sábado, 31 de maio de 2014

Pokémon vs Digimon

Eu agradeço muito a todos os meus leitores que colocaram sugestões de animes para assistir nos comentários desse post. O problema é que, como eu não tenho muito tempo disponível (vivo muito ocupado), provavelmente vou demorar um bocado para começar a assistir algum deles.



Dito isso, vou falar sobre dois animes universalmente conhecidos: Pokémon e Digimon. Se o seu filho(a) tem a idade entre 20-25 anos, provavelmente esses são os dois únicos animes que você já ouviu falar na sua vida. São dois animes de qualidades similares (igualmente bom ou ruim: depende de você), apesar de o Pokémon ter feito um pouco mais de sucesso.

Enquanto Digimon teve o seu sucesso passageiro, com quatro temporadas (Adventure, Adventure 02, Tamers e Frontier), Pokémon ainda faz sucesso com quinze temporadas, seis gerações e sem previsão de término conquistando cada vez mais público e ainda sendo atraente para vários fãs antigos. Por que esse fenômeno está acontecendo?

A resposta é óbvia: Pokémon é um anime baseado nos games portáteis da Nintendo e, enquanto os games venderem o anime continuará fazendo sucesso, enquanto Digimon utilizou da nomenclatura similar para tentar atrair os fãs da concorrente (apesar de alegarem ser baseado no Tamagochi, o que é besteira).

Como visto nos posts de Candy Crush e dos seriados da Netflix, tenho uma tendência em “pensar demais” em um determinado assunto para conseguir uma resposta mais coesa. E eu tenho uma resposta mais satisfatória: Pokémon é mais “female-friendly”.

Pra começar, as sinopses hiper-resumidas de cada um:

Pokémon é um anime protagonizado por Ash Ketchum, um treinador de Pokémons (monstros capazes de manipular elementos e que são domesticáveis e capturados via Pokébola) que sonha ser o melhor do mundo. Para isso, ele precisa ganhar a Liga Pokémon, que é um torneio onde os treinadores fazem suas rinhas e, para entrar na Liga, é preciso ter insígnia de cada ginásio existente no continente. A insígnia é como se fosse um comprovante de vitória diante do líder de tal ginásio. Pra isso, Ash precisa se preparar enquanto viaja de ginásio para ginásio.

Digimon é um anime onde sete humanos foram transportados para um mundo digital onde vivem vários monstros de natureza digital. Lá, eles ganham um Digimon (mesma lógica dos Pokémons mas não são capturáveis), um Digivice (que permite o Digimon evoluir) e uma insígnia para cada um, enquanto um Sensei fala para os humanos que eles são os Digiescolhidos predestinados a salvar o mundo digital da escuridão.

Ou seja: Pokémon é um “O Grande Dragão Branco: versão Rinha” enquanto Digimon é um “Matrix com sete Neos”. Duas entidades completamente diferentes, compartilhadas apenas pela nomenclatura similar, uso de monstros como animais de estimação e de um mundo habitado por esses monstros. Nem mesmo as evoluções os dois têm em comum.

Em Pokémon, cada monstro evoluía para uma versão maior e mais complexa de si mesmo. A versão superior tem os mesmos detalhes, mas são aprimorados ou colocados de forma mais evidente, tendo uma eficácia maior no combate como também no cotidiano, já que não pode regredir a sua forma anterior.


Três exemplos clássicos.

Uma evolução de Digimon era, basicamente, uma versão com mais armas de fogo do que a anterior. Diferentemente dos Pokémons, eles podem regredir a sua forma anterior. Portanto, as suas evoluções foram feitas exclusivamente para o combate. Cada Digimon era como uma projeção fálica de seu Digiescolhido.


Exemplo de evolução Digimon. Ou o cachorro de estimação do Rambo.

Sim, a pokébola pode ser utilizada e reduzir o Pokémon a um mero instrumento de batalha sendo ativada a mando do treinador, portanto não é bem isso que acontece no anime: Pokémons podem ser usados como meio de transporte aéreo e aquático pelos treinadores, além de iluminar caminhos e remover obstáculos. O grande ponto forte do anime (a relação Ash-Pikachu) só existe porque Pikachu não fica dentro da pokébola.

Agora, sobra as batalhas:

Em Pokémon, cada treinador pode selecionar, no máximo, seis Pokémons para a rinha e só pode ter um deles em campo de cada vez. O treinador é derrotado quando todos os seis Pokémons forem derrotados. A chave para ganhar uma batalha é saber especificamente qual é a fraqueza de cada elemento (ex: água ganha de fogo, que ganha de planta, que ganha de água) e ter uma mescla nos seis Pokémons, além de obviamente conhecer direito os seus Pokemons. O regulamento permite trocar de Pokémon a qualquer momento da luta, podendo usar técnicas como desgastar o adversário com um Pokémon e finalizar com outro.

