quarta-feira, 16 de abril de 2014

Sexo (e friendzone) nos videogames.

As cenas de relação sexual nos videogames sempre foram abordadas de, praticamente, duas maneiras: de um lado como um jeito de dizer que o seu conteúdo é “para maiores de idade” e do outro lado como um “mini-game”.

O que torna alguma história “madura”, ou algo “para adultos”? Provavelmente é aquela história culta e rica em detalhes sem ética binária e com personagens multidimensionais em um mundo claramente imperfeito. Para muitos outros, basta colocar sexo e eviscerações que já se torna automaticamente “adulto”. E a indústria de videogames tem MUITAS dessas pessoas.

Se tem algo que irrita muito as pessoas que trabalham em games hoje é falar que videogames são “coisas de criança”, que são “imaturos” e, principalmente, falar que eles fazem “brinquedos”. Isso faz com que eles virem quase um Hulk. Como tentativa de soar maduro (sem fazer um verdadeiro esforço), colocam cutscenes de sexo só para dizer que seu game não é “para criança”.

O melhor exemplo possível é Heavy Rain. A cena de sexo presente não tem utilidade narrativa e nem é algo importante para os personagens presente e muito menos é um evento que mudou em alguma coisa a vida ou a personalidade destes. Está lá só para ter um indicativo de “só para maiores” na capa.

O Heavy Rain INTEIRO é uma tentativa frustrada de se soar “maduro”. Ele tem muita vergonha de ser um game. Tanto que, na verdade, nem é um game: é um “seriado com múltipla escolha”. Falar que você jogou Heavy Rain é a mesma coisa que você ficar no meio do rio e falar que você tem poderes de controlar a água.

Uma outra variável desse mesmo estereótipo é quando a cutscene está lá apenas para reforçar que o protagonista masculino de seu game é um “pegador”, é foda, é O cara. Os exemplos clássicos são de God of War e Assassin's Creed. Nem preciso dizer que Kratos e Ezio, protagonistas de seus respectivos games, são fantasias de empoderamento masculino, mas como tem muita gente que está lendo que não se familiarizou por essa franquia, vou explicar:

Kratos é um general (líder) espartano de porte muscular absurdo e forte o suficiente para matar deuses gregos (como ele faz para matar imortais é outro departamento). Ezio é, basicamente, o Batman da Renascença: cinquentão, bilionário, pais mortos quando jovem, mora em uma mansão, treinou toda sua vida por vingança, usa bugigangas como equipamento de combate, luta nas sombras, etc...

O outro lado da “moeda” são os mini-games: ora o sexo é o próprio mini-game, ora o sexo é o prêmio do mini-game. No primeiro caso, temos o exemplo do GTA. Eu não vou falar a fundo sobre isso porque o minigame está lá mais como um mecanismo publicitário (feito para irritar as pessoas que querem banir videogames e fazer os “gamers” os simpatizarem por associação) do que algo realmente relevante para o jogo (porque não é: completamente opcional).

O segundo caso é bem mais complicado. É possível encontrar vários “simuladores de namoro” na internet, e vários games AAA (blockbuster) estão colocando isso dentro de seus games. A lógica desses “simuladores” se resume a encontrar uma garota, fingir que tem os mesmos gostos dela, presenteá-la muitas vezes e ter contato o suficiente para conseguir namorar e transar com ela. Agora, me diga: isso é uma atitude de um companheiro amoroso ou de um stalker sociopata?

Se você usa regularmente a internet, você já ouviu falar no termo “friendzone”, uma lista imaginária onde a mulher coloca o homem em questão onde nenhum dos homens da lista terão chance alguma de ter um relacionamento sério com ela. É isso mesmo que você leu: “friendzone” é, literalmente, lista de amigos.

Porque diabos você ficaria decepcionado em ser amigo de alguém? Não seria melhor do que ser inimigo? Amigos são legais de ser fazer. Amigas ainda mais legais. Elas também poderiam te ajudar a encontrar outras amigas ou a encontrar a sua potencial namorada. Ou também podem resolver certas coisas no cotidiano, como um amigo também faria. Mulheres são, no fundo, pessoas também. Eu comemoraria se eu conseguisse mais uma amiga. Sempre é bom ter mais amigas. Você sabe que a situação está ficando estúpida quando alguém extremamente anti-social fica falando para consumidores de uma mídia INTEIRA em como se comportar com pessoas do gênero oposto.

