quarta-feira, 30 de abril de 2014

Pirataria

Eu deveria ter escrito isso antes.



Eu sei que blogueiro brasileiro que fala de games mas nunca tocar no assunto de pirataria parece coisa de “poser”. Desde Santa Ifigênia a Uruguaiana, a pirataria está tão presente no mercado de games brasileiro que algumas vezes são considerados o próprio mercado.

Demorei a tocar no assunto porque a minha opinião no assunto é extremamente impopular. Como alguém de posição centrista (centro-esquerda, segundo a Veja), é normal levar pedrada dos dois lados, principalmente nesse assunto. Então, com muita hesitação, vou dar a minha opinião sobre o assunto (como é assim com todos os outros posts do blog). Vou começar falando para as editoras/estúdios/distribuidoras.



Queridas editoras/estúdios/distribuidoras:

Não é legal você ficar punindo os seus consumidores. Ficar colocando DRM (obrigatoriedade de ficar online para jogar), passes onlines e algumas restrições dentro de seu game/filme vai dar a impressão de que você não confia nos consumidores. E, acima de tudo, os piratas são capazes de burlar isso em um dia, e se vocês tiverem sorte, em uma semana.

Eu sei que o futuro está “nas nuvens” e que tudo será digital, mas nós não estamos no futuro. Ainda tem muita gente que não tem uma boa conexão e muito menos acesso à internet. Tem muita gente que não quer jogar online.

A pior estratégia de combate a pirataria é declarar guerra aos piratas e bater de frente com eles. Isso cria um desafio para eles. E piratas ADORAM desafios. Todo sistema tem um jeito de ser burlado, sempre tem um jeito de escapar de qualquer sistema antipirataria e esse tipo de gente sempre existirá. A sua sorte que essas pessoas são uma minoria quase irrisória.

A melhor estratégia de combate a pirataria é fazer com que seu produto seja mais acessível comprando do que roubando. Seja no preço e seja também no processo de compra. Como vocês pretendem vender se colocam tantas restrições se a opção pirata você consegue com alguns cliques E ser de graça?

Essa estratégia é viável, sim. Eu já vi isso acontecer. Não foi a Napster que destruiu a indústria da música: foi o iTunes. Na época, os consumidores estava putos por ter que comprar um disco inteiro e sobrevalorizado só para ouvir duas músicas. A solução óbvia seria vender cada música individualmente a um preço justo, e não necessariamente liberar geral (por isso que a Napster foi legalmente e corretamente derrubada).

Tem vários aplicativos baixáveis na internet, tipo Netflix, que te dão uma enorme variedade de filmes e seriados via streaming e eles te cobram apenas uma assinatura mensal por ter acesso ilimitado, uma solução muito melhor do que cobrar individualmente. Independente disso, sempre terão cinéfilos que comprarão cópias físicas de filmes, portanto não precisa se preocupar com isso.

Até os games têm o seu serviço de downloads. A Steam tem uma variedade imensa de games e tem alguns com preços bem acessíveis. Todo dia, vários dos games da Steam que já tem preço baixo entram em promoção com descontos absurdos. E esse sistema tem 75 milhões de usuários ativos, uma base de fãs que deixariam qualquer console com inveja.

Portanto, sejam legais com os consumidores que eles serão legais com vocês. A grande maioria deles preferem pagar pouco e ter a segurança de estar na legalidade do que não pagar.

Dito isso, vou para a parte mais difícil...



Queridos consumidores:

Só tem dois motivos legítimos de usar algo pirata: se o produto em questão não tiver como obter por meios legais aonde você mora (seja porque a empresa faliu ou porque ela não quis disponibilizar) ou se a distribuidora em questão “mutilou” o filme para a região onde você está (leia-se só tem filme dublado aqui).

Pode ficar tranquilo: quando algum filme/game/série/música é feito, os autores gostam que tenham pessoas para consumir, para ouvir, ver ou jogar. Eles gostam de saber que as pessoas pirateiam a sua obra em um lugar onde não está disponível legalmente: é uma satisfação pessoal.

Tirando essas duas hipóteses, não é justificável usar produto pirata. É crime, está errado e você está danificando os autores da obra em questão. E vou desmontar qualquer argumentação que tente “justificar” a pirataria agora:

"Caiu na net, é de graça!"