Em Digimon, quando um vilão aparece, não existe uma regra específica para combate (já que não é um torneio regulamentado), podendo todos os humanos “partirem para cima” dele. Porém, não é isso que acontece. A maioria das lutas, eles escolhem quem vai lutar contra o vilão ou assume a responsabilidade de derrotar sozinho. Eles só apelam para o “trabalho em equipe” quando estão diante de um vilão poderoso demais para se enfrentar sozinho. O “trabalho de equipe” está tão localizado no Digiescolhido e no se Digimon que, em temporadas posteriores, existem fusões entre eles, individualizando ainda mais a batalha. Isso fica ainda mais evidente ao saber que cada Digiescolhido é uma metonímia ambulante de uma virtude humana separadamente (ex: coragem, esperança).

Resumindo: Pokémon, que tem regras feitas para ser uma luta individualizada acaba sendo uma luta de equipe, enquanto Digimon beneficiaria de um ambiente de equipe mas eles optam por uma luta individual.

O fator que faz Pokémon ter mais simpatia entre as mulheres é simplesmente porque além de não ser um anime exclusivamente sobre lutas (e quando tem pode ser usado como suporte), é também sobre o relacionamento e os cuidados a serem tomados com seu animal de estimação.

Eu estou ciente que “mulher = carinho / homem = batalha” é um estereótipo extremamente sexista e muito preconceituoso (temos muitos homens carinhosos e mulheres batalhadoras), porém essa noção é muito implantado pela mídia e pela sociedade, considerando que somos, desde criança, a distinguir que brinquedos de ação são para homens enquanto brinquedos afetivos são para mulheres.

O que Pokémon fez foi tentar dar um aspecto “carinhoso” e de suporte as batalhas, verificando os outros aspectos de ser um monstros de estimação, enquanto Digimon não se importa em ser um banho de testosterona. O resultado está aí.

Se, ainda hoje, temos algum fã fanático de Digimon vagando pela Internet, favor postar algum xingamento nos comentários. ;)

OBS: Eu estou ciente que o protagonista de Digimon Tamers (terceira temporada) passa todo o anime questionando o uso exclusivo dos Digimons para a batalha, porém o anime já estava em declínio a partir da terceira temporada, o questionamento era necessário para dar sobrevida ao anime. Ah, e ele passa tempo demais batalhando para quem usa esse discurso... ¬¬

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Sucker Punch é sobre feminismo



Eu já tinha prometido em fazer esse post faz um mês. Ah, e tem SPOILERS em todo o texto (o filme foi lançado três anos atrás).

Sucker Punch foi um filme quase universalmente odiado pelo público, críticos e especialmente pelas feministas (por “objetificar” as protagonistas) e deu ao seu diretor, Zack Snyder, uma má fama de ter “problemas com mulheres”, considerando que ele já dirigiu 300 (um ode ao masculinismo) e Homem de Aço (que tinha uma misândrica como vilã).

E eu vou escrever agora que Sucker Punch é, não apenas feminista, como também é sobre feminismo. E eu não vou usar o argumento do “essas mulheres são fortes portanto são feministas”. Como assim? Vou começar pelo título:

Sucker Punch é uma gíria da língua inglesa que significa “um golpe sofrido que não foi antecipado nem visto”. “Soco surpresa”, para uma tradução mais literal.

Faria muito mais sentido o filme ser chamado de misândrico do que misógino, já que todos os personagens masculinos da história são nojentos, asquerosos, monstruosos e estupradores.

Dito isso, é um filme em que as mulheres tentam escapar de uma instituição psiquiárica presidida por esses monstros fazendo striptease neles. E, toda hora que elas fazem striptease, o filme corta para uma cena de ação super-estilizada com muitos efeitos visuais e com as protagonistas de roupas bem curtas.

Essas cenas de ação foram feitas para que o público-alvo nerds (leia-se homens brancos cis e heterossexuais) se deliciarem com as garotas da mesma maneira em que aqueles homens asquerosos deliciam a striptease das garotas. E é por isso que o filme se chama SUCKER PUNCH. O diretor está chamando o público de “nojento” por associá-los a aqueles homens asquerosos do filme; um golpe que o público nem percebeu de onde veio.

Ok, vamos falar mais detalhadamente sobre o filme:

O filme enfoca na personagem Babydoll. Ela tem uma aparência infantilóide, mas ela é a mais hiperativa, mais objetiva e mais enfocada em seus objetivos, nem tendo vergonha de partir pra cima de seus adversários usando o seu próprio corpo como uma arma. Ela é uma metáfora da terceira onda do feminismo.

Para deixar mais claro: as feministas dessa onda costumam protestar contra a hipersensualização do corpo feminino fazendo topless em público. Esse ato é feito para demonstrar como é normal os homens mostrarem mamilos na rua, enquanto com as mulheres não é normal. A atenção feita pela mídia por causa dos mamilos é uma consequência e também uma tentativa de atrair o público para a causa.

Voltando ao filme: Babydoll foi encaminhada para uma instituição psiquiátrica onde os responsáveis de lá planejam lobotomizar e estuprar as garotas do local. Lá, ela encontra três garotas para ajudar ela a escapar do local. Duas delas eram Blondie e Rocket: elas detestam estar lá e já tentaram escapar sem sucesso e tentam ajudar Babydoll. Elas são a primeira e a segunda onda do feminismo.

