domingo, 4 de dezembro de 2016

Game Awards é sobre marketing, não mérito

Como eu tenho um blog de games e a “Game Awards 2016” é algo que aconteceu recentemente, sinto a necessidade de tocar nesse assunto, assim como explicar o título desta postagem.



Imagina uma situação em que você mostra a lista de todos os indicados de todas as categorias para alguém que não entende de videogames e pede pra ele dizer quem ele acha que deveria ganhar ou para advinhar quem ganhou. Provavelmente o leigo em questão acertará em quase todas as oportunidades quem ganhou em cada categoria e o motivo para isso é de que o mais famoso é quem ganhou. Pouco tem a ver com o mérito de fato e sim com o seu impacto cultural.

Poderia dizer que estou contente em saber que Overwatch foi considerado o melhor jogo e o mais premiado mas, sejamos sinceros, Overwatch só ganhou porque tinha um enorme marketing por trás, vide os trailers que tinham qualidades gráficas similares a filmes da Pixar, o que era constantemente citado entre seus próprios fãs. Nem preciso dizer sobre categorias como “Jogo mais antecipado” e “Melhor empresa”, estas que foram feitas especificamente para premiar marketing e relações-públicas.

As categorias aqui também estão bem estanhas, já que dividem em gêneros. Melhor ação, melhor aventura, melhor RPG, melhor multiplayer e entre tais coisas. Soa estranho porque nós costumamos dividir os gêneros de games por suas diferenças mecânicas. Se eu tivesse que dar um palpite seria em criar categorias que premiem arte e tecnologia, como por exemplo: Melhor mecânica (tudo em uma categoria), melhor design de personagem, melhor design de nível, melhores gráficos, melhores estéticas e melhores físicas. Meros palpites, não tenho a resposta para esse problema.

Inside foi o indie mais premiado do momento simplesmente por “parecer com Limbo” e quase todo mundo gosta de Limbo. Não me incluo nessa lista porque Limbo não era um jogo com atmosfera sombria e deprimente: era apenas um sidescroller com a tela toda pintada de preto, dando a falsa impressão de atmosfera sombria. Como eu falei com um leitor essa semana: você não precisa pintar de preto pra fazer algo sombrio e nem colorir para parecer alegre, o que importa é a narrativa. Uma observação importante: eu já joguei Limbo mas ainda não joguei Inside, por isso não posso julgar se o indie em questão mereceu ou não o prêmio.

Pokemon GO é um aplicativo com jogabilidade limitada, soando mais como uma demonstração de um jogo de realidade virtual do que um material completo, ganhando contra jogos bem mais robustos como Clash Royale e Monster Hunter Generations simplesmente porque o seu impacto cultural e seu marketing foram imensamente superiores.

Quer saber porque os dubladores na indústria dos games não são valorizados? Porque a indústria tende a ver apenas Nolan North. Sim, ele pode ser talentoso e não estou negando isso mas, com exceção da Ellen Mclain em Portal 2 (tive que procurar o nome dela no Google), não me lembro de outro dublador que tenha ganho algum prêmio da categoria. Me recuso a acreditar que o melhor dublador disparado da história dos videogames é alguém que já deu a voz para Deadpool. Digo, David  Hayter é uma figura quase indissociável com Solid Snake, personagem que é constantemente mencionado pelos fãs por ter “voz icônica” e nunca chegou perto de ser premiado como Nolan North.

Os efeitos sonoros aqui sofrem do mesmo mal dos eleitores do Oscar: na dúvida escolha o mais barulhento. Acho bem bizarro a escolha por Doom, que tem apenas uma trilha sonora muito boa, porque toda a jogabilidade de Thumper é baseada em efeitos sonoros. A indústria de videogames sentem uma inveja injustificável pela indústria dos cinemas e sempre tentam emular algumas características para ver se o prestígio aumenta e, nesse caso, inclusive os defeitos.

Sim, eu compreendo a necessidade de ter uma premiação para os videogames equivalente com os Oscars mas o problema é que os filmes que ganham Oscars não são obrigatoriamente os campeões de bilheteria. Alguns desses filmes jamais seriam feitos porque não são palatáveis para o público geral. Estes são geralmente conhecidos como “papa-Oscars”. E é por isso que os games precisam de um Oscar: para que tenhamos games “papa-Oscars”, que sejam diferentes do comum, que tenham uma experiência diferente e mais rica, portanto mais culturalmente relevante. Exatamente o que a indústria dos videogames sentem inveja do cinema.

23 comentários:

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    1. Verdade. Eu não estou discutindo o talento dele, estou mencionando que ele não é o único dublador que existe e que os colegas de profissão também merecem, pelo menos, uma fração do prestígio dele.

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    1. Eu não posso opinar sobre isso porque não joguei Uncharted 4 mas, pelo que ouvi, é o melhor da franquia. E nem vou poder jogar pois não pretendo ter um PS4 em um futuro próximo.

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