quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Crítica: GRID Autosport



GRID Autosport (ou GRID 3) seria como um pedido de desculpas oficial da Codemasters pelo fracasso da versão anterior. Porém, como vimos em franquias como PES, FIFA, Call of Duty e Battlefield, é praticamente impossível criar um jogo AAA (blockbuster) em menos de um ano sem que o seu resultado seja quase idêntica ao antecessor. A questão é que o “pedido de desculpas” acabou sendo pior do que o erro a ser consertado.

O principal problema com o GRID 2 é de que o seu modo carreira não era cativante. O jogo utilizava um conceito de “fãs” e “likes” para medir artificialmente o seu sucesso no modo, onde cada vitória ou pódio você ganhava mais fãs. Esse conceito não funciona dentro da pista, pois a cada corrida parece ser quase idêntica a anterior, enquanto não funciona extra-pista porque, além do jogo te premiar com os mesmos números de fãs com os mesmos resultados, ampliando a sensação de deja-vu, não se tem uma noção clara do que é ser famoso localmente ou famoso mundialmente, já que os rivais sempre se repetem.

E então, como é que foi solucionado o problema do GRID 2? Simplesmente retirando o modo carreira. Pois é...

Ok, não foi retirado, mas não tem mais uma história no jogo. Você tem cinco classes de corrida (Turismo, Resistência, Monomotor, Tunados, e as de Rua) que tem apenas duas diferenças entre si: o tipo do carro e a regra para a classificação no grid de largada. Você joga esses modos até ganhar pontos de experiência o suficiente em cada classe para se classificar para o torneio GRID e ganhar. E repetir esse processo mais duas vezes.

Das classes citadas, a pior disparada é a de Tunados. Mais especificamente os duelos de Derrapagem (que, ÓBVIO, tinha que estar no jogo porque é algo que aborrecente que se acha descolado gosta hoje em dia). A cada mata-mata você corre uma rodada largando na frente e outra atrás, mas não há diferença alguma na pontuação da derrapagem em relação a sua posição na pista, abrindo precedente para não terminar a pista o mais rápido possível e de não fazer sentido correr duas vezes nas oitavas, quartas, semi e finais. Isso mesmo: o jogo te obriga a correr a MESMA PISTA POR OITO VEZES!

A classe de Rua talvez seja a menos chata, já que a posição de largada é o inverso da classificação geral do campeonato no momento, obrigando o jogador a fazer algumas ultrapassagens arriscadas em pistas estreitas se quiser terminar bem ou até mesmo ganhar o campeonato. A de Turismo é parecido com o de rua: classificar para definir o grid de largada da primeira rodada, enquanto a segunda rodada tem as posições inversas da primeira.

A de monomotor é, mecanicamente falando, um Ctrl+C Ctrl+V do jogo de Fórmula 1, curiosamente feita pela própria Codemasters; enquanto a de Resistência é um teste de paciência, já que resume a ficar por dez minutos correndo pela pista (recomendável colocar uma dificuldade que te permita ficar no meio do pelotão, o que torna menos chato lidar com os carros a sua frente e atrás de você).

Se a grande novidade do GRID foi a introdução de flashbacks para corrigir um eventual erro humano feito durante a corrida, GRID Autosport tentou inovar de novo colocando um comando de rádio no D-Pad, onde cada botão o radialista da equipe dava informações sobre o estado do carro, do objetivo dos patrocinadores e da posição do seu companheiro de equipe. O problema é que essas informações já estão na tela, o que torna essa “inovação” inútil. A não ser que você seja narcisista a ponto de mandá-lo falar que você está na primeira posição toda hora.

Falando no radialista, é incrível o vasto repertório de gafes cometidas por ele. É normal ouvir dele que o seu companheiro “bateu e perdeu uma posição” onde, na verdade, ele ganhou uma posição; além de também ser comum ele relatar que um mesmo piloto rodou três vezes na mesma corrida e, mesmo assim sua posição estar inalterada.

Outra inovação falha no jogo é a possibilidade de alterar na mentalidade de corrida do seu companheiro de equipe, mandando ele ser agressivo nas ultrapassagens ou ser cauteloso e manter a posição. O problema é que, na mentalidade defensiva o seu companheiro de equipe vai mais lento de uma forma geral, nem sequer tenta bloquear caminho, enquanto na agressiva ele corre bem mais rápido, tendo motivo nenhum para não colocar na mentalidade mais agressiva possível (a não ser, é claro, que você tenha medo que ele te passe).