Dizer isso é o mesmo do que falar que roubaria uma loja se o vendedor não estar lá. É uma afirmação completamente infantilóide. E, nos dias de hoje, tem muita gente que depende da internet para exercer o emprego e ganhar dinheiro. Se algo ainda não está regulamentado não significa que está tudo liberado.

“Não é uma cópia física, portanto eu não estou impedindo alguém de comprar!”

Você pode não estar impedindo alguém de comprar, mas está impedindo que jogos e filmes parecidos com estes sejam criados. Quando você compra algo, você não está apenas tendo o direito de consumir mas também está votando positivamente para o produto em questão.

Existem vários games parecidos com Call of Duty e Candy Crush porque estes fazem sucesso. Tem vários livros parecidos com Crepúsculo e Harry Potter pelo mesmo motivo. Acho que já deu para entender.

“É muito imposto!”

A indústria e o comércio de games do Brasil ADORAM falar que o motivo dos altos impostos nos games se resumem a serem classificados como “jogos de azar”. Esqueçam essa besteira. Jogos de azar são proibidos no país (decreto-lei 9215/46). O Palácio Quitandinha, em Petrópolis, ainda seria um hotel-cassino se não fosse por isso.

Games tem muito impostos porque são classificados como entretenimento de luxo. E são mesmo. Para ter um Xbox360/PS3 ou algum da nova geração, é preciso ter vários pre-requisitos (eletricidade, TV, internet), e quem tem provavelmente tem um PC também (por isso os games de PC são mais baratos).

A culpa de ser um entretenimento de luxo não é do governo; é da Microsoft e Sony por enfocarem em fazer “gráficos bonitinhos”, algo que tem muita despesa, e enfocarem em um público-alvo que tem muito dinheiro. Se ao menos os games de console fizessem games mais acessíveis ao público, os impostos seriam mais generosos.

OBS: Eu concordo que “os impostos para games são altos demais”, porém eu não posso concordar em “compensar” esse imposto em um produto essencial (comida) ou no valor irrisório em que muitas das pessoas que usam esse mantra acham “justo”.

“Eu não vou dar dinheiro para um governo corrupto!”

Não comprar algo não impede que tal obra seja sobrefaturada. Todo ano, o governo faz um orçamento público federal do dinheiro e ele é distribuído nos setores como educação, saúde e infraestrutura. Essa divisão do dinheiro é definida por lei e é constitucional. Não importa se no ano em questão tem Copa do Mundo, Olimpíada ou a Marcha da Família com Deus, o dinheiro para saúde e educação tem a mesma porcentagem da arrecadação. E as obras públicas em andamento já tem orçamento definido desde o início delas.

Seria muito mais inteligente proibir doação privada de campanha e incentivar política de combate ao corruptor como método de diminuição da corrupção do que simplesmente diminuir a arrecadação.

“Essa editora/estúdio/distribuidora é gananciosa!”

Eu sei que é “bonitinho” fazer boicotes, mas esse tipo de atitude não apenas tem efeito nenhum, como algumas vezes têm o efeito oposto ao desejado. Como assim? Vou exemplificar:

Activision é uma distribuidora de games conhecida por ser a responsável por Call of Duty. O público que não gosta de Call of Duty detesta a Activision por fazer tal game em questão. Um dia, Activision aceitou distribuir um game feito pela desenvolvedora Bizarre Creations chamado Blur, que era basicamente um Need for Speed com power-ups de Mario Kart. Blur tinha os seus problemas. Quando o público descobriu que era distribuído pela mesma empresa de Call of Duty, eles resolveram boicotar o game em questão.

Resultado: O game não vendeu bem, a Activisoin ainda fechou o ano com lucro graças a Call of Duty e a Bizarre faliu por não conseguir cobrir as despesas. A moral da história, para a Activision, era de que ela não pode investir em games mais ambiciosos e de que seria melhor ela continuar em games que estimulem a “mesmiçe”. Ou seja, o efeito oposto desejado dos boicotadores.

