Desculpe-me pelo longo tempo que fiquei sem escrever por
aqui; tive que resolver algumas questões pessoais (apesar de eu não ter AINDA
uma grande base de leitores). Nada mais justo recomeçar fazendo uma postagem de
opiniões sobre o Oscar; que quase todos os blogs fazem hoje em dia. Ok, lá vai
(com muito atraso):
-Spring Breakers, Círculo de Fogo, Rush e Os Suspeitos foram
completamente ignorados. O primeiro por ser “controverso demais”, o segundo por
ser “fantasia” e todos esses foram lançados “cedos demais” para os eleitores do
Oscar lembrarem que esses filmes... Exisitam. Não é a toa que os “papa-oscars”
são sempre lançados em novembro ou dezembro.
-“Let it go” é aquele típico “pra ninguém tirar zero em
bolão”, não apenas porque é uma excelente música (as outras eram boas também,
mas nem tanto em comparação), mas também porque esta música é uma parte
determinante da narrativa de Frozen (excelente filme) E ter sido cantada por
Idina Menzel, que já atuou em outro musical (Wicked).
-Frozen, apesar de excelente, só ganhou o filme de melhor
animação por três motivos: A) A Pixar não estava concorrendo esse ano (estava
ocupada demais fazendo um “prequel” de Monstros S.A., e Oscar odeia filmes
baseados em outros filmes); B) O filme de despedida do Miyazaki acabou sendo um
dos mais fracos da carreira dele (sic) e C) os eleitores esqueceram que
poderiam indicar Gravidade, já que este tinha pelo menos 60% de CGI.
-Não posso opinar sobra documentário: só assisti o “The
Square”.
-Trapaça foi punido por tentar ser Scorsese e O Lobo de Wall
Street foi punido por Scorsese deixar de ser Scorsese, né? No fundo, Oscar
sempre detestou comédia.
-Sinceramente achei que os indicados para atriz principal e
ator coadjuvante iriam para “Trapaça” por ser de um filme “menos controverso”.
Que bom que me enganei: foi mais justo assim. Isso também vale para atriz coadjuvante,
que acabou indo para uma atriz negra. Infelizmente, atrizes negras que ganham
Oscar não conseguem continuidade e oportunidade de emprego na carreira, ao
contrário do que seria lógico.
-Melhor ator parar para alguém que emagreceu muito para o
papel e faz o papel de um personagem soropositivo? Que surpresa! (ironia)
-Todos os Oscars “técnicos” (e mais alguns) foram parar para
Gravidade. Este filme fez, basicamente, o papel que Aventura de Pi e Avatar
tiveram em outros anos. Ou seja: se tiver na dúvida entre um que teve só uma
indicação técnica e outro que teve várias outras, vote na que tiver mais.
-Melhor roteiro original e adaptado: JUSTO. Um filme sobre
um relacionamento sério com um sistema operacional e conseguir fazer com que
não soe estranho, e até mesmo filosófico é um grande feito de roteiro. E sobre
o adaptado: bem, posso dizer que não é formulaico. Oscar ADORA filme “baseado
em fato real” porque isso dá a oportunidade de recontar o mesmo tipo de
história e ter a desculpa de que “isso realmente aconteceu”.
-Melhor diretor: JUSTO. Gravidade é, basicamente, um filme
de montagem e pouco dependente de atores. Quando atores não são protagonistas,
é questão do diretor se sobressair.
-Melhor filme: essa parte é polêmica (e justifica o meu
atraso). Alguns eleitores disseram sentir pressionarem em votar em “12 Anos de
Escravidão” senão seriam considerados racistas. Tive que pensar muito para ter
uma opinião sobre isso e vou falar agora: Se o filme que fosse eleito o melhor
fosse tão emblemático/memorável/inteligente quanto o “12 Anos” (ex: Lobo de
Wall Street; Ela; Gravidade), isso não seria racista; porém, se fosse escolhido
um filme bem menos emblemático e mais café-com-leite ou um “papa-oscar” (ex:
Trapaça; Philomena), aí sim seria racista.
Então... é isso aí, pessoal! Espero não demorar tanto para a
próxima postagem.
Vim do Lola! hehehe
ResponderExcluirOlha, eu ainda não vi 12 anos. De todos os que vi (além de 12 anos, apenas não vi Nebraska), fiquei totalmente fã do Lobo de Wall Street. É muito engraçado. Ano passado, eu torci demais para Django, mas sabia que não ia rolar. Realmente, a academia só tolera comédia nas categorias de ator coadjuvante (e de vez em quando, ator principal. Se for tipo o Jack Nicholson ou a Meryl Streep).
Não achei Philomena papa-Oscar. É um filme bonito e mexeu comigo. O final me deu vontade de pegar um avião para apertar o pescoço daquelas freiras.
Sobre Frozen... eu não gostei. Achei totalmente fora de época aquele desespero por amor verdadeiro -- pô, nem a Branca de Neve era tão obcecada por um príncipe encantado. A música é bonita, a cena em que é cantada é maravilhosa, e faltou o filme ser inteiro no tom dela. Mais densidade... Eu fiquei tão empolgada com a sinopse. O filme é simbolicamente poderoso -- a mulher não tem o direito de ser fria, quanto mais congelante! O frio é uma analogia de racionalidade, e a mulher, como se sabe, é emocional, deve ser quentinha e acolhedora. Daí uma princesa com poderes mágicos luta entre a aceitação de suas próprias capacidades e a conformação ao que esperam dela. Sei lá, podia ter sido muito bom, e ficou um negócio bobo sobre a irmã atrapalhada que se apaixona pelo primeiro que diz oi (e depois pelo segundo) e quer que a outra volte a deixar tudo quentinho.
Anônimo das 15:24,
ExcluirAno passado, Argo tinha a cara do Oscar. Nada é mais papa-oscar do que homenagear a indústria do cinema. Falar que "fazer um filme pode resolver um conflito" é a maior homenagem possível.
Django era uma filme de 180 minutos que pareciam 90. Também curti muito, principalmente pelo talento de Jamie Foxx (infelizmente a próxima atuação dele será como Eletro na sequencia da péssima refilmagem do Homem-Aranha).
Chamar Philomena de papa-oscar foi um exagero de minha parte.
Sobre Frozen: A idéia era mostrar os conceitos machistas do "amor a primeira vista" e "amor verdadeiro", para depois contra-argumentar sem que isso soe como uma comédia tipo "Shrek". Anna tinha que se apaixonar a primeira vista para que o público faça a associação com outros filmes de contos de fadas, para que depois Hans sem mostre como o vilão do filme, como uma maneira de mostrar que o "amor a primeira vista" é algo que não existe.
Pra mim, o frio é a analogia da puberdade, das mudanças incontroláveis do corpo da Elza e o acidente na festa de coroação é uma metáfora a menstruação (assim como é em Carrie). "Let it go" funciona não só porque ela se sente livre, mas também porque aquilo era, literalmente, um orgelasmo, digo um orgasmo de gelo.
Eu entendo a sua preocupação com o estereótipo da "mulher-de-gelo". Grande maioria dos roteiristas homens acham que "mulher forte e independente" significa ser ou "dominatrix" ou "mulher de gelo sem emoções".
Porém, Elza tinha emoções. Ela tinha medo da reação do povo ao descobrir os seus poderes. Ela se sentia insegura em dividir a casa com estranhos. Ela amava a irmã e tinha medo de machucá-la.