Repetindo os erros da versão anterior, os rivais que você enfrenta e as equipes do jogo são sempre os mesmos durante todas as corridas, o que torna o jogo ainda mais repetitivo, como se não fosse satisfatório correr com apenas cinco métodos diferentes que tem várias semelhanças entre si. Pelo menos tem nomes femininos no grid de largada. Pelo menos isso.

Até mesmo para um simulador de corrida GRID Autosport não funciona direito: as melhorias do carro já são colocadas automaticamente, as opções de modificação do carro são limitadíssimas, a pintura do carro está intimamente ligada com a equipe que você escolheu e não existe uma opção de escolher se aceita ou não um patrocínio em específico; se escolheu um tem que vir com os seis dentro do pacote.

Jogar GRID Autosport é como tomar uma dose pesada de sedativo, capaz de drenar qualquer tipo de ansiedade, stress e de felicidade, capaz até mesmo de deixar o jogador em coma profundo caso fique exposto por várias horas.

domingo, 10 de agosto de 2014

FIFA 15 não terá times brasileiros. E daí?



A notícia de que a edição de 2015 do jogo eletrônico de futebol FIFA não terá times brasileiros e muito menos jogadores desses clubes deixou a comunidade gamer brasileira em uma situação de pânico apenas igualável com a declaração do preço do Playstation 4. E esse pânico se espalhou para também para a comunidade esportiva brasileira, sendo repercutida em jornais de esportes e lida por pessoas que não jogam videogame.

A demora em dar a minha opinião sobre o assunto está tanto no meu aumento da dedicação nos estudos e nos estágios quanto na minha apatia sobre a franquia. Eu já escrevi em um post dizendo que o uso de franquias anuais que lançam o mesmo jogo quase sem alterações (algumas vezes apenas mudando o número do título e a capa) é o que está denegrindo com a indústria de games, abrindo mão de ser uma arte e abraçando de vez o conceito de “produto”.

Resumindo para quem não entendeu: por que diabos você vai querer fazer um jogo novo, começando do zero, se a prática de lançar o mesmo jogo do ano passado com alterações quase desprezíveis te dá, não só mais lucro, como também mais receita?

Mas esse é um assunto que eu tenho que falar porque é de enorme relevância para a comunidade de games do Brasil. FIFA e PES (sua concorrente direta) são, disparadamente, os dois games mais vendidos do país, a ponto de seus desempenhos nas vendas tornarem uma metonímia de todo o mercado de games do Brasil. Quando algum vendedor de games fala que “as vendas estão boas”, eles estão falando especificamente de FIFA e PES, e vice-versa.

Ok então...

A desculpa oficial da EA (desenvolvedora do FIFA) é a de que ela não teria “segurança jurídica” sobre os direitos de imagem dos jogadores devido a “mudanças recentes” no futebol brasileiro. Essa declaração é estranha porque o futebol brasileiro extracampo é conhecido exatamente por ser extremamente conservador. Eu gostaria de saber exatamente qual foi essa mudança. E não, eu não acho que foi o Bom Senso FC porque nem todos os jogadores profissionais fazem parte do movimento ou sequer concorda com o movimento.

Por um outro lado, a Konami (desenvolvedora do PES, concorrente direta), afirma que a versão de 2015 de seu jogo terá times e jogadores da Série A brasileira e talvez da Série B também. Rumores dentro da empresa afirmam em um possível contrato de exclusividade dos clubes brasileiros com o PES, o que deixaria mais claro sobre a “mudança” do futebol brasileiro referida pela concorrente.

Com ou sem o contrato de exclusividade, uma coisa é certa: em 2015, clubes brasileiros estarão disponíveis para jogar exclusivamente no PES em games de console. Apesar de eu não gostar de exclusividade (porque toda exclusividade é, na verdade, uma excludência de outro), preciso deixar claro uma coisa para quem não conhece videogames: toda a indústria dos videogames gira em torno do conceito de exclusividade.

Pessoas compram Nintendo não por causa de seus controles ou de seus gráficos ou até pelo seu formato; pessoas compram Nintendo porque é a única maneira possível de se jogar Mario, Zelda, Metroid, Kirby, Pokémon e outros jogos da Nintendo. Pessoas compram Xbox para jogar Halo, Gears of War e o que tiver disponível na XBLA (Xbox live arcade). Pessoas compram Playstation para jogar God of War, Uncharted e o que tiver disponível na PSN (Playstation network). Acho que já deu para entender.

Eu até estou achando engraçado como que apenas agora as pessoas estão em estado de pânico percebendo que exclusividade é uma coisa que existe naturalmente no mundo dos videogames e que existiu desde sempre, servindo de sustentação da própria indústria.