O problema dos “simuladores de namoro” é a de que mulheres também tem as suas preferências sobre os tipos de caras que elas gostam. Sim, eu sei: carro, dinheiro, carreira, terno e fama atraem quase todas as garotas. Porém tem o conteúdo emocional de uma garota em preferir outro tipo de cara, e isso não é programável. Não é a toa que esses “simuladores de namoro” tem mais do que duas garotas para escolher: você é o crítico, você tem o cardápio, você tem o poder da escolha e elas são as peças pré-programadas a reagir (aprovação ou reprovação) ao que você faz. Talvez o Saints Row IV (crítica no blog) mostrou uma maneira eficiente de fazer com que um relacionamento soe “realístico”; convide para transar: se sim, aconteceu; se não, vida que segue.

Já o relacionamento amoroso na narrativa dos videogames geralmente estão presentes ou no iniciozinho (vilão mata a namorada/esposa do protagonista) ou no finalzinho (protagonista resgata a princesa sequestrada pelo vilão).

Vamos considerar que exista “vida após a morte”. Você, como uma mulher morta, gostaria que o seu namorado/marido vire uma “máquina de matar” por causa de você? Provavelmente não. Talvez você queira se vingar, mas não queria que seu companheiro vire um assassino monstruoso. Então, o protagonista não está fazendo aquilo para se “vingar da morte dos entes queridos”, está fazendo porque está puto de ter perdido a sua posse. Ou você realmente achou que se o protagonista matasse  o assassino, ela ressuscitaria?

O último caso dispensa comentário: esse estereótipo é o mais comum dos videogames e está cheio de textos e vídeos feministas sobre isso na internet. O motivo do romance ocupar pouco tempo e no início/final da história é bem simples (além do suposto “romance é coisa de mulherzinha”): não é romance; é prêmio e pura objetificação.

O único game “blockbuster” que eu me lembro em que o relacionamento amoroso era a própria história se chamava Catherine. E o motivo pelo qual não temos mais games desse tipo é porque Catherine era horrível em quase todos os aspectos: péssima jogabilidade, péssima câmera, os quebra-cabeças nem sempre obedeciam de acordo com as regras e a dificuldade era absurda (mesmo se as vidas fossem ilimitadas ainda seria difícil pra caramba).

Vale lembrar aqui que todos os exemplos citados acima foram jogos protagonizados por homens. Mas e em jogos protagonizados por mulheres?

**barulhos de grilos**

Nada! Nem sequer beijo na boca eles tem. Correção: Lollipop Chainsaw teve, mas era no clímax da história. Muitas leitoras vão falar aqui que o principal motivo é de que homens que criam a história acham que “mulher forte e independente” não pode ter emoção. Eu te digo que o motivo é MUITO pior que isso.

Personagens femininas héteros não tem um relacionamento em algum grau porque muitos desenvolvedores criam esses games para homens e eles... acham que os jogadores vão se sentir... desconfortáveis... ao ver a mulher que eles controlam beijarem um homem, como se fosse a mesma coisa que um beijo gay. Tive que hesitar muito ao escrever isso: é muita estupidez. Mulheres controlam personagens masculinos e conheço nenhum relato de alguma que se sentiu “desconfortável” ao ver um beijo, muito menos sexo.

É bem irônico ver uma mídia que coloca cenas de sexo só para dizer que tem maturidade, mas não tem maturidade para colocar uma protagonista feminina beijando.



Observação OFF-TOPIC: Coloquei em um agregador de links um post acusando uma das maiores franquias de games de ter uma ideologia neonazista. Não foi aprovado por "não ter conteúdo relevante". Aposto que se eu tivesse enviado uma foto de uma mulher seminua ele seria aprovado.

