quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Console Wars é coisa de idiota


É sério que, em 2016, isso seja assunto de debate? SÉRIO?

Se você fica em fóruns de games e fica defendendo certa empresa de games e não é funcionário ou sócio, mesmo que minoritário, você está fazendo papel de idiota útil fazendo publicidade gratuita a favor do patrão dessa empresa e para mais ninguém.

Principalmente hoje em dia, que as duas empresas que fazem consoles de games (Sony e Microsoft) sequer são empresas de games: são corporações multinacionais que tem uma subdivisão específica para videogames (Playstation e Xbox, respectivamente). Isso significa que a grande maioria dos games feitos para esses consoles são de empresas third-parties (que fazem unicamente games porém não fazem consoles), portanto quase todos os games que são lançados para os consoles da Sony também são lançados para os da Microsoft.

Pelo menos no início da década de 90 os “console wars” faziam um pouco mais de sentido, pois Nintendo e Sega eram empresas de games, portanto faziam consoles E jogos. Nintendo tinha Mario, Zelda, Kirby, StarFox, Metroid e vários RPGs; Sega tinha Sonic, Nights, Golden Axe, Billy Hatcher, Alex Kidd e vários de esporte. Eram experiências completamente diferentes e que realmente valiam a pena consumir pela disparidade entre os consoles. Hoje em dia, você pode até ter um God of War no lado da Sony e um Halo no lado da Microsoft, porém a grande maioria dos jogos disponibilizados pelas duas foram feitas por empresas como Konami, Capcom, Platinum, Eletronic Arts, Activision, Ubisoft e várias outras, tornando a experiência quase idêntica.


Outro charme que existia na época era que as diferenças gráficas eram evidentes. De um NES para um SNES para um Nintendo 64 qualquer um consegue ver na tela: pixels menores, maior variedade de cores, capacidade de processamento do game em andamento e a memória de armazenamento. A mesma coisa para o MegaDrive – Saturn – Dreamcast. Hoje em dia as diferenças são tão pequenas que esses detalhes são restrito a configurações discretas de software (silhueta da sombra discretamente melhorado) ou até mesmo em números no hardware (rodar de um a dois frames por segundo mais rápido). Se você não for um superfã do jogo sendo mostrado ou um olho muito aguçado nem notará a diferença.


No momento que esse post foi escrito, Sony e Microsoft anunciaram Playstation4 Pro e XboxOne S, que de tão semelhantes com os antecessores que sequer são considerados de outra geração, pois foram criados com o único objetivo de tornar compatíveis com os óculos de realidade virtual. Sequer dois anos se passaram e tudo isso apenas para ter compatibilidade com um periférico.

As diferenças diminuíram porém os custos da tecnologia necessário para desenvolver os consoles cresceram exponencialmente. Para que uma empresa tente fazer um console que supere a concorrente no quesito técnico, é necessário investir muito dinheiro para isso, tanto para a descoberta de tecnologia quanto na produção e aplicação. Desenvolvedores third-parties, que sempre tiveram que usar o motor gráfico do console para montar seus jogos estão tendo gastos aumentados por causa dessa sofisticação, tendo que superar essas despesas tendo que vender cada vez mais sem sacrificar no preço de venda. E essa bolha estourará em algum momento, principalmente em época de recessão mundial.

E o pior de toda essa “guerra de consoles” é que se alguém emitir uma opinião sincera sobre o assunto será considerado por quase todos do fórum de ser defensor de tal empresa de games em específico, o que beira o ridículo. E, quer saber? Eu estou nem aí para o que esse pessoal do fórum tem a julgar sobre a minha opinião. Vamos lá:

Não interessa os detalhes específicos do console em questão: os jogos exclusivos são os que vendem. Playstation One tinha mais máquina mas Nintendo 64 tinha mais jogos. Gmaecube tinha mais máquina mas Playstation 2 tinha mais jogos. Playstation 3 tinha mais máquina mas o Wii tinha mais jogos. Esse é o veridito final para as gerações passadas.

Playstation 4 e Xbox One são inúteis porque os tipos de jogos que eles lançam são basicamente os mesmos lançados com discreta polida. Alguns desses jogos são idênticos ao anterior, com as empresas usando o termo “remasterização” apenas como um jeito de dizer que como não existe retrocompatibilidade você vai ter que comprar o mesmo jogo de novo. E se vocês acham que estou falando isso porque sou fã da Nintendo, que achem. Eu não tenho o WiiU porque eu sou brasileiro (o que torna impossível comprar produto original com garantias) e não tenho o sistema oculomotor de um camaleão.

Eu entendo a necessidade que as pessoas têm de defender o seu console: videogame é um hobby muito caro. Com custo de produção, taxa de importação, impostos e lucro de revendedor, é um hobby que custa milhares de reais e, em alguns casos, dezenas de milhares de reais. Existe essa necessidade de criar para si um bom motivo para ter comprado aquele console supercaro pois se você se sentir convencido que o outro console supercaro era melhor para você depois da compra, existirá um sentimento de culpa e um pensamento de que aquele dinheiro suado foi direto para a fornalha.

Entendo, mas isso não é motivo para autodepreciar ou glorificar de pé o responsável pelo console supercaro: pegue o seu jogo e tente aproveitar cada segundo e cada centavo gasto. Invista na felicidade própria. Você sabe que garotos-propaganda são algo que existem, não é? Pessoas que são pagas para fazer publicidade oficial do console. Então porque você está pagando para fazer papel que certas pessoas são remuneradas para fazer?

Prefiro me definir como um recém-ascendido de uma gloriosa raça mestre livre de autodefinições baseadas em empresas privadas capaz de ver a “guerra de consoles” de uma outra dimensão e daqui estou vendo os tais camponeses que fingem estar na guerra onde, na verdade, estão lambendo as botas e puxando o saco de seus patrões, ou melhor dizendo, proprietários de suas almas.

Um comentário:

  1. O texto é muito bom, exceto nesta parte: "Playstation One tinha mais máquina mas Nintendo 64 tinha mais jogos"

    Na verdade, é justamente o contrário: N64 era mais máquina(apesar de não usar CD-ROM, e sim cartuchos), mas o PS1 tinha mais jogos(visto que a third-parties abandonaram a Nintendo depois que ela decidiu usar cartuchos para não ter que pagar royalties para a Sony, visto que ela é uma das criadoras do CD-ROM)

    Única observação a se fazer. De resto, continue assim1

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