A outra (Sweet Pea) não está confiante no plano dela. Ela sempre viveu naquele lugar e, apesar de querer sair, ela não acredita que seja possível exatamente porque já viu tentativas fracassadas. Ela é a metáfora da quarta onda do feminismo. Percebam como que a roupa de Sweet Pea é muito menos reveladora do que as outras. Isso porque, apesar de não ver isso como um artifício útil, ela tem medo de chamar a atenção desses homens macabros.

Vocês vão reconhecer esse tipo de feminista: são aquelas que acham que todo o tipo de sexualidade é um “male gaze”, que toda mulher sexy (seja real ou ficcional) foi feita para saciar o homem e que realmente acreditam na idéia de “se vestir melhor para previnir estupros”. Também são aquelas que tem medo de se mobilizar politicamente ou falar em público sobre feminismo ora porque “política é uma merda” ou porque “não quero que as pessoas me achem que sou feia e mal-amada”.

Com muita hesitação, ela aceita em se juntar com as três para tentar escapar do lugar. Em toda cena de ação (ou striptease), elas encontram com um Sábio, que orienta as garotas a como prosseguir e fala como fazer para dar certo. Ele é o único homem que não é mostrado como nojento e asqueroso. O Sábio conhece a estrutura local, tem experiência, e tem total capacidade de lidar com toda a situação sozinho, mas está ciente que a luta não é dele e ele não pode, por obrigação moral, liderar elas. Ele é a metáfora do homem feminista.

Na última cena de ação (striptease) do filme, sobrando apenas a Babydoll e Sweet Pea, percebemos que o plano só dará certo se Babydoll sacrificar a sua vida para Sweet Pea escapar. Ou seja: a terceira onda não é aquela que derrubará o patriarcado, mas a sua luta vai influenciar e inspirar a quarta onda a realmente conseguir tal feito.

Se ao menos o filme fosse mais explícito com isso, seria certamente um baita filme. Mais ainda do que realmente é.



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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Carta aberta para os mascus

Eu queria tanto escrever sobre algo nerd agora, mas as circunstancias não permitem. Então, o evento da semana foi a de um atirador em Santa Bárbara que matou sete e feriu outras sete. Sua motivação era vingança pela rejeição das mulheres por ele. Ou seja, era um mascu.

Eu estou escrevendo esse post para as pessoas que estão pensando em seguir o rumo dele. Então, vamos lá:



Caro masculinista/realista/whatever,

Se você se sentiu encorajado, inspirado ou cogita em fazer a atrocidade de matar o máximo de mulheres possíveis, eu gostaria que você pensasse um pouco mais no seu plano. Se você acha que o seu plano está perfeito, permita-me colocar algumas dúvidas:

Como você sabe que a garota que você vai atirar não está a fim de você? Você perguntou a ela? Você pretende atirar em uma que você ainda não conheceu (e ter a possibilidade de matar a sua possível parceira)? Se foi uma garota que te deu um fora, como você vai achá-la e matá-la? E se tivesse mais do que uma, como você iria assassinar, escapar e assassinar de novo?

Portanto, você tem um preconceito implantado sobre as mulheres baseado em sua experiência de vida. Ou seja: se eu não consegui ficar com uma garota em 22 anos, eu provavelmente não vou conseguir nos próximos 22 anos. Esse pensamento é falacioso porque um ano não é idêntico ao outro: temos ano de Copa, ano de Olimpíada, ano de Formatura, ano bissexto, ano de escola, colégio, faculdade, emprego em lugares diferentes, filmes lançados em anos diferentes, pessoas de outros lugares viajam por um ano e se mudam, entre outras coisas.

O grande problema de um Nerd é achar que TUDO pode ser resumido a matemática, o que não é verdade. Está bem: você pode resumir todas as leis da natureza e do Universo usando a matemática, mas relações humanas, psicológicas e políticas não podem ser resumidas em pura matemática porque elas estão dentro de um contexto, e esse contexto varia dependendo da experiência que cada pessoa vivenciou. Por isso que todas as matérias que envolvem seres humanos (excluindo anatomia e fisiologia) são ciências não-exatas.

Ok, colégio é um saco! Eu também concordo. Eu também odiei a minha vivência no colégio. Vivi minha adolescência INTEIRA sendo negligenciado por ser Nerd, via garotas namorando brutos e eu também jurava vingança contra essas mulheres que ousaram em não ficar comigo.

E ainda juro vingança por elas. Quer saber como eu vou fazer? Eu vou tentar ser o namorado mais gentil, carinhoso, atencioso e interessante que existe para a garota que aceitar ficar comigo, fazendo com que as que me deram um fora se arrependam ao me ver sendo um namorado legal e sintam inveja da minha namorada.

Quer saber porque eu sei que serei um namorado legal? Porque simplesmente sou legal com todas as pessoas, independente de minhas intenções com a pessoa. Além de um namorado legal, eu sou um amigo legal, um parente legal, um colega de turma legal e um cidadão legal.