12 comentários:

  1. Um jogo protagonizado por uma mulher que tenha beijos seria Beyond Two Souls, ok que você escolhe se quer beijar o cara em questão ou não, mas talvez já seja um bom começo. Apesar disso, é um jogo entre milhares por ae com protagonistas homens, e também você quem escolhe se quer ou não que a protagonista beije.
    Alias, seria interessante ver um game onde você controla um cara e de repente descobre que o seu companheiro de equipe, se pá o personagem pra co-op é o namorado/marido dele. Só queria ver a cara dos jogadores quando ele desse um beijo no outro, uma vez que um (ou dois) dos estereótipos de protagonista (homem-branco-hetero) fosse quebrado.

    Eu gosto bastante da história de Catherine, já que podemos escolher várias atitudes para o protagonista, mas realmente a parte dos quebra cabeças pode ser frustrante[apesar desse problema, eu gostei bastante, uma vez que adoro jogos que desafiam meu raciocínio, por mais defeituoso ou dificultoso que ele seja, mas dai isso já sou eu e meu gosto~]

    Esses simuladores de namoro seriam aqueles jogos japoneses? os tais visual novels? Porque ele é o unico tipo de jogo que me vem a mente quando se fala disso, e tambem, o unico tema que vem é protagonista feminino que tem varios carinhas cortejando, ou yuris. Há um que me assustou muito quando vi, um tal de Diabolic Lovers,tem o anime, mas que parei de assistir porque tava muito bullyng contra a garota, e depois de ler sobre o jogo, onde uma menina conta com spoilers sobre cada relacionamento, o negocio é doentio o suficiente para ter uma suposta cena de estupro >_> e isso é jogo para meninas... mas enfim, eu acho que divaguei muito nesse comentário xD

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nyu-chan,

      É apenas uma questão de tempo para aparecer um "indie" que tenha um "plot-twist" sobre relacionamento homossexual, apesar de "Army of Two" ter um forte indício que aquele bromance seja "algo mais". Vai que rola naquela franquia?

      A história de Catherine era algo muito diferente de outros games, isso pode ter certeza; porém as "várias atitudes" estão lá mais para forçar o jogador a ter que jogar de novo para ver os finais diferentes do que realmente algo que mude em algo a jogabilidade. Quando eu falei que "o quebra-cabeça não funcionava" eu estava falando especificamente da regra que dizia "se um bloco tiver em contato com outro bloco em pelo menos uma aresta, ele não cairá", porém no jogo ALGUMAS VEZES ele caía e em outras não. A dificuldade realmente impedia quem nunca jogou videogame antes ou joga raramente, já que a premissa narrativa é típica de um "art game" (e os controles de um SNES).

      Em grande maioria eu estava me referindo aos simuladores japoneses porque é o único lugar do mundo onde esse gênero faz sucesso comercial. Tem muitos direcionados para mulheres também. Eu citei os "simuladores de namoro" no texto porque muitos dos homens que reclamam de "friendzone" acham que os relacionamentos funcionam da mesma maneira do que de um simulador de namoro (mimar a garota, presenteá-la e stalkear) e reclamam quando não dá certo.

      Excluir
    2. Só ouvi muito por cima de Army of Two, já que jogos de tiros desse molde me saturaram, mas enfim.

      Gosto de jogos indies por esse motivo: você tem um enorme leque de opções para criar um jogo,sem ter aquela pressão das grandes franquias encima. Pelo menos é essa visão que eu tenho.

      Lembro daquela materia que vocês fez tempos atrás, talvez fosse interessante linka-la na matéria, dando um suporte no paragrafo dos simuladores. Só uma sugestão ;)

      E boa páscoa o/

      Excluir
  2. Sobre jogos de relacionamento, há os otome games que são basicamente isso: simulação de namoro onde vc é a protagonista em alguma situação e conhece uma penca de rapazes. Infelizmente eles não recebem o devido investimento e são apenas visual novels.

    A coisa boa é que esse tipo de jogo requer MUITO cuidado para jogar. Você pode estar interessada no rapaz X mas, dependendo das suas atitudes, acabar "pegando a rota" do rapaz Y. Sem falar nos finais. Uma atitude errada e você pode acabar com o final ruim, ou não.

