo de vira-latas e é insegura de si mesmo e vive tentando convencer pessoas que não estão habituadas com videogames (especialmente cinéfilos) de que games são relevantes.

Um bom exemplo de música clássica está em Halo. Lá está demonstrando a importância do momento porque o destino do Universo está em suas mãos (apesar do universo de Halo não ser interessante, mas tudo bem).



OBS 1: Eu não sou um hipócrita em afirmar que existe alguma coisa de bom (mesmo que mínima) em uma franquia que estimula a ideologia neonazista. Você pode fazer bons filmes de mentalidade ultraconservadoras (Tropa de Elite e Cavaleiro das Trevas) como também pode fazer filmes ruins com mentalidade “esquerdista” (God Bless America).

OBS 2: Sim, eu vou ficar repetindo feito disco arranhado que Halo tem ideologia neonazista até alguém relevante na indústria de games ler isso. Eu, até hoje, não entendo como que apontar uma acidental mensagem subliminar de um desenho animado pode provocar tanta ira da Internet enquanto uma mensagem muito mais evidente partindo de uma das franquias mais influentes de videogames passa despercebido.

Voltando ao post...

Música clássica também pode ser usada para reforçar um ambiente pós-apocalíptico ou deprimente, como nesse caso aqui:

:'(

Quer saber em que momento realmente não está apropriado usar música clássica? No meio de uma batalha alucinante e explosiva diante de adversários  que são capazes de empalar ou fazer toque retal no planeta! Aí você está no calor da luta e, de repente, começa a tocar isso (a partir de 0:43):

WTF?

Não me leve a mal: A nona sinfonia de Dvorak é FODA! Antonin Dvorak é foda! Mas a dissonância entre os acontecimentos do jogo e a música são evidentes!

Eu já ia me esquecendo: Sonic já cometeu esse engano. A franquia teve seus altos e baixos. Certamente o seu ponto mais baixo foi no seu "reboot" que "rebootou" nada do ano de 2006 lançado em janeiro de 2007. Apenas aí já deixei evidente o motivo da pavorosa qualidade. Dito isso, ouve só a música introdutória:

Cai exatamente no estereótipo de "música clássica só para soar importante". Porque colocar uma música clássica para indroduzir um personagem que tem habilidade de "correr muito rápido"? Pior: é um misto com Hip-hop e Pop Rock. Se decidam!

Já deu pra entender que nem tudo se resume a música clássica: então, qual o melhor momento para determinado tipo de música? Depende da situação...

A franquia Mario sempre foi conhecida por priorizar diversão e sentimentos alegres, portanto faz mais sentido colocar uma música mais alegre, como, por exemplo, essa aqui (não coloquei a fase porque não é de uma fase específica):

^_^

Enquanto Devil May Cry, que tem um ritmo mais frenético, faria mais sentido colocar uma música mais rápida, já que a prioridade do game é ter reflexos. Eu prefiro o tom de “trash metal” do reboot do que o “death metal” dos originais porque o frenesi do baixo reforça ainda mais a necessidade de reflexo do que o batidão agudo da guitarra.

Música SSSensacional!

Você não precisa necessariamente colocar uma boa música: basta que ela se encaixe bem no game. Silent Hill tem várias músicas inaudíveis pela pavorosa qualidade se ouvido separademente, mas colocado dentro do game reforça a sensação de medo que o game transmite.


Sobre os chefões finais, eu tenho uma pequena quedinha por Death Metal porque é um gênero que, geralmente, é sobre batalhas épicas. Um exemplo óbvio é Guitar Hero, um simulador de guitarrista onde você toca uma música e, a cada fase, as músicas começam a ter um ritmo mais acelerado.

Quero ver você fazer 100% nisso!

Lollipop Chainsaw pode ser outro exemplo de bom uso de Death Metal em luta de chefão final já que aquilo reforça o tamanho estrago e poder de fogo do vilão que você está prestes a enfrentar (a partir de 1:50):

Estou ciente que também é Dragonforce.

Ok: você pode até mesclar Death Metal com música clássica para obter um resultado ÉPICO!

Desculpa esfarrapada para colocar o clipe do Sephiroth, eu sei.

Acho que já deu pra entender o que eu quis dizer e também deu para te entreter com esses 20 videoclipes. No próximo post, algo especial para vocês! *--*

E vou me despedir com isso! ^_^