domingo, 22 de janeiro de 2017

Opiniões iniciais sobre o Switch



Fiquei um tempinho sem usar o blog e, quando voltei, vi que a grande notícia no mundo dos games estava no anúncio do novo console da Nintendo, que será chamado de Switch. Portanto, sinto-me com necessidade de expressar as minhas opiniões sobre o console em questão, principalmente porque acredito que muitas das coisas que falarei por aqui não foram mencionadas por maioria dos fãs de videogames no Brasil.

Vou começar sendo direto ao ponto: Nintendo Switch não fará sucesso exatamente porque ela não quer fazer sucesso. Essa frase pode não fazer sentido mas tentarei explicar ao longo do texto.

Primeiramente, Fora Temer é preciso entender o que é o Switch. Com um vídeo de aproximadamente 3 minutos, a Nintendo conseguiu explicar pefeitamente o que é o console, as suas funções e a sua finalidade (pelo menos explicou melhor do que anos de marketing com o WiiU), e mesmo assim ainda vejo muita gente na internet não entendendo o que é.

Switch não é um console de mesa que você pode casualmente jogar longe da TV ou do seu quarto. Switch é um console portátil que você pode conectar com a sua TV. Isso pode parecer a mesma coisa porém considerando o público que você está lidando, pode ser coisas extremamente distintas.

Pra quem já tem um PS4 ou Xbox One (ou as versões superiores destes), não estará interessado em um console da Nintendo pois já tem um console super-caro com amplo apoio de desenvolvedoras de games que não fazem consoles (third-parties) e, principalmente, não querem um console com gráficos realísticos para jogar com personagens cartunescos como Mario e Link. Esse público-alvo não querem jogos com gráficos realísticos: querem jogos com gráficos real-like, ou seja, jogos que imitam a possível estética do mundo real. Digo isso com grande certeza pois vários dos fãs de First Person Shooters virariam a cara de imediato quando aparece um Spec Ops: The Line, que traz impactos realísticos da guerra.

Então, seria a Nintendo estúpida para gastar mais um hardware supercaro para tentar agradar um público-alvo que ela jamais terá de volta? Ou será que ela está tentando mirar um público diferente? Um público que raramente ou ocasionalmente joga videogame, como foi com o Wii? Dificilmente, pois em todas as apresentações o console foi vendido como versátil, podendo ser usado em qualquer  ocasião, preferencialmente em todas as ocasiões. Então, que tipo de gente usa o console da maneira que a Nintendo apresentou?

Os usuários de consoles portáteis. O console portátil da Nintendo, o 3DS costumava dominar o mercado de partáteis mundialmente. Na verdade, desde o GameBoy a Nintendo tem a supremacia dos consoles portáteis. Usei o verbo costumava pois ha poucos anos a Nintendo vem perdendo esse papel no mercado para o... Playstation Vita.

Sim, eu sei que isso parece uma piada de uito mal gosto pois o Vita é um fracasso comercial no mercado ocidental, porém lá no Oriente, mais especificamente no Japão, o Vita está vendendo muito mais que o 3DS recentemente. Porque esse fenômeno está acontecendo? Porque os japoneses estão preferendo o Vita?

O Vita está vendendo mais no japão porque está investindo em um público-alvo que tende a consumir muito: os Otakus. Quando estou me referindo aos otakus eu não estou falando apenas de pessoas que costumam gostar de animes; estou me referindo a pessoas com Transtorno de Personalidade Antissocial que estão dispostos a abrir buracos nas suas carteiras para jogar algo que seja baseado ou bem parecido com o seu anime preferido.

E como Vita está pegando esse público-alvo? Gráficos. Sony está vendendo o seu portátil dizendo, que o Vita faz os peitos saltitantes daquela personagem que o jogador tem tesão quicarem melhor  com que as cenas de ação do anime soarem mais iradas e, assim, convencem o jogador a preferir o Vita e os desenvolvedores de jogos baseados em anime a fazerm jogos especificamente para o Vita. Percebeu que nos animes mais recentes os personagens quando estão no videogame usam o Vita ou algo que pareça com um?