Eu não estou falando para apoiarem tudo que está por aí, seria uma loucura. O que eu estou querendo dizer é que o apoio ou desprezo deveria ser para os autores dos livros, diretores dos filmes e desenvolvedores dos games, porque toda arte depende de seus autores e essas empresas são apenas investidoras desses artistas. Falando nisso...

“Os direitos autorais só defendem a elite!”

Eu entendo esse sentimento. A justiça, no mundo de hoje, sempre defendem o interesse de uma elite financeira e sempre foi muito rigorosa com o resto da população. Porém essa acusação é falsa e eu vou te dar três motivos:

O primeiro motivo é de que os direitos autorais são o ganha-pão dos artistas iniciantes e amadores. Sem grande visibilidade, eles vendem o que tem para sobreviver. Críticos de cinema e de games ganham seus salários basados nos seus pageviews e na publicidade de seus sites. Não é a toa que um crítico fica PUTO quando alguém copia e cola os seus trabalhos: é um plágio.

O segundo motivo é de que ele previne que péssimas obras sejam plagiadas. Graças aos direitos autorais, apenas a Summit está autorizada a fazer filme do Crepúsculo. Sem isso, todo mundo estaria fazendo filme do Crepúsculo. Mesma coisa em relação a Paramount e Transformers. Seria um pesadelo, né?

E o terçeiro é que, com essa lei, obriga os autores a fazer algo diferente. Star Wars, o maior ícone da “cultura nerd” existe apenas porque George Lucas não conseguiu direitos autorais para filmar Flash Gordon. Mario, o maior ícone dos games, existe apenas porque a Nintendo não conseguiu os direitos do Popeye. Viveríamos em um mundo muito diferente e bem menos diverso.

E considerando que você tenha encontrado uma lâmpada mágica e desejado ao gênio acabar com os direitos autorais, a Disney ainda encontraria um jeito de ter Mickey Mouse como seu símbolo. Acabar com os direitos autorais não é a solução.

“Eu não tenho dinheiro para comprar!”

Entretenimento não é comida para ser essencial para a sobrevivência humana. Você vai aguentar muito bem sem aquilo. Se você tem um Xbox360/PS3, provavelmente você tem dinheiro para comprar os games. Considerando na remotíssima hipótese que não tem dinheiro, dá para muito bem jogar com as demos e jogos gratuitos oferecidos pela XBLA/PSN (serviço online dos consoles) por, pelo menos, dois meses.

“Os videogames são conhecidos no Brasil graças a pirataria, seu elitista canalha!”

Com o preço oferecidos pelos piratas, videogames tornaram-se um hobby viável para uma grande parte dos brasileiros. O elitista aqui não sou eu: já falei que adoraria que os games tivessem um maior público. O elitista em questão são as desenvolvedoras dos games, que insistem em vender o seu produto para um público-alvo muito restrito.

“O produto em questão só estará disponível aqui semana que vem. Portanto eu poderia piratear, né?”

Tenha paciência. Pelo menos ele estará disponível. Enquanto isso, que tal fazer uma outra coisa? Sei lá, estudar, ler um livro, sair com os amigos. Enquanto isso, vou fazer a minha parte e voltar aos meus estudos.

11 comentários:

  1. Ih tem mamilos neste post.

    Eu leio muuuuito e-book. Baixados gratuitamente na internet. Trabalhei numa livraria faturandk os livros físicos. Então imagine meu ódio de saber que a série Game of Thrones, por exemplo, é fabricada na China, por 8 cents cada edição, vem pro Brasil sem cobrança nenhuma de impostos, pois livro é o único produto de entretenimento que é isento, e é vendido (tabelado) por 70, 80, 100 reais? Tou errada, verdade, mas pqp! O senso de injustiça é muito grande. E os ebooks vendidos, mesmo cobrando royalties, e tudo o mais, tb são caros pra caramba!

    É complicado.

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    1. Ah, eu esqueci de mencionar que as vendedoras gostam de colocar os preços no alto para aumentar a margem de lucro e culpar os impostos pelo preço. A Sony fez isso com o PS4 e o pessoal aceitou a "desculpa".

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    2. NEM. ME. FALA.