Estou ciente de que o futuro dos videogames pode caminhar para uma plataforma multimídia que seja possível assistir TV, filmes, seriados e videogames de todos os tipos em uma só máquina e que pode ser utilizada em qualquer lugar a qualquer momento, mas o problema é de que ainda não vivemos nesse futuro e precisamos lidar com o que temos hoje, que é consumir aquele jogo que tem aquele elemento que você deseja e que os outros não tem.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Top 10 Filmes da Marvel



Com os Guardiões da Galáxia agora nos cinemas, temos tecnicamente 10 filmes feitos pelo estúdio da Marvel. Acho que está na hora de fazer a minha lista pessoal dos dez melhores filmes da Marvel. Sintam-se livres para concordar ou discordar:



10- Homem de Ferro 3

O Filme não funciona. Mesmo. São tantas falhas no roteiro que eu nem sei direito por onde começar.

Extremis não faz sentido: supostamente seria um vírus que dá ao portador fator de cura e o poder de cuspir fogo se conseguir suportar o vírus, caso contrário transforma o portador em uma bomba humana. Aí alguns deles se regeneram de uma explosão completa e outros não. E não se tem uma clareza do que realmente matam esses portadores. Ora um golpezinho resolve, mas outros conseguem sobreviver a feitos quase impossíveis.

O roteiro gosta de se desmentir a toda hora: Tony Stark diz que sua armadura foi reprogramada para ser compatível apenas com o DNA dele, mas vimos a Pepper Potts usar a armadura dele para fugir da emboscada quinze minutos antes da fala dele. Isso sem contar que uma das estratégias de derrotar o vilão era de colar a armadura nele e iniciar uma sequência de autodestruição.

E eu preciso dizer que o vilão sequestrou a Pepper (um clichê tão comum em videogames sendo reproduzido nos cinemas) e ameaçou a colocar uma substância nela que tem 50% de chance de torná-la indestrutível. E ela se torna. E o final se resume a ela “dar” esse superpoder para o Tony Stark só porque ele é o protagonista da história. AI MEU DEUS!

O “plot-twist” envolvendo o Mandarim era muito interessante, mas não foi o suficiente para tapar esses buracos no roteiro.



9- Homem de Ferro 2

Dentre os dez da lista, é o que tem a pior premissa. E também é o mais esquecível dentre eles. Vamos ser sinceros: esse filme foi feito só porque o primeiro foi um mega-sucesso e a Marvel sentiu necessidade de fazer mais um antes de os Vingadores.

Em teoria, é um filme que testaria se Tony Stark seria capaz de lutar em equipe. Na prática: um gigante trailer para os Vingadores.



8- O Incrível Hulk

O motivo de estar em uma posição tão baixa não está em um demérito desse filme, mas simplesmente porque eu prefiro a versão de Ang Lee.

Convenhamos, esse filme está para o de Ang Lee da mesma maneira que o Superman de Zack Snyder está para o de Bryan Synger: filmes autorais que exploram uma versão mais romantizada do personagem e explora outros potenciais para a história que foram imediatamente substituídos por versões de “pura pancadaria” porque os seus fãs adolescentes adoram ver a porrada rolar solta.



7- Thor: O Mundo Sombrio

Depois de estabelecido a existência de um universo com vários heróis e vilões, se torna inevitável a presença de alguns buracos no roteiro. Digo: você não acha que Tony Stark ficaria minimamente interessado sobre a enorme e misteriosa nave alienígena que pousou em Londres? Você realmente acharia que Thanos ficaria sentado em seu trono e se contentaria em ver um “elfozinho de merda” fazer o trabalho de destruir o Universo no lugar dele? E Bruce Banner não ficaria zangado de ser teletransportado de um lado para o outro?

Tirando todos esses problemas, o filme consegue ser muito engraçado, mas isso se deve mais a presença da Kat Dennings do que de algum mérito do roteirista ou do diretor.



6- Thor

Uma história tão simples e bobinha que é capaz de crianças de qualquer idade entender: o filho do rei achou que era predestinado e fez besteira; o pai pune retirando os poderes e o filho vai ter que “fazer por merecer” para conseguir os poderes de volta.

Estranho saber que vivemos em um mundo onde filmes sobre mitologia nórdica podem ser contadas para crianças enquanto filmes de carros que viram robôs são considerados como “adultos”.

Não apenas simples, mas também um filme eficiente, bonito, com boas doses de drama (sem exagero) e com boas atuações.