    Mas infelizmente (suspiro) é difícil achar um bom jogo Otome. Além de poucos serem traduzidos (e quando são, são traduzidos por fãs. Mas são jogos com roteiros IMENSOS), muitos deles usam o machismo como romance. Quando eu vejo que isso acontece, dispenso o jogo na hora. Ultimamente esses jogos otomes andam se resumindo à meninas sem nenhuma personalidade que DE REPENTE~~ vão parar em algum lugar onde tem uma dúzia de rapazes inacreditavelmente bonitos e perfeitos (cofcofSó são machistas!cofcof) e aí... É, o de sempre.

    Eu joguei o Second Reproduction, onde a protagonista é uma princesa militar em missão contra um Lorde Demônio. São três rotas opcionais, com o Lord, o cavaleiro fiel e o ajudante do Lord. Fiz as rotas dos dois primeiros e foi divertido. A terceira envolveu uma cena de estupro e eu parei de jogar na hora.

    Uma série famosa é Alice in the country of Hearts (são uns cinco ou seis jogos) com rotas diversas e uma boa protagonista. Pena que só tem em japonês e eu estou em época de vestibular e não posso ir estudar outra língua no momento. Mas o que tem de guria que aprendeu japonês SÓ para jogar esse jogo... Chega a ser inacreditável!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ana Clara,

      Eu estou impressionado de saber que esse gênero é muito apreciado entre as mulheres. Eu acredito que o fato de ser único lugar onde a mulher pode tomar a iniciativa no relacionamento sem ser taxada de "vadia" ou "rodada" por outras pessoas seja o principal motivo de fazer sucesso entre as mulheres.

      Eu citei os "simuladores de namoro" no texto porque muitos dos homens que reclamam de "friendzone" acham que os relacionamentos funcionam da mesma maneira do que de um simulador de namoro (mimar a garota, presenteá-la e stalkear) e reclamam quando não dá certo.

      Excluir
  3. Nao posso opinar sobre simuladores de namoro ou coisas do tipo pois nunca tive contato nenhum com esse tipo de programa. Na verdade, como sempre fui mais ligado a games antigos nao tenho familiaridade com conteudo sexual explicito nessa midia.
    Mas gostaria de opinar sobre o que torna um jogo "adulto".O fato é que videogames nasceram, comercialmente, como brinquedos feitos para crianças. Interessante é ver a evolução etária nao apenas dos jogadores mas também dos jogos atravez das gerações de consoles. No caso dos jogos de computador é necessaria uma análise diferente.
    Até a terceira geração de consoles (NES, Master System, etc) os videogames eram declaradamente voltados ao publico infantil. Havia violencia, sem sombra de duvidas como em Contra ou Double Dragon mas ninguem jamais suporia que tais titulos fossem considerados adultos.
    Então, ao nascer da quarta geração surge uma enxurada de games ULTRA-VIOLENTOS. Mortal Kombat o mais famoso mas acompanhado de uma galera: Killer Instinct, Primal Rage, Eternal Champions e por ai vai.
    O ponto interessante é: Mortal Kombat e cia são adultos? O quem tem de adulto ali?
    NADA, apenas um monte de cranios arrancados e violência poser.
    São jogos voltados para uma classificação etária ligeiramente maior que a dos jogadores de terceira geração. Para um garoto de 13/14 anos era o maximo ver aquele sangue na tela, um gostinho de vida adulta. Algo como aqueles cigarrinhos de chocolate (você pegou essa época?). Apesar de trazer na caixa um vistoso Rated M, foram criados para moleques.
    Jogos com tematicas verdadeiramente mais adultas surgiram apenas na quinta geração e ainda assim foram pouquissimos. O PSX trouxe alguns: Silent Hill, Xenogears, Metal Gear Solid. Mas a lista não se estende muito. Para esses jogos serem compreendidos como um todo é necessaria certa maturidade intelectual e emocional. Eu lembro que zerei Silent Hill aos 13 anos. Pesado demais pra mim, demorei anos para pescar toda a complexidade moral e emocional do titulo.
    Games como a série Resident Evil e outras apenas seguiram a tendência, trouxeram muita violencia e um gradual aumento da maturidade e complexidade. No fundo ainda era entretenimento juvenil, embora um pouco mais complexo que o de quarta geração (talvez 16/17 anos).
    Então veio a gloriosa sexta geração e nos trouxe os peitos virtuais em God of War e similares recheados ainda da boa e velha violência.Teriamos então atingido a maturidade gamer?
    No meu ponto de vista não. O que esses tipos de games trazem nao difere muito do que nos trouxe MK com a diferença da inclusao de sexo.
    A sexta geração seguiu a tendencia. Eu diria que sua faixa etária predominante é de 21 anos (quando eu digo predominante me refiro a complexidade dos games e não a faixa etaria media dos jogadores). Subiu um pouco em relação a geração anterior mas a inclusão do sexo não contribui nesse processo.
    Por isso digo que a presença do sexo não torna o game "adulto", muito pelo contrario. Acho isso meio forçado e muito poser. Alguns casos talvez se justifique, não sei.
    Acho que nesse contexto muitos filmes também tem senas de sexo totalmente desnecessarias, Fan Services, como diriam os otakus.