      Minha mãe tem uma amiga com cartão internacional. Como elas são super miguxas, perdi a vergonha na cara e fui pedir o cartão dela para comprar o artbook de um jogo. Ela deu OK, desde que eu pagasse. NO PROBLEM!

      Pedi e a brincadeira toda somou $45. $20 no artbook e $25 só de frete. Ouch.

      Chegou e eu chorei as devidas lágrimas de felicidade por ele. Na época eu gastei praticamente todas as minhas economias só nisso e fiquei pensando "Poxa vida, R$40 não é tão caro. Eu poderia comprar um por mês..." e fui no site da Saraiva ver alguns artbooks disponíveis no Brasil.

      (sim, o meu eu pedi de fora pq ele simplesmente não tem em nenhum lugar no Brasil)

      Mas eis que me dou com umas cacetadas de R$140!!! GENTE???? Qual a razão disso?! É muita ambição! E justamente como a Raven falou, livro não é tributado! Tá, tem o frete e o preço lá de fora, mas custar R$140?? E os livros de artes (coleções de Michelangelo, Leonardo da Vinci) custando R$700? Socorro!

      A melhor solução que encontrei foi comprar pelo Mercado Livre. Lá tem um pessoal (que eu confesso considerar meio doido) que vende seus artbooks por R$60, em média. Como eu não me importo de usados em boas condições, bem satisfaz as minhas necessidades.

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  2. Vish, lá vou eu me colocar na cruz.

    A história é a de sempre: meu irmão e eu sempre tivemos um ps2. Com jogos piratas, claro. Um dia, chegamos ao meu pai e declaramos "Queremos um PS3, pai. Não tem mais nada para jogar no ps2!". Meu pai, quase um sábio, nos declarou "Tudo bem. Juntem suas economias. Eu completo o resto. Mas só compro se sua irmã conseguir piratear o ps3."

    Oh shit.

    Sentei no pai Google por alguns minutos e vi tutoriais daqui e dali para ver \comofaz. Não julguei tão difícil e falei 'oh ok, podemos comprar.' Compramos um desbloqueado com alguns jogos dentro. E ficamos uns bons três meses só com esses jogos, pq eu sambei lindamente na hora de colocar os primeiros jogos lá dentro.

    (Atualmente com as novas custom firmwares, é bem simples. É praticamente só jogar os arquivos dentro do PS3, mas houve um tempo que era mais fácil transformar água em vinho)

    O primeiro jogo que consegui colocar para rodar foi Little Big Planet na noite de ano novo (sendo que compramos o ps3 em julho). Praticamente me joguei da janela da cozinha na rua de baixo, de tanta felicidade. Com o tempo, o conhecimento que eu adquiri com o ps3 foi uma coisa de bem louco. Sabia onde colocar os arquivos, para quê cada arquivo servia e o que ele fazia rodar, como deixar um arquivo mais leve ou um jogo mais leve para que não travasse tanto na hora da jogatina... Enfim, foi uma escola.

    Tenho amigos com ps3s originais e que só compram jogos originais e que me julgaram terrivelmente. A primeira coisa que me falaram era que eu não ia aproveitar o online (jogar online corre o risco de banimento permanente da psn e de ainda travar o seu console, pois ele pode atualizar automaticamente)

    Não me faz falta, de verdade. Não quero sair deprimida por ter sido aniquilada por umx gurizinhx de 7 anos no Street Fighter IV.

    Depois me falaram que eu não tinha acesso às DLCs. E bem, eu tenho acesso às DLCs, basta baixar e ativar o arquivo certo na pasta certa. Chupa Capcom.

    Depois foi um "Ah mas vc está ajudando a falir a indústria de games!"

    Por um momento isso me pegou, pois eu fico muito triste pelos desenvolvedores. Pelo pessoal que soa a camisa para fazer o game e tem que pagar as contas no final do mês.

    Aí eu lembro das GRANDES empresas por trás de tudo e.. Não me sinto tão mal. Trazer o PS4 para o Brasil custando quatro barões é uma piada de extremo mal gosto. Colocar a culpa no governo é me chamar de otária.