Eu estranhei uma coisa: Thor e Loki parecem trocar de personalidade durante o filme. Thor era mais pró-guerra enquanto Loki era mais cauteloso, enquanto no final Loki queria a guerra e Thor estava tentando evitar. Alguém mais notou isso?



5- Capitão América

Uma história bem “a moda antiga” para um personagem que é bem “a moda antiga”. É o filme perfeito para quem é fã do personagem dos quadrinhos. Só que tem um pequeno problema: eu não sou um fã do personagem. Talvez o motivo seja que o personagem tem AMÉRICA no nome. É um filme tecnicamente competente para ninguém colocar defeito.



4- Capitão América e o Soldado Invernal

Dos filmes da lista, é o que tem a melhor premissa. Convenhamos: Se o Capitão América é, basicamente, um Jason Bourne altruísta, porque não fazer um filme ao estilo “Identidade Bourne” e colocar o Capitão América no meio desse filme para ver como que ele reage diante das conspirações e das tramas de espionagem?

O filme consegue ser espetacularmente bem até descobrirmos que o problema da S.H.I.E.L.D. era que ela estava sendo ocupada internamente pela HYDRA, o que facilitaria tudo e eximia de culpa os norteamericanos. De novo, eu estava esperando o quê de um filme do Capitão AMÉRICA?



3- Os Vingadores

O filme é um dos maiores marcos da história do cinema. Não necessariamente em sua qualidade, mas em seu planejamento ambicioso de criar em seu “Universo Cinemático” uma continuidade com  protagonistas de quatro filmes completamente diferentes em estética e em temática.

Falar que o filme foi “sobre-availado” agora em uma época em que todo mundo que curtiu Guardiões da Galáxia estão falando isso soa inapropriado (porém correto). Mas não deixe de enganar: Vingadores também foi baita de um filme.

Importante notar que todas as virtudes e fraquezas desse filme reproduzem as virtudes e fraquezas de seu diretor: Joss Whedon. É um filme que tem uma boa interação entre os personagens, uma boa cinematografia, muito engraçado, empolgante e excitante, porém também é um filme que deixa a desejar em várias cenas de ação, como por exemplo a perseguição de automóvel e a luta entre Thor e Loki (como dói de ver aquilo) e em ausência de cenas dramáticas.



2- Guardiões da Galáxia

Eu não sei se está próximo do topo da minha lista porque eu acabei de assistir e eu ainda me lembro de várias cenas engraçadas do filme, mas eu posso dizer que é, sim, um filme muito bom. Antes que eu me esqueça: esse não é um filme de ação onde tem cenas engraçadas mas um filme de comédia que se passa em um ambiente de filme de ação.

Não é perfeito: os dramas dos personagens se repetem muito, Ronan é um vilão unidimensional e Gamora está mais para um recurso narrativo do que para personagem. Tudo detalhes que não vão atrapalhar a diversão.

Algum fã de Futurama lendo isso? Te digo uma coisa: esse filme é o mais próximo que você vai assistir na sua vida de um filme live-action de Futurama.

E finalmente...



1- Homem de Ferro

O motivo de tudo ter dado certo para a Marvel até agora. Todo bom plano é preciso ter uma boa base. E que base foi essa. O que faz esse filme se tornar tão icônico é a de que ele serve como uma catarse. Uma história de origem que não apenas é algo impactante para o personagem mas também para o público que assiste.

O grande segredo de Tony Stark ser um personagem carismático não está em seu humor sarcástico ou em ser um bilionário playboy mas pelo fato de ser criado para ser odiado e depois ser colocado em uma situação em que simpatizemos com ele.

Um bilionário cujas riquezas provém de uma indústria de armamento e que foi sequestrado por terroristas e aprendeu que a sua própria riqueza estava nas vendas dessas armas para o exterior financiando guerras é uma catarse que, não só mudaria a vida de Stark para sempre mas serve de ensinamento para o público que as guerras existem porque são lucrativas para a indústria armamentista.

E, além disso tudo, o principal vilão do filme ser do ramo bélico e tentar impedir Stark de fechar o setor de armas da indústria mostra o quanto é delicado a situação das guerras no mundo não apenas ficcionais como na vida real.

E o coração artificial de Tony serve como uma cicatriz eterna desse incidente. E removê-la no final do terceiro filme também remove tudo aquilo que o personagem representa. A partir de agora, o “Homem de Ferro” será um Wolverine que cospe fogo. Pena.



Então, é isso! Agora é só esperar para o próximo filme: A Era de Skynet Ultron.