    ResponderExcluir
  4. Desculpe, sei que ja escrevi demais mas gostaria de acrescentaralguns pontos.
    Devemos ter cuidado ao classificar um game como adulto ou infantil com base apenas na quantidade de violência e sexo.
    Jogos com tematica adulta, ou seja, aqueles que exigem maturidade emocional dos jogadores, continuam escassos. God Of War ainda recebe uma colher de chá pois o enredo é verdadeiramente pesado. O tipo de game que eu nao deixaria meus filhos pequenos jogarem.
    O que me entristesse é que na sétima e agora oitava geração, aparentemente a faixa etaria média para se comprender plenamente um game nao evoluiu. Os games travaram nos 21/22 anos.
    Gostaria de explicar as diferenças desse processo entre consoles e PCs mas ja me extendi demais no seu espaço.
    Só gostaria de acrescentar que de cabeça me lembro de um jogo Blockbuster ( e bota Blockbuster nisso) onde o amor era a peça central do roteiro: Final Fantasy VIII.
    Não sei mais como a série é hoje em dia masantigamente cada jogo tinha uma temática diferente (amizade, lealdade, essas coisas) e no oitavo capitulo foi o amor entre Squall (um FDP chato pra caraleo) e Rinoa (uma lindinha). claro, a trama tinha muito mais coisas mas é basicamente uma hístoria de amor. Nao apenas isso, mostra o poder transformador do amor sobre as pessoas (no caso torna o protagonista um cara menos cretino).
    Se gosta de bons e velhos RPGs japoneses e nunca jogou eu recomendo, é um jogão

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hendrix,

      Nunca peguei em cigarrinho, nem mesmo de chocolate.

      Resident Evil nunca teve maturidade intelectual, apenas fingia ter. O 4 é o melhor porque simplesmente estava ciente que era imaturo. O 6 é a epítope do "survival horror", tentando agradar todos os públicos alvo de uma vez, com o medo de não vender: explosões, peitos, QTEs, armas de fogo, histórias (mas nem tanto), multiplayer, cover-base...

      Apenas o God of War 1 tinha o enredo pesado porque ele era uma típica tragédia grega (estou me referindo ao tipo literário). Os outros dois se resumiam a "mate os deuses restantes", sendo que cada consequência que Kratos sofria pelos atos cometidos, ele redirecionava a sua raiva para Zeus.

      "Faixa etária média para compreender um game"... Você quis dizer "idade mental"? Só uma curiosidade: a faixa etária méida de um "gamer" é de 30-40 anos de idade.