    Então, basicamente, como resumo da ópera, eu não me sinto mal em baixar e jogar no console não. Se as grandes produtoras tivessem algum respeito por nós, conversariam com o governo (sei lá, tira os games da categoria de entretenimento de luxo, já é meio caminho andado) e não aproveitariam essa desculpa para jogar tudo que é preço relacionado aos games lá no teto.

    - Oh Ana como vc é uma rebelde política!

    Ah, também não é assim. Eu até compraria games se eles custassem, sei lá, R$70 no seu lançamento e baixasse para R$50 nas semanas seguintes e depois, como preço normal, R$40. Mas ainda naquelas, "talvez". Cada jogo novo tem uma trava diferente e é uma aventura diferente na hora de fazer ele funcionar :B

    - Nossa Ana, como vc é focada no seu aprendizado!

    Também nem tanto. Esse dinheiro gasto em games inevitavelmente faria falta em N áreas da minha vida.

    Mas, de coração? Eu gostaria muito que fosse um entretenimento mais acessível. Muito mesmo.

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  3. "Você pode não estar impedindo alguém de comprar, mas está impedindo que jogos e filmes parecidos com estes sejam criados. Quando você compra algo, você não está apenas tendo o direito de consumir mas também está votando positivamente para o produto em questão."

    - Que despautério você disse. Além de ter utilizado termos incorretos, quis transforma-los em base de suporte para seu argumento.
    Quando uma pessoa baixa um produto sem compra-lo, não está impedindo que novos sejam criados, apenas não está CONTRIBUINDO para futuros investimentos. Impedir e não contribuir são duas coisas cujo significado é disparado.
    Além do mais, votos positivos para um produto podem ser feitos através de outras formas, como propagação e até mesmo distribuição, visto que isso aumentará a visibilidade e consequentemente o consumo. Sem contar que quando uma pessoa baixa um produto, ela não fica isenta ou proibida de comprar e apoiar os criadores, e você não pode obrigar uma pessoa a querer apoia-los.

    "O primeiro motivo é de que os direitos autorais são o ganha-pão dos artistas iniciantes e amadores. Sem grande visibilidade, eles vendem o que tem para sobreviver. Críticos de cinema e de games ganham seus salários basados nos seus pageviews e na publicidade de seus sites. Não é a toa que um crítico fica PUTO quando alguém copia e cola os seus trabalhos: é um plágio."
    - Mas como você é ingênuo.
    Primeiramente, compartilhar o trabalho de artistas iniciantes GERA visibilidade, o que engendra oportunidades para shows, eventos, consumo e promoção. Sendo assim, é DESEJÁVEL para artistas iniciantes que consumidores compartilhem livremente seu trabalho, porque isso os promove nacional e até mundialmente.

    Para finalizar, a única coisa que dá direito ao dinheiro para uma pessoa é uma venda. Se você não vendeu, é irrelevante saber se você foi pirateado ou não, você não tem direito ao dinheiro. Simples assim. Um artista é um investidor como qualquer outro, e investimento implica riscos e consequências, e é dever do próprio artista saber lidar com os mesmos.
    Se um determinado ramo da indústria foi engolfado pela pirataria, não é dever dos consumidores se adaptar, é dever da própria indústria. Você NÃO tem direito ao lucro, você NÃO tem direito de investir novamente. No entanto, as pessoas têm o direito de compartilhar aquilo que lhes pertence. É dever de cada empresário encontrar um modelo de negócios que o permita lucrar sem que ele intervenha nas liberdades civis de outros indivíduos. Se um empresário não consegue lucrar, que deixe o mercado. Simples assim.







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    1. -Apesar do termo "não contribuir" ser mais apropriado para o momento, "impedir" não está errado, já que com o fracasso de vendas do filme "Scott Pilgrim", a Universal Studios deixou de investir em outros filmes de aventuras fantásticas, como por exemplo o projeto do Guilhermo del Toro de fazer um filme baseado no livro "Nas montanhas da loucura", de HP Lovecraft. Eu não estou obrigando as pessoas as consumirem porque, apesar de soar autoritário, eu entendo que as pessoas podem não ter renda ou estar em uma conformidade para não arriscar algo muito diferente.

