Preciso falar sobre isso antes de acabar os eventos esportivos aqui no Rio. Um dos assuntos mais debatidos sobre videogames reside na dúvida se videogames podem ser considerados como esporte.
O senso comum dita que é uma impossibilidade pois o fenótipo do típico “Gamer” é antagônico ao do típico atleta, ou seja, sedentário, obeso mórbido, sem cuidado com higiene e alimentação. Existe uma forte noção popular que esporte é sinônimo de saúde.
Segundo o conceito de saúde da própria Organização Mundial da Saúde (conjunto de bem-estar físico, mental e social), esporte não é algo que a gente pode chamar de sinônimo.
A palavra esporte vem do francês “desport”, que significa prazer, lazer e diversão; com a variável do inglês “sport” que significa competição ou atividade que necessita habilidades físicas ou mentais seguidas por um conjunto de regras.
Flamenguistas e Vascaínos devem reconhecer Renato Abreu e Everton Costa, respectivamente, jogadores profissionais de futebol que tinham arritmia. Colegas de profissão, Serginho e Marc-Vivian Foé faleceram subitamente durante atividade. Será que eu preciso mencionar os atletas paralímpicos?
Ou seja, esporte não é saúde, é RENDIMENTO.
A questão agora é saber quais videogames podem ser considerados como esporte.
O primeiro obstáculo está na consistência da regra do jogo. Quando nós temos um aumento exponencial de jogos sendo lançados, fica difícil se conter a um em específico e, mesmo em franquias as regras do jogo mudam um pouco para fazer o jogador querer comprar a novidade. Futebol, basquete e vôlei tem basicamente as mesmas regras durante décadas mas Super Mário migrou de gêneros nos seus anos de existência.
Para que o jogo vire um esporte, é preciso que a franquia em questão tenha uma base sólida de regras, mecânica e jogabilidade que permitiria atletas profissionais a dedicarem as suas vidas naquilo e nos telespectadores a entender o que estão jogando. Temos vários exemplos como Counter Strike, Team Fortress, PES, FIFA, Call of Duty, Battlefield, DOTA e League of Legends.
Outro obstáculo importante é que o jogo precisa ser divertido não apenas para quem está jogando mas também para quem está assistindo. É emocionante assistir e jogar vôlei na praia ou futebol no campo mas assistir um MMORPG é confuso pela quantidade de número/palavras arremessados na tela se você for um iniciante ou dá vontade de jogar aquilo gerando frustração se você já estiver habituado naquele jogo.
Outro fator superimportante é que o atleta em questão é um ser humano. Telespectadores gostam de torcer para alguém ou alguma nação que tem uma história de vida interessante e motivante, algo que veja nesses atletas um ídolo, um ícone a ser seguido. É por isso que reality show faz tanto sucesso. Katniss pode ser uma baita arqueira, mas se não fosse seu carisma jamais ganharia os Jogos Vorazes.
Dito tudo isso, é impressionante ver o crescimento exponencial dos e-sports (esportes eletrônicos) nos últimos quatro anos, sendo capaz de até lotar estádios de futebol. A questão agora é saber se videogames podem ser considerados esportes olímpicos. Aí é com a COI.
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