Ser legal não é apenas não estuprar, assassinar, torturar ou cometer ilegalidades. Ser legal é, essencialmente, não esperar algo em troca da outra pessoa. É uma boa maneira de testar a índole de outra pessoa. Favor não confunda legal com idiota, já que eu não serei tão legal com quem me sacaneia e me agride verbalmente ou fisicamente.

Ser legal não te dá o direito de conseguir uma garota. Eu sei que nos filmes os protagonistas acabam ficando com a mocinha, mas isso acontece porque o “Deus” daquele Universo (leia-se o roteirista) conspira a favor do protagonista. Nós não vivemos em um mundo assim. O “Deus” do nosso Universo não existe ou se faz de inexistente. Ele não conspira a favor e nem contra alguma pessoa específica. Vivemos em um mundo caótico, apesar de pessoas acreditarem em um Deus organizador ou em uma teoria da conspiração onde Illuminati governa o mundo. Você, eu e todos nós somos coadjuvantes de um filme de um roteirista ausente. Nós ditamos o nosso próprio rumo.

Ser “legal” é um pré-requisito básico para conseguir uma namorada, mas não é o único. Ok, pode ser que tenha mulheres que sintam tesão por assassinos e torturadores, mas essa é uma grande minoria. Você precisa ter mais coisas do que “ser legal” para conseguir namorada. Eu não vou dar aula disso porque cada mulher tem um gosto diferente. Esqueça a noção que “toda mulher gosta de X e odeia Y”. Tem gosto para tudo no mundo.

E eu já namorei nesse intervalo de tempo. O que eu percebi nessa época foi que, apesar de eu conseguir uma considerável aprovação masculina (ela era loira, alta, magra, de olhos azuis e curtia games, pelo amor de Deus), essas mulheres que me deram um fora antes ainda me desprezam hoje em dia.

Você quer saber porque? Por que eu não era do tipo que elas gostavam. E eu não me importei mais porque elas também não fazem o meu tipo. Tirando a beleza física, a grande maioria delas tem um gosto praticamente antagônico ao meu. Não é a toa que panicats ficam com fisiculturistas, atores ficam com atrizes, pobres ficam com pobres e mauricinhos ficam com patricinhas: eles tem algo em comum. E o meu namoro só durou até eu perceber que games eram a ÚNICA coisa que tínhamos em comum.

Sobre os brutos: eu sei que é um grande problema achar que homens musculosos são ideais e que homens inteligentes são uma escória. Toda a mídia implanta essa idéia, principalmente a mídia dos HQs e games, que ironicamente tem os nerds como base. Temos filmes como “Exterminador do Futuro” e “Transcendente” que vilanizam o avanço científico e todo cientista que “brinca com Deus” é automaticamente o vilão do filme. Os games hoje em dia só tem soldados hipermusculosos como protagonistas. Pode ir em qualquer loja de games que, em grande maioria das capas dos games o protagonista “bombado” estará lá.

Quase todos os super-heróis tem o porte atlético como atributo principal: Superman, Mulher Maravilha, Hulk, Mulher-Hulk, Thor, Capitão América, Luke Cage, Capitão Marvel, Shazam e Hércules são alguns exemplos. Até mesmo o Homem-Aranha, Batman e Pantera Negro, apesar de serem inteligentes, só conseguem ser super-heróis graças a seu porte físico.

Os vilões que eles enfrentam GERALMENTE tem a inteligência como atributo principal. Exemplos de “cientistas malucos” são quase infinitos: Lex Luthor, Brainiac, Hugo Strange, Loki, Armin Zola, MODOK, Doutor Destino, Doutor Octopus, Doutor Luz (eu sei: tem muito Doutor na lista), Líder (Hulk), Chacal, Mandarim, Prometheus, Charada e vários outros.

Quer saber quem foi o brasileiro que chegou mais perto de ganhar um prêmio Nobel? César Lattes, na categoria de física, ao descobrir a partícula de méson pi (resumidamente, é aquela que permite o núcleo de um átomo ser formado por prótons de carga positiva apesar de estruturas de mesma carga tenderem a repelir). Morreu há 9 anos e as únicas pessoas que souberam dessa informação eram físicos ou familiares de físicos.

Enquanto isso, jogadores de futebol, basquete e de vários outros esportes ganham milhões de euros mensais, mulheres recebem cachê de um milhão para posar nua, bilhões de pessoas seguem ao pé da letra um livro sobre cobras falantes e castores alados com espadas flamejantes, alguns picaretas usam essas pessoas para enriquecer (e sonegar), stalkear pessoas se tornou uma profissão vantajosa e, se você caluniar e difamar muito, ganha uma coluna de revista e um programa de TV.

Porém, mesmo com tudo isso, não justifica a violência desproporcional. Quer saber o por que? Simplesmente porque temos um grupo inteiro de pessoas que também são pessimamente representados pela mídia. Elas são chamadas de MULHERES!