      -A estratégia de compartilhar o trabalho livremente pode ser uma boa estratégia para conseguir alguma visibilidade, mas não é uma fonte de renda. Vai ter que depender de doações para sobreviver, infelizmente, já que no mundo em que vivemos é preciso de dinheiro para conseguir comprar, por exemplo, alimentos.

      -Eu coloquei no meu texto falando que a indústria precisa se adaptar a pirataria. Mais precisamente no trecho "A melhor estratégia de combate a pirataria é fazer com que seu produto seja mais acessível comprando do que roubando". Verdade que ninguém tem direito ao lucro e ao reinvestimento e os empresários precisam achar um novo modelo de negócios nesse novo mundo da internet sem que interfira com os direitos dos internautas.

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    2. "já que com o fracasso de vendas do filme "Scott Pilgrim", a Universal Studios deixou de investir em outros filmes de aventuras fantásticas, como por exemplo o projeto do Guilhermo del Toro de fazer um filme baseado no livro "Nas montanhas da loucura", de HP Lovecraft."

      - E desde quando a culpa do fracasso de uma determinada produtora deveria ser colocada sobre os ombros daqueles que não consumiram? Se uma produtora não conseguiu receitas lucrativas, a culpa não é daqueles que não compraram, e sim dela mesma, que não produziu algo satisfatório que pudesse gerar demanda suficiente para recompensar os custos.

      "A estratégia de compartilhar o trabalho livremente pode ser uma boa estratégia para conseguir alguma visibilidade, mas não é uma fonte de renda. Vai ter que depender de doações para sobreviver, infelizmente, já que no mundo em que vivemos é preciso de dinheiro para conseguir comprar, por exemplo, alimentos."

      - O compartilhamento é uma via que possibilita a rentabilidade. Realmente, somente compartilhar o seu trabalho não garante retorno, mas o compartilhamento também não atenua ou debilita a possibilidade de lucro dos artistas, como muitos dizem. Por isso, reforço o que falei: é desejável para artistas independentes que as pessoas compartilhem seus trabalhos, visto que isso gerará maior visibilidade e, talvez, maior demanda, o que possibilitará maior lucro.

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    3. É um porre saber que certos filmes que são pavorosos conseguem enorme aprovação popular (ex: Transformers e Crepúsculo), enquanto tem filmes genuínamente arriscados e bons que não conseguem tanto aprovação popular, como no exemplo de Scott Pilgrim que citei anteriormente. E a própria Universal interpretou que foi erro dela em apostar em algo arriscado e preferiu não arriscar mais. E eu só acho que, como ser humano, eu gosto de coisas diferentes, de aceitar riscos e de coisas que instigam o raciocínio, mas infelizmente a maioria das pessoas preferem a conformidade. Não é a toa que as novelas da Globo tendem a ter o roteiro quase idêntico ao passar dos anos. Sim, eu não deveria culpar as outras pessoas por isso, mas infelizmente é assim que funciona em um mundo capitalista: fazer as obras mais vagas e superficiais para conseguir maior público-alvo.

      A maioria dos artistas que eu vejo hoje em dias colocam alguns trabalhos para serem compartilhados livremente como uma forma de gerar visibilidade e outros trabalhos serem disponibiliados via compra para conseguir renda. Talvez seja a melhor estratégia até agora.

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    4. Olha, discordo em um ponto. Nenhum filme pode ser objetivamente considerado pavoroso, pois a qualidade é medida somente de acordo com as estruturas críticas do observador. Mas em uma coisa eu concordo: a população perdeu a identidade com as novelas da Globo, devido á tamanha estagnação nos roteiros como você mencionou, e por isso, a demanda tem caído progressivamente nos últimos anos e tende a seguir diminuindo.
      Acho que uma obra não precisa ser tão complexa para ser boa.

      O compartilhamento transformou-se em uma estratégia lucrativa para vários mercados destacados que agora abrem as portas para a entrada de novas vozes que dificilmente seriam ouvidas.

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  4. "Entretenimento não é comida para ser essencial para a sobrevivência humana", e o que vc acha nós pobres somos? Animais que devem apenas comer e trabalhar? Não podemos ter acesso a entretenimento e cultura?

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  5. Eu baixo o jogo, faço um backup em DvDs e depois jogar zerar, eu compro na Steam pra contribuir com a desenvolvedora.

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