      Bons e velhos JRPGs? Sabia que era você, Charles Xavier! Kkkkkkkkkkkk

      Excluir
    2. Então, Igor, a idéia é mais ou menos essa mesmo, "idade mental". Mas acho esse conceito um tanto subjetivo e bem elástico. Mulheres por exemplo amadurecem bem mais rapido que homens, então elas podem desenvolver a capacidade de absorver todas as nuances de um game mais cedo que os homens.
      Mas nada impede que um determinado rapaz de uns 16 anos consiga compreender plenamente um game como Xenogears ou ICO.
      Mas esse meu comentário gigante foi só pra mostrar que a introdução de violência e sexo não tornam o game "adulto". Em muitos casos esses temas são usados apenas como chamariz para atrair garotos que querem se sentir adultos.
      Os jogos são deliberadamente feitos para jovens, mesmo que a faixa etária media do jogador atualmente seja de adultos.
      Não é exclusividade da industria gamistica, no cinema pra cada filme do naipe de "No Country for Old Men" direcionado a adultos lançam dez tipo "Transformers" para jovens, mesmo que grande parte do publico seja adulta.
      Não acho que isso seja um defeito, direcionar jogos para os jovens ajuda a universializar pois não exclui nem jovens nem adultos mas sinto falta de games com maior complexidade moral/emocional (games assim existem mas são poucos)
      E fiquei pensando no fato de ser raro ver uma protagonista feminina beijar em um game. Minha visão pessoal, a questão envolve mais um lado paternal do que o medo de um "beijo gay". Machismo do mesmo jeito. Jogos tendem a nos fazer gostar de muitas personagens como se fossemos responsaveis por elas. Por isso marmanjos choraram com a morte de Aerith em FFVII e com os triste destino de Lisa Garland em Silent Hill.
      Então, nos sentindo responsaveis, resistimos a ve-las se entregando pra algum cafajeste.
      Sei lá, posso estar muito enganado e o beijo seja tabu pelo motivo que você falou mas quando eu era moleque sempre tive a impressão que meus amigos, assim como eu, se sentiam mais responsaveis pelas personagens femininas.
      Quanto a God of War, só joguei o primeiro mas era emprestado e tive que devolver antes de terminar. Não é uma história difícil mas é pesada, não da pra negar.

      Excluir
    3. "A introdução de violência e sexo não tornam o game adulto" FATO.

      Hoje em dia, os games de console tem apenas um tipo de público alvo: homem branco hétero cis de 30-40 anos de classe média alta ou superior. São adultos que tem mentalidade de adolescente. O problema não é "atrair jovens", mas sim "espantar as crianças". Sexo e violência não torna o game adulto, mas espantam as crianças. Hoje, se as crianças quiserem jogar algo feito para elas no console tem que ser da Nintendo ou ficar no Sonic (principal motivo de, apesar de estar uma porcaria, ainda vende muito).

      A situação dos games hoje lembra muito a dos HQs na década de 90: as editoras maximizavam seus lucros colocando sexo e violência só para se dizer "adulto" e as crianças acabaram migrando para os mangás. Hoje é muito difícil convencer uma criança a ler HQ que não se pareça com um mangá (turma da mônica teve que mudar o seu estilo para continuar no mercado). Os super heróis das HQs só estão conhecidos hoje por causa dos desenhos animados e filmes porque quase não se vende HQ hoje por causa dessa mentalidade de 90. Videogames está seguindo esse rumo, infelizmente.

      Eu não estou querendo dizer que não falta games com complexidade moral/emocional. Faltam. E muito. O que estou querendo dizer é que você pode fazer isso sem ignorar por completo o público infantil, que podem virar adultos que consomem games.

      Transformers... é engraçado que vivemos na época em que um filme de "carro que vira robô", algo infantil, tenta ser adulto enquanto um filme com deuses nórdicos, algo "fodão", é completamente viável para crianças.

      Sobre o machismo em questão, eu tinha lido eu uma notícia que a Capcom exigiu que a Dontnod (estúdio que fez "Remember Me") não colocasse a protagonista de seu game beijando um homem, alegando que seria "esquisito". A frase em questão:

      "You can't make a dude like the player kiss another dude in the game, that's going to feel awkward".

      Porém, a teoria do paternalismo também é válida, considerando que demos mais liberdade ao homem, assim como maioria dos pais deixariam os filhos sairem de casa, mas as filhas tem que "se dar valor" e ficar em casa. Falei do "beijo gay" principalmente por causa desse episódio citado.

      Excluir
  5. Um jogo que me decepcionou bastante (e é excelente), é o Bayonetta. Tudo muito lindo, muito legal, até que um dos golpes dela é tirar a roupa. Masquediabos?? Oo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Raven,

      Um dia eu vou escrever um post sobre "Bayonetta"...

      E esse dia está próximo...

      Excluir