E eu estou falando sério. Vocês devem achar que as mulheres têm o controle da espécie humana por que elas podem escolher o parceiro pela qual elas querem ficar, mas tem um fator muito importante aí: vocês também podem escolher. Ok, não necessariamente ficar com a garota que quer, mas vocês podem optar por não ficar com uma garota.

Se você acha que estou delirando, eu estou me referindo a aquelas mulheres feias. Muito feias. Até mesmo “normal” contaria. Eu realmente duvido que tinha ZERO garotas no mundo interessada em você nesses 22 anos (10 anos, descontando os 12 da infância). O que aconteceu foi que você ignorou elas TANTO que nem chegou a contabilizá-la como interessada.

Você não teme que uma garota dessas pegue uma arma e saia atirando em todos os homens jurando “vingança” por ainda ser virgem aos 22 anos? Óbvio que não, porque “ser virgem” para uma mulher é uma dádiva divina e ser feia ajuda nisso (eu não disse que garante). Além disso, incentivamos a mulher a ter uma posição passiva para as coisas. Por isso que as mulheres raramente pegam em armas.

Vamos supor que eu esteja falando besteira e que mulheres são malvadas por definir o destino da humanidade (1% da riqueza mundial estão nas mãos das mulheres e 70% dos que vivem na extrema pobreza são mulheres, mas tudo bem), eliminar todas elas não seria uma outra maneira de definir o destino da humanidade? O que seria pior: mudar (para melhor ou pior) a humanidade ou extinguir com ela? Quero ver vocês tentarem se reproduzir sem ovócito (espermatozóide fecunda com ovócito, óvulo é apenas uma fase pré-zigótica do ovócito) ovário e útero.

Tangenciando a teoria Malthusiana, posso te dar uma sugestão? Por que você, invés de matar mulheres para ter vingança, não mata os homens brutos por ficarem com as mulheres que você deseja? Isso: comece com os brutos e com os misóginos e depois elimine qualquer homem que pode ser um potencial “concorrente” seu para conseguir mulher. Você não precisa ser um bruto pra isso: é só atirar com uma arma. Com menos homens, elas precisariam de você para saciar o desejo sexual e reproduzir a espécie. Mas, se você continuar com essa misoginia seria muito capaz de a mulher se satisfazer por masturbação mesmo se você for o último homem da face da Terra. Então, por que você não faz isso?

Ok, vamos ser sinceros, você NUNCA quis realmente ter sexo. Se quisesse, teria pago uma garota de programa para isso. O que você queria era uma aprovação de outros homens de sua vida sexual. A opinião feminina nunca foi importante pra você, exceto para a aprovação do sexo.

Vamos supor que tenha uma garota que diga “sim” para você, mas todos os seus amigos não gostaram da garota e/ou a sua vida não mudou tanto assim. O que você faria? Provavelmente tentaria pegar mais uma garota, obviamente mais bonita que a última, para provar pros seus amigos que você é fodão. Aí eles também não curtiram ela e você tenta outra e o ciclo se repete infinitamente.

O que você está querendo é mais do que um reconhecimento pessoal: você quer PODER! Você quer provar que é mais poderoso que Fulano e Siclano. Mais que todo mundo. Por isso você compra carros poçantes. Vários carros poçantes. Vários apartamentos de luxo, iate, boates, drogas, bebidas. E sempre você vai querer mais, Mais, MAIS, MAIS! E isso tudo para ter a aprovação dos brutos que você tanto despreza.

E eles adoram falar que mulher adora “homens poderosos”. Por que você acha que carros elétricos ou movidos a álcool não vendem? Simplesmente porque “não pegam mulher”. Vamos ser sinceros: se você é um homem jovem e tem um carro provavelmente você comprou para “pegar mulher”. Nem venha com essa besteira de “apaixonados por automóveis” porque, se você não for do ramo (ser piloto profissional ou ter emprego em oficina de automóveis) isso não é verdade.

Nós sempre sonhamos em ser jogadores de futebol não porque seja divertido ou inspiracional: queremos porque estamos a fim de pegar as modelos e as maria-chuteiras. Mesma coisa eu digo sobre os atores: os que fazem por vocação são mínimos e a maioria está lá para pegar atriz bonita. Todas essas profissões e preferências são de brutos. Os mesmos que falam que mulher gosta de homens poderosos.

E aí eu te digo uma coisa: é blefe. Ok, nem tudo. O grande problema com esse ditado é de que a mulher não opinou se ela realmente gosta de homens poderosos. O que, na verdade, a mulher gosta quando procura um homem poderoso é o conforto, e não o poder de influência dele. É por isso que você pode ter todo o dinheiro do mundo, mas se você for um misógino, elas nunca vão querer você. Nem mesmo de BMW.

E, em um mundo em que a causa mais comum de morte de uma mulher é assassinato cometido por um homem e ser solteira significa estar “disponível” a investida de potenciais misóginos, faz muito sentido as mulheres irem atrás desses brutos por proteção.