Portanto, para a Nintendo conseguir conquistar esse público, ela está fazendo um anúncio de um console que é tão capaz de fazer as coisas que o Vita faz e ainda por cima servir como um console tradicional de mesa, funcionando como um 2 em 1, financeiramente mais viável, considerando que estamos em época de recessão mundial ainda sem prognósticos positivos.

A pergunta que você deve estar fazendo nesse momento é porque a Nintendo está fazendo um console especificamente para retomar a dianteira do mercado de console portáteis domésticos, que é pequena em relação ao resto do mundo e não está focando no mercado norte-americano, que é o maior consumidor de games do mundo hoje em dia?

A resposta é igualmente simples e deprimente: a Nintendo tem quase nenhum interesse nos Estados Unidos (muito menos no Brasil). O que ela quer, mais do que lucros exponencias, é a dominação cultural, garantindo a sua terra natal a princípio. O sonho da Nintendo é voltar na época antes do Playstation existir, onde ela detinha o monopólio dos videogames. Na época, se você quisesse fazer um jogo para o NES ou SNES, você tinha que seguir exatamente as normas da Nintendo (a volta dos cartuchos tem a ver com isso: controle da linha de produção dos jogos). E é esse o tipo de influência que ela quer de volta e é por isso que a grande maioria das third-parties odeia a Nintendo e sempre se alia aos concorrentes (não tem a ver com “realismo”, isso é papo para colocar os gamers contra a Nintendo).

Se você quer uma prova da falta de comprometimento da Nintendo com o público fora do Japão, basta ver como é comprar um Amibo (Obs: é um brinquedo físico de personagem que você pode baixar para jogar digitalmente). No Japão, tem Amibo de montão, enquanto nos EUA tá em falta, não por excesso de procura, mas por falta de oferta. Algumas lojas norte-americanas disponibilizaram poucas dúzias, algumas delas sequer uma dezena. Muita gente já está acusando de inflacionar propositalmente o valor dos brinquedos com a escassa disponibilidade, mas os preços ainda são os mesmos. Outro exemplo é a loja virtual da Nintendo: a do Japão é rica de opções enquanto a de qualquer outro país parece com a Dreamcast, console que tem mais que 15 anos de existência.

Então, é isso aí: o Switch é a sucessora do 3DS (mais do que do próprio WiiU), tentando conquistar o mercado japonês de portátil. Falei que não dará certo pois em comparação com as outras empresas, a Nintendo está mirando muito baixo, principalmente com a versatilidade que o console promete. A pré-venda do Switch já esgotou, mostrando que pode ser um sucesso fora do Japão (ou de repente disponibilizaram poucas unidades na pre-venda, vai saber), porém Nintendo conseguir vender qualquer coisa fora do Japão é o mesmo que eu receber 10 milhões de reais por mês para jogar na China: não tenho planos para isso mas eu não recusaria a oferta.

Talvez o principal fator para o possível fracasso do Switch é o desconhecimento (ou a subvalorização) de outro equipamento portátil superpopular no Ocidente que também roda videogames: os smartphones. Piadas a parte, a Nintendo está ciente disso e, principalmente, seus investidores. Logo depois do anúncio do Switch, as ações da empresa despencaram porque os seus investidores querem os jogos da Nintendo nos seus smartphones e não uma concorrente dos smartphones. Como um brasileiro que sobreviveu 2016, sei muito bem o que acontece quando alguém do executivo resolve peitar investidores da Bolsa.



OBS: aos que viram o trailer do Super Mario Odyssey e comparou com Sonic 2006 porque o personagem viaja pelo mundo, digo que o jogo do Sonic que ele faz isso é o Unleashed. Não estou querendo ser esnobe: conhecimento da mitologia Sonic não é algo para se ter orgulho.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu não morri, mas o blog provavelmente terminou. Não tenho planos para voltar a usar o blog em curto ou médio prazo.
      Mesmo que eu tenha planos a longo prazo, provavelmente mudarei o nome pois "Nerd Erudito" acabou soando muito arrogante e esnobe, algo que reflete em nada na minha personalidade.

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Ei, vc viu o comentário transfóbico do seu crítico de cinema favorito o Rubens Ewald?

    "Oscar 2018: Comentário transfóbico de Rubens Ewald Filho causa indignação": http://cinepop.com.br/oscar-2018-comentario-transfobico-de-rubens-ewald-filho-causa-indignacao-168215

    ResponderExcluir