Esse seu ódio as mulheres é o que permite que esses brutos obtenham sucesso. Sim, eles podem ser machistas em objetificá-la ou em manter ela em submissão, mas, pelo menos, eles não querem matá-las ou espancá-las. Por que eu sei disso? Porque esses brutos são “galinhas” que vão cantar outras garotas se levar um fora (ou até mesmo se ela não der). Desprezo é melhor do que ódio porque, pelo menos, desprezo não mata. Sim, amor e carinho são bem melhores do que desprezo e ódio, mas como não temos muitos homens feministas por aí, escolher pelo menos pior é compreensível.

É um blefe principalmente porque os brutos nunca aceitarão você. Não importa o tamanho e o valor da sua propriedade. Nunca aceitarão porque você é diferente. Inteligente. MELHOR que eles. Eles temem os nerds e introvertidos porque eles sabem que, no fundo, somos melhores que eles.

Então AJA como se você fosse realmente superior a eles. Não caia nos jogos mentais deles. Diga não as coisas que eles falam que são úteis para você. Ninguém conhece você melhor do que a si mesmo. Você não precisa ter coisas para conseguir uma namorada, mas se você ainda achar que precisa você só vai encontrar pessoas interessadas no seu dinheiro e não em você.

Você não vê problemas em namorar uma garota que esteja interessada apenas pelo seu dinheiro? Tudo bem: trate de tomar muito café, economizar o máximo de dinheiro possível, trabalhar muito e esquecer de dormir porque ela vai ficar te pedindo para comprar bijuterias e viajar para lugares exóticos, além de te estressar toda hora que você cogitar em usar a camisinha.

Lembra da louraça da minha ex que mencionei no meio do meu texto? O meu namoro foi exatamente assim. Vivia exausto e doente tentando agradá-la com bens materiais (única demonstração de afeto que ela aceitava) e eu quase virei um pai precoce sem condições de sustentar um provável filho. Eu sobrevivi dois meses. Quanto tempo você aguentaria?

As aprovações masculinas vieram de homens que eu nunca tive simpatia ou aqueles que não vejo faz anos, enquanto os meus pais e meus melhores amigos sempre me avisaram das más intenções dela. E eu não só ouvi conselhos de pessoas queridas como também de meu próprio corpo; tendo febre, diarreia, náusea, coriza, tosse seca, fortes queimaduras de pele e dores musculares em todo corpo. Tudo isso porque ela não me deixava dormir.

Quando eu terminei com ela, eu me senti muito melhor. Não pela melhora dos meus sintomas ou por causa da pressão que ela exercia sobre mim, mas pela pressão que a sociedade exercia de mim. De que eu só seria feliz se eu namorasse e de que essa felicidade era proporcional a beleza da namorada e a quantidade de namoradas. Você vai me chamar de bicha por terminar com uma garota bonita? Vá em frente: eu não me importo com as opiniões de pessoas que não conheço. Não mais.

A sociedade é uma merda? Com certeza, mas aprenda a sobreviver com ela porque é a única que temos. Seja forte e mostre que você é um sobrevivente. Ligue o foda-se para a sociedade e faça as coisas que você gosta de fazer. Portanto, consulte os seus amigos e seus pais ou responsáveis. Eles sabem o que é bom para você. E, acima de tudo, você sabe o que te faz bem.

Mas se você gosta de matar mulheres, isso te faz bem e quer prosseguir com o seu plano mesmo assim, eu sugiro que vá a um psiquiatra se tratar. Eu posso te garantir: funciona! Não tem remédio melhor para o ódio do que o amor.

Um abraço com muito carinho do Nerd Erudito! S2



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segunda-feira, 19 de maio de 2014

O que é ter um bom level design?

Muita gente tem a noção equivocada de que “crítica” seja sinônimo de “falar mal”, onde na verdade significa “arte ou faculdade de avaliar ou julgar os méritos das obras artísticas baseadas em critérios”. Nesse post, eu vou descrever os meus critérios de avaliação do design de fases dos games que eu faço a crítica. Então, vamos lá:

1- TER UMA REFERÊNCIA IDENTIFICÁVEL

Para começar, é preciso saber identificar o personagem jogável na tela. Sem essa referência, se torna impossível de jogar. Cada gênero tem uma maneira distinta: nos side-scrollers (os jogos plataforma 2D) eles geralmente estão no canto esquerdo, já que o objetivo é ir para a direita; nos de plataforma 3D o personagem está no canto inferior central da tela, te permitindo observar o que está a frente do personagem e um pouco do que está atrás dele; FPS e corrida seguem a mesma lógica, só que com uma arma ou o carro no lugar.

Não é obrigatório ter apenas uma referência jogável e identificável, já que em games de estratégia e de esportes você tem vários elementos que podem ser manipuláveis e/ou jogar com uma peça de cada vez como se fosse um game plataforma.

Você deve pensar que é impossível errar esse ponto, mas incrivelmente temos Skyrim, Dishonored e Mirror's Edge que são exemplos de como não acertar esse critério inicial. Você não tem uma referência jogável, portanto você tem que deduzir que o personagem está logo atrás da câmera para fazer algum sentido. A lógica da “sensação realística” é falsa porque sua visão é limitada a sua tela, o som é limitado pelo áudio da TV ou PC e o seu tato está reduzido ao vibrador do controle, além da inexistência do olfato e paladar.



Ok, beleza. Eu tenho que pular para o outro prédio, mas cadê o meu pé?

2- SEM POLUIÇÃO VISUAL

Outro fator muito importante para avaliar a fase é a capacidade de enxergar a fase em questão. Seja um tutorial com textos extensos (ou vários textos) ou cenas de ação que entopem a tela, é essencial poder enxergar direito para poder saber qual o movimento adequado a dar para o personagem em questão.



Consegue ver alguma coisa?

Outro tipo de poluição visual muito importante é o uso adequado das cores. Usar cores muito claras ou muito fortes podem ser prejudiciais a quem tem um problema de visão, principalmente se colocados em ritmo cintilante.



Meus olhos! MEUS OLHOS!

3- USAR AS CORES ADEQUADAS

Eu acabei de falar sobre os problemas de usar as cores claras em excesso, mas você pode usar também como um recurso favorável a jogabilidade, como destacar uma região para o personagem ir ou como método de avaliação do desempenho do personagem. Cores podem ser usadas para diferenciar objetos manipuláveis ou até itens, como no caso dos RPGs.

Variação e um bom equilíbrio de cores é a fórmula para uma fase bem montada. Um péssimo exemplo é transformar todo a fase em um marrom-acinzentado, assim como quase todos os FPS fazem hoje em dia. Nem me venham falar que o marrom é “realista”; diga isso para uma tangerina!



Alguém soltou uma diarréia na tela! Só pode ser!

4- A MÚSICA ESTAR DE ACORDO COM A FASE

Eu vou dedicar um futuro post para isso, mas eu posso adiantar que a música tem que ser adequada para cada ambiente em que a fase está situada e/ou momento da história. Música calma e relaxante em uma fase de bosque (ou em fases iniciais), um rock em batalhas frenéticas, música eletrônica em fases futurísticas e música clássica quando alguma coisa importante está acontecendo ou estar prestes a acontecer. Eu tenho uma pequena preferência em death metal para lutas com o “chefão final” porque não tem opção melhor de música para uma batalha épica do que uma música sobre batalhas épicas.

5- A FASE ESTAR COMPATÍVEL COM OS PODERES DO PROTAGONISTA

Na grande maioria dos games, o protagonista tem a habilidade de pular alto. O motivo disso é a influência da franquia “Mario” nos games e prova que ainda é a franquia mais influente dos games, além do “aperte A para pular”. Para testar a habilidade em questão, é preciso colocar plataformas em uma razoável distância, por isso o gênero se chama “plataforma”.



Outros gêneros também usam esse recurso. Locais em que só podem ser alcançados se utilizar um determinado item ou arma do inventário é a prática mais comum entre os games. O “realismo” acaba completamente com isso porque, tentando simular o mundo real, esquece do personagem e da jogabilidade.

Uma boa fase tem que dizer ao jogador o que tem que fazer, mas não pode dizer como o jogador tem que fazer. Mostrar ao jogador como se faz, além de soar como um tutorial sem fim, trata o jogador como um cachorro domesticado. Estou me referindo especificamente aos “Quick time events”, uma moda irritante nos games de hoje em dia.

6- TER UM TEMPO ADEQUADO

A fase em questão não pode ser muito curta (o que pode comprometer o engajamento do jogador com o game em questão) e nem pode ser muito longa (o que pode matar o jogador de tédio). Não existe um número exato: para mim, um “plataforma” geralmente deveria ter entre 3 e 10 minutos, 15 no máximo. Jogos episódicos que investem em narrativa podem se dar o luxo de ter uma hora por fase (ou episódio), já que simularia um seriado.

Um outro fator muito importante é tentar com que a moda, a média e a mediana sejam os mais próximos possíveis. E também a diferença de tempo de conclusão entre a fase mais curta e a mais longa não pode ser muito grande. O jogador tem que se acostumar a jogar a fase.

Obs: Moda é número que mais se repete em uma sequência. Média é um número que se obtém somando todos os números da sequência e dividindo pela quantidade de números. Mediana é o número da sequência que está no meio em questão de valor numérico.

7- A CÂMERA ESTAR COMPATÍVEL COM A MECÂNICA

Se o game é um shooter, faz sentido colocar a câmera bem atrás do personagem, já que shooters se resumem, basicamente, em testar a acurácia do jogador; portanto não interessa o que estiver atrás do personagem e, se for interessante, a câmera tem que virar automaticamente para o jogador focar na acurácia, e não manualmente. Pior que isso é inserir setores de plataforma. Porque fazer isso se é impossível enxergar onde o personagem está pisando e, principalmente, mudar o foco do jogo. Coloca para o personagem saltar automaticamente quando está diante de um local de salto: nem todo mundo precisa ser Mario.

Se o game é de estratégia, ele tem que mostrar todo o tabuleiro e atalhos do inventário e, mesmo assim, fazer os itens importantes serem bem visíveis para os jogadores. Em um “hack & slash”, é mandatório a câmera se posicionar acima do personagem e em um ângulo que permita enxergar a sala inteira onde o personagem está, já que ele pode ser golpeado em qualquer direção.



Que espada impressionante você tem aí. Seria uma pena se alguém te golpeasse por trás.

BÔNUS: USE A FASE PARA CONTAR A HISTÓRIA

Esse requisito é meramente opcional. Não existe uma “maneira correta” de contar uma história nos videogames, mas pessoalmente prefiro aqueles que contam durante a fase. Como assim? Vou usar exemplos:

Em Portal 2, nós percebemos que a Aperture, empresa ficcional da história, costumava ser uma grande empresa antigamente e que, com o passar do tempo, ela entrou em ruínas. Essa informação não foi falada pelos personagens: nós vimos a qualidade dos destroços. E, quanto mais a personagem subia, mais recente e menos luxuosos eram os destroços.



Rayman Origins é um game 100% sobre psicologia. Considerando que os sonhos do “Grande Sonhador” moldaram aquele universo (e consequentemente, os pesadelos criaram os inimigos), o seu subconsciente é o Deus daquele lugar. As fases mostram claramente as preferências dele: a fase musical tinham tambores e flautas por preferência musical dele, a fase de comida existia porque ele era guloso. Jogar a fase é estar dentro da psiquê do Grande Sonhador.



Quando um game passa por todos esses requisitos, eu escrevo que o tal game tem um bom design de fases.



P.S: Eu criei uma página do Nerd Erudito no Facebook! Se vocês gostarem do blog, curtam lá: é uma boa referência para saber a popularidade do blog!

sábado, 3 de maio de 2014

Não somos macacos!

Desculpa pelo péssimo “timing” na publicação desse texto: passei a semana inteira ocupado. E também não sou bom de prever polêmicas; se eu fosse, eu seria um acionista bilionário.

Então, a polêmica da semana é sobre a atitude racista de um torcedor espanhol em atirar bananas no Daniel Alves e ele responder comendo a banana, atraindo milhares de simpatizantes e popularizando o termo publicitário  “somos todos macacos”.

Queria falar uma coisa para o Daniel Alves (eu sei que ele não lerá, mas alguns de seus fãs talvez leiam): você não está ajudando! Muito pelo contrário, você só está piorando as coisas! Comer a banana que foi atirada é EXATAMENTE o que o racista quer que você faça, você está provando para ele que você é aquilo que ele está te chamando.

Eu entendo que, biologicamente, Homo Sapiens e os símios fazem parte da família dos primatas, porém historicamente a palavra sempre foi usada para descrever um “sub-humano” ou um ser “abaixo do ser humano”. Portanto, não é legal se defender dizendo ser um macaco, dizer isso é confirmar esse status.

Isso ficou bem mais claro depois da publicação da revista Veja dessa semana:



Oh, que bonitinho. A Veja mandando banana para seus leitores. Ela nunca foi tão sincera assim.

Você sabe que está lutando contra o racismo de forma equivocada quando você é destaque de uma revista cujo 30% das ações da editora vem de uma empresa que lucrou muito com o Apartheid sul-africano (Naspers). Se você acha que a Naspers se arrependeu com o Apartheid, fique sabendo que a editora Abril condenou Nelson Mandela, o maior símbolo da luta contra o Apartheid, no dia de sua morte.

O motivo da velha mídia em escolher o Daniel Alves como símbolo da luta contra o racismo é simples: ele é aquele negro que o racista adora porque ele aceita e perpetua os estereótipos. Não é a toa que o único grupo feminista que a velha mídia conhece é o Femen (e Valerie Solanas) e o único ativista gay seria o Clodovil.

A moral da história, para a revista Veja, está bem evidente: aceite que você é um ser inferior e coma logo essa banana para provar que estou certo. Malcolm X e até mesmo Martin Luther King nunca seriam destaques da revista por lutarem REALMENTE contra o racismo.

Eu quase ia esquecendo: Danilo Gentili ofereceu banana para um de seus críticos negros. Quer saber o que aconteceu? Nada. O “humorista” ficou impune e seus fãs começaram a agredir o negro por ele. Pois é, Veja, o racismo no país acabou de vez. Você quis dizer: a luta contra o racismo, não é?



ATUALIZAÇÃO:

 "Eu estava até um pouco triste com essa situação, porque já havia denunciado em outras ocasiões e não tinha dado em nada. Tentei dar uma resposta positiva a uma ação desafortunada. Eu não gosto muito do #somostodosmacacos, porque acho que a gente é a evolução disso. Somos humanos e todos iguais. Acho que é isso que devemos defender. Marcas me procuraram, mas eu não quero ganhar com isso, não quero popularidade. Não quero ganhar nada a não ser a luta contra o racismo." - Daniel Alves